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Neverland

— Sim Sr. Flyn — encaro-o enquanto procuro algum pano para limpar a sujeira.

— Você acabou de fazer uma sujeira no balcão — ele falou com aspereza — além de tudo, deixou o garoto que está atraindo clientes molhado.

— Se o problema é ele, pode deixar que dou um jeito de consertar isso Flyn. — suspiro — desculpe, Sr. Flyn.

Pego um pano e caminho até Gilbert, com o olhar do dono da lanchonete pousado sobre mim como se me monitora-se para que eu não fizesse mais nada de errado. Odeio quando um erro nos torna fúteis e ridículas, isso era a escória da humanidade, tirar conclusões por causa de um pequeno erro.

— Me desculpe por isso — seco o balcão e lhe entrego um lenço. — se quiser, tem uma lavanderia aqui do lado e eu posso pagar para lavarem sua calça.

Gilbert me encara com deboche, além de passar por tamanha humilhação, tenho que aguentar as gracinhas dele.

— Só desculpo com uma condição — ele sorri.

Reviro os olhos e volto a olhá-lo.

— Contanto que isso não impeça suas vindas aqui, não vejo problemas, Blythe.

— Hmmm — Roy soltou em meio a um burburinho.

— Oh — digo cínica — isso não é por mim, é por meu chefe. — me inclino a ponto de estar próxima de Gilbert — ele acha que você é o motivo da lanchonete estar cheia hoje — falo baixinho para que só ele escutasse.

Ele morde o lábio inferior e estende a mão para mim como se fosse um trato.

— Certo, eu te perdoo Anne Shirley, e não precisa pagar o prejuízo — ele aponta para a calça manchada — falar com você já deu um toque mais doce ao meu dia. 

— Imagina só se Winifred Rose souber disso — falo com uma pitada de persuasão — ela ficará arrasada.

Roy lhe dá um soquinho no braço como se zombasse do azar dele.

— Você sabe que estou brincando, não sabe?

— Ah sei sim — movimento a cabeça em concordância — você costuma mesmo ser bastante brincalhão. Enfim, tenha um bom dia.

Ele segura minha mão antes que eu saia.

— Quanto deu?

— Por hoje posso dizer que nada, afinal, a única coisa que aconteceu foi uma mancha horrorosa na calça.

— Devo agradecer?

— Faça como quiser, até breve, Blythe.

. . .

Me deparar com Gilbert nos corredores do colégio seria constrangedor, mesmo ele ainda não tendo assumido o relacionamento com Winifred, imagina só, ele ser o tal garoto que me deixou hipnotizada durante toda a festa? Depois que eu e o garoto misterioso nos desgrudamos, eu passei parte da noite procurando ele, mesmo não tendo visto sequer sua fantasia.

— Pensamentos aéreos — falou Diana me barrando no corredor — está preparada para o teste?

— Nasci preparada para isso — confirmo — mas você sabe, desde que Winifred se tornou a poderosa chefona eu não tive coragem, ela vai me destruir quando movimentar aqueles quadris sinuosos e perfeitos.

— Eu não acreditaria nisso — minha amiga me encorajou — você é a garota mais falada de Avonlea desde que dançou daquele jeito na pista de dança.

CRUSH - SHIRBERTOnde histórias criam vida. Descubra agora