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Touch, Touch, Touch.

Respiro fundo ainda o encarando, seu sorriso é galanteador, imagino o porque tamanha perfeição, Deus realmente havia caprichado de uma forma significativa naquele queixo. Nossos olhos estão fixados, suas pupilas dilatam e se eu pudesse ver as minhas, diria que estavam da mesma forma. Meu corpo se aquece, minhas bochechas fervem, meu coração acelera em um descompasso, o tempo para, uma breve melodia ecoa em minha cabeça, aquelas carregadas de magia - a Bela e a Fera - repuxo os lábios em um sorriso longânimo. Meus dedos rabiscam a caderneta desnecessariamente, minha vontade era fechar os olhos e chocar meus lábios contra os dele. Meus pensamentos estão inundados, tanto que quase me esqueço da única frase capaz de me desvincular daquele olhar ávido.

Olhos verdes com manchas castanhas
Altamente tóxico e sedutor.

Pisco e sou liberada do meu transe. Contudo, ele continua encarando-me com o mesmo olhar fervoroso. Gilbert você precisa de uma frase que te tire desse transe.

Bato a ponta da caneta no balcão, ele desvia os olhos, seu sorriso se desfalece e ele fica aparentemente sem graça.

- Acho que vou querer um suco de laranja - ele bate a ponta dos dedos no balcão fazendo um barulhinho chato.

- Um suco de laranja está a caminho.

Vou até o espremedor e começo a fazer o suco. Sinto seus olhos ligados a mim, porém sou incapaz de olhar para trás. Tinha um pavor absurdo de cortar o dedo no espremedor, não sei porque. Meu cérebro trabalha com vontade, afim de compreender o que realmente estava acontecendo dentro de mim, eu sei que não era um sentimento comum, sei que provavelmente era um sentimento puro e verdadeiro crescendo dentro do meu coração rapidamente, mas a questão era... Por que Gilbert Blythe?

Sou interrompida pela voz de Winnie.

- Oi meu amor.

Escuto o estalo do beijo, torço mentalmente para que ela não me peça um suco de morango pois serei capaz de enfiar as sementes dentro de sua goela. Respiro fundo, caminho até eles. Entrego o suco para Gilbert que nitidamente desvia dos toques precisos de Winifred. Meu coração agora palpita, de ódio.

Tire suas mãos de cima dele, sua desenfreada.

- Garçonete - seu tom é provocativo - pode me trazer um suco de morango, sem sementes.

Mordo o lábio inferior. Queen Bee é uma ova, deveria ser Queen Cow.

- Você pode chamá-la de Anne - Gilbert a encara - você a conhece e por um acaso tem um crachá em seu avental.

- Quem se importa? - ela sorri irônica.

- Eu me importo - a voz dele é gentil.

Meu Deus não tem como não amá-lo.

- Obrigada Blythe - Winifred revira os olhos ao ver meu sorriso grato - você não sabe o quanto significa para mim saber que você é uma das poucas pessoas que tem educação.

Ela desvia o olhar para o chão, claramente atingida.

- O seu suco chegará em breve.

Saio com passos lentos, com os ouvidos afiados para descobrir o que ela estava dizendo para Gilbert. Não contive uma risada maldosa quando escutei ela dizer:

- E se ela cuspir no meu suco?

- Consequências de suas atitudes impensadas, Winifred.

. . .

CRUSH - SHIRBERTOnde histórias criam vida. Descubra agora