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Atos marcantes.

— Vejamos, um tornozelo torcido — disse a tia da enfermaria aplicando o gelo bem acima no osso.

— Acredito que foi um salto drástico, mas não tanto para causar qualquer lesão — Gilbert disse convicto.

Seu cabelo estava bagunçado e seu rosto emoldurava uma expressão de preocupação, ele estava com a mão inquieta e acariciava o próprio dorso enquanto aparentemente pensava.

— Obrigada por me trazer até aqui — falo.

Eu estava com a roupa de líder de torcida, um short saia bem curto que deixava bem nítido uma mancha que eu tinha em minha coxa esquerda. Ele não acreditaria em como adquiri ela, seria uma confissão nova e um tanto estranha de dizer.

— O que é isso? — ele aponta para mancha um tom mais escuro que minha pele.

— Quando eu tinha sete anos, eu caminhava em uma das casas que eu morei, foi a primeira na verdade, antes de eu ir para a Sra. Harmmond e depois para o orfanato.

— Sabia que era órfã, mas não sabia que tinha vivido em outros lares...

— A Sra. Thomas era uma excelente pessoa, não a culpo por não poder me criar por mais tempo, o marido dela era um bêbado e bom, fumante, digamos. Enfim, queimei minha perna em uma das bitucas do cigarro dele — ergo os ombros — coincidentemente eu estava dando um belo salto no ar e esbarrei na mesa de centro de sua requintada sala de visitas. Lembro-me perfeitamente da Sra. Thomas correndo até mim com os olhos cheias d'água de desespero, ela me disse: você realmente é uma garota espoleta, como queria que seus pais presencia-se tais aventuras.

— Eu sinto muito — ele fala com um olhar de compaixão.

— Oh, não sinta — lhe lanço um sorriso de consolo — isso não é um peso para mim, nem uma coisa que me afeta, quando o Sr. Thomas morreu ela não tinha mais condições que permanecer comigo, ela foi a primeira pessoa que eu poderia dizer que foi minha família, ou melhor, bem feitora — sinto meus olhos lacrimejarem — ela dizia com convicção que meus pais me amavam.

— Que ótimo que por algum tempo você esteve com ela — ele se senta em uma das cadeiras da enfermaria — bom, adoraria saber mais sobre você, se quiser me contar.

Assim que encho meus pulmões de ar para dar continuidade na história de minha vida, novamente chega a tia da enfermaria com aquele olhar passivo e um sorriso terno cheio de ingenuidade.

— Mas essa conversa deverá ficar para outro momento pois agora Gilbert, está na hora de voltar para a sala de aula — ela permanece nos encarando.

Gilbert se levanta, sem pressa. Desmancha o sorriso doce que se instalava em seu rosto e assente. Repentinamente somos interrompidos por diversas vozes ecoando ao lado de fora, e segundos depois, Billy Andrews cruza a porta com o nariz ensanguentado.

— Oh céus! Quantas tragédias hoje, o que aconteceu Andrews? Metido em mais brigas?

— Não — ele diz puxando um lenço para estancar o sangramento — eu caí na passagem da bola diretamente com o nariz no chão.

Gilbert da uma risada maldosa. Encaro-o como se o repreende-se. Todos sabiam da rivalidade entre eles, apesar de nunca ter sido declarada em voz alta.

— Será ótimo permanecer na enfermaria admirando certas... imagens. — Andrews me lança um olhar ferino.

O moreno se sente certamente provocado, ele passa a mão na nuca como se estivesse prestes a terminar de quebrar o nariz quase quebrado de Billy.

CRUSH - SHIRBERTOnde histórias criam vida. Descubra agora