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Conflitos

Sigo para casa, o dia tinha sido exaustivo e humilhante. Nada do que eu não pudesse suportar, assim que chego, não faço escândalo como costumo, só subo as escadas carregando minhas coisas. Tomo um banho e me deito na cama macia com cheiro de confort.

Encaro o teto, desenho os fios de meus cabelos pensando em tudo que havia acontecido, e tudo que Gilbert havia me falado, seria besteira eu ficar questionando minhas atitudes? Será que eu poderia ter sido um pouco menos "agressiva?".

Vê-lo presenciar tamanha injustiça, sem intenção alguma de me ver humilhada, mas não dizer nada, era tão contraditório, que não senti que ele não estava desejando o mesmo. Eu, no lugar dele, defenderia a pessoa certa. Se até Ruby Gillis teve coragem de taxar aquele ato como desnecessário, o que ele não poderia dizer?

Se opor a Winifred para me defender...

Iria gerar algum tipo de conflito assíduo entre os dois?

Era tão importante manter a imagem dele com a garota popular que ele não se importaria em vê-la fazendo atrocidades? Sempre iria se calar diante de qualquer situação do tipo?

Levanto-me caminho até o espelho, observo as sardas espalhadas em cada canto do meu rosto. Encaro-me agora de uma maneira intimidadora.

— Anne Shirley-Cuthbert, você deve parar de pensar naquele imbecil.

Permaneço por alguns segundos frente ao espelho, me sentindo uma completa idiota por estar me obrigando a parar de pensar nele, me influenciando de maneiras indiretas a pensar nele.

— Anne? — Marilla entra no quarto — o que houve? Chegou e a casa continuou silenciosa.

— Nada Marilla — sorrio — eu só estava um pouco cansada e com bastante dor de cabeça, e como vocês estavam silenciosos preferi não os chamar...

— Já tomou um analgésico?

— Ainda não, mas já vou tomar, acho que o que preciso agora realmente é descansar, o Sr. Flyn está pegando no meu pé — confesso — ele deseja me ver exausta.

Ela sorri.

— Isso não temos dúvidas, ele sempre foi um homem exigente, eu vou ir para cama então, boa noite querida.

— E Matthew? Como está o tornozelo?

— Na medida do possível se recuperando.

— Ah sim, mande a ele um beijo — digo caminhando até a cama — eu preciso descansar também, boa noite.

— Boa noite.

. . .

O som
a festa
As luzes
Run to you
A bebida forte
Os casais
Os beijos.
As fantasias

O beijo, aquele beijo quente, lábios bem desenhados, bala de cereja refrescante.

Olhos, toque, calor intenso, conexão.

Acordo, soada, com o corpo em combustão como se o próprio fogo me consumisse. Eu precisava saber quem era o garoto, precisava olhá-lo no fundo dos olhos e dizer o que senti. Pego o celular, monto o canal no YouTube @cordeliafornow, faço um Instagram, posto a fantasia com a seguinte frase.

Em breve a mulher gato irá se pronunciar.

Pensar em Gilbert era constante, pensar no garoto da festa também. Meus pensamentos estavam tão confusos, que eu não conseguia focar nem sequer no meu projeto de química, eu precisava estar segura com as cartas na manga para vencer o círculo fechado das loiras não oxigenadas.

CRUSH - SHIRBERTOnde histórias criam vida. Descubra agora