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Eternamente sua.

— Sabia que isso aconteceria — Petter encarou-me — ele veio até aqui.

— Não só aqui, Petter — contei — ele foi na academia. Mas isso foi coincidência.

Ele balança a cabeça em negação.

— Como assim uma coincidência? E você sequer me disse quando cheguei.

— Acalme-se — peço — olha, eu bati no carro dele e deixei um bilhete no parabrisa, pedindo para que me ligasse ou fosse na academia que eu iria arcar com o prejuízo.

— Anne, eu não tenho problema em saber que ele esteve aqui, ou que esteve na academia e até na casa de seu avô procurando-a. — ele me olha no fundo dos olhos — o meu problema é saber se você corresponde às expectativas dele, porque se for isso, não acho que deveríamos estar juntos.

— Petter, você apareceu na minha vida quando eu estava decaindo, lembra? — faço com que ele me olhe nos olhos — me salvou da escuridão que me invadia quando pensei que tudo estava perdido. E Gilbert simplesmente foi embora sem dizer nada.

No mesmo instante tenho um flashback, uma mensagem a qual esqueci completamente.

"Então, isso é um adeus?"

Eu não respondi a última mensagem de Gilbert.

— Sei disso, mas não posso ficar entre vocês se eu sei que se amam.

— Petter, eu também amo você.

— Eu vou ir para casa Anne, mas antes pense com cautela. Você ama a mim ou é grata?

Sinto o coração palpitando. Ele me dá um selinho pega a blusa na cadeira e se prepara para ir.

— Eu não estou bravo com você, muito menos brigando. Eu só quero saber tudo que vai acontecer, porque quero estar preparado para isso. Está bem?

Assinto movimentando a cabeça para cima e para baixo.

— Eu entendo você.

Minutos depois ele atravessa a porta e vai embora.

Entro na sala rapidamente, com os olhos cheio de lágrimas e me assusto completamente quando vejo Matthew sentado no sofá.

— Eu... Eu... — ele se levanta — eu vou para o celeiro.

— Não! — o impeço no meio do caminho — todas as vezes que estamos passando por situações difíceis você vai para o celeiro — dou um leve sorriso — eu só queria...

Ele vem até mim e me abraça, fico surpresa e choro ainda mais.

— Ouviu tudo não foi?

Ele diz que sim.

— O que eu vou fazer Matthew?

— Dê tempo ao tempo, criança, eu sei que tudo se resolverá.

— Obrigada Matthew, obrigada por servir de consolo nesse momento tão desprazeroso.

— Eu sou o seu pai Anne, é a minha função ajudá-la.

. . .

Saio de casa e caminho até o lago, gostava de ver a correnteza por mais que fosse fraca a maioria das vezes, os sons dos animais me reconfortavam, eu estava em casa e isso era suficiente.

Paro antes de chegar até ele, ao longe consigo visualizar Gilbert jogando algumas pedrinhas da água. Meu coração treme. Ir ou não até ele? Revelar o não o que me afligia?

Perguntar ou não, se eu tivesse respondido sua última mensagem tudo seria diferente?

Sem pensar mais vou até ele, os estalos dos galhos sob meus pés chamam a atenção dele e ele se vira para mim.

— Eu não podia ir sem... — ele seca uma lágrima.

Me aproximo ainda mais, fico estática ao lado dele e juntos olhamos para um casal de sapos - acredito que era um casal - que inveja sentia deles.

— Desculpe fechar a porta na sua cara — falo — estou arrependida.

— Me desculpe ir sem lhe dar adeus. — ele fala — mas você não...

— Eu sei Gilbert, eu não respondi sua última mensagem. E me arrependo muito por isso. Se eu tivesse respondido, você acha que as coisas poderiam ter sido diferentes? Não sei... Estaríamos, juntos?

Ele enlaça a mão na minha. Sinto seu toque quente, imediatamente uma onda de choque percorre por minhas veias. Ele ainda tinha o mesmo efeito sobre mim, poderiam se passar um milhão de anos, pertenceriamos um ao outro, como um casal de gansos.

Mantenho nossas mãos unidas, eu amava sentir o seu toque. Era indescritível tudo que eu sentia, um dicionário inteiro não seria capaz de me ajudar a explicar.

Ficamos defronte um ao outro, ele desliza o indicador em meu rosto, coloca uma mecha de meu cabelo para trás. A lua, as estrelas, o lago, e até o casal de sapos estavam sendo nossa plateia naquela noite, éramos como uma melodia composta pelos mais belos acordes, éramos a mistura do sólido e líquido, éramos almas gêmeas ligadas por milhares de anos. Éramos um do outro.

Ele se inclina para me beijar. E eu não queria recuar, mas eu não podia, simplesmente me esquecer de Petter. Era injusto com ele, com nossa história.

— Eu não posso Gilbert, não posso.

Me desvencilho dele e começo a correr em direção a casa. Sem hesitar, ele vem atrás de mim, me puxa e nossos olhos ficam fixos.

Droga, droga.

Os olhos dele estavam marejados, a respiração estava forte e eu sentia o suor frio em suas mãos. Uma mistura de questionamentos revirava em minha mente.

— Eu não vou desistir de você Anne — ele me dá um beijo na bochecha. — lutarei até esgotar minhas forças.

Dito isso ele segue o rumo, saindo de Green Gables.

Você não precisa lutar Gilbert, eu sempre em qualquer universo, em qualquer constelação, pertenceria a você.




CRUSH - SHIRBERTOnde histórias criam vida. Descubra agora