09

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Entre nós.

— Eu poderia taxar milhares de defeitos que encontro nesse garoto — falo para Margot que me encara.

A lanchonete estava vazia, faltavam poucos minutos para dar oito horas e eu não via a hora de chegar em casa. O dia tinha sido muito corrido, e novamente não comi. Meus pensamentos estavam congestionados de dúvidas, eu deveria mesmo acreditar que meu avô estava me procurando?

Assim que termino de limpar o balcão Margot se levanta.

— Você acredita mesmo que hoje ele veio aqui só pra beijar Winifred na minha frente?

— Anne — Margot posiciona as mãos no meu ombro, o que me impede de continuar ladeando de um lado para o outro enquanto reclamo — eu posso estar errada eu sei, mas eu acho que ele gosta de te provocar e você gosta dele por isso se importa.

— O que? — penso enquanto sinto a pontada da verdade vindo em minha direção sem que eu consiga brecar.

— Eu vou me trocar preciso ir embora, você fecha hoje? — ela ergue a chave do vestiário.

— Sim Margot, pode deixar.

Ela some de minha vista, termino de limpar o balcão, conto o dinheiro no caixa.

— Até amanhã Anne — ela sai.

— Até amanhã Margot.

Caminho até a porta para tranca-la, e assim que encaixo a chave e viro a plaquinha para "fechado" vejo um par de pés parado frente ao vidro. Evito erguer os olhos, eu sabia bem de quem era aqueles pés, e quem era que usava aquele tipo de sapatênis preto formal.

O ser, da três batidinhas no vidro da porta. Elevo meus olhos até os dele, que sorri torto.

Alerta alerta alerta.

Aponto para a placa escrito:

FECHADO.

Ele ergue os ombros, e junta as mãos como se estivesse implorando para que eu o deixasse entrar. Nego. Ele continua. Parecíamos duas crianças fazendo mímica, se alguém nos visse pensaria que estávamos brincando.

Viro-me de costas, estava tentada a abrir a porta. Caminho rapidamente até o vestiário, olho por cima do ombro e ele continua lá na porta apoiado sobre uma perna com um sorriso sarcástico.

O que você está aprontando Blythe?

Pego minha roupa, começo a me despir quando ouço a voz dele.

— Anne.

Olho para cima, ele está pendurado na janela com o olhar bobo como se tivesse visto muito mais do que eu queria ter mostrado.

— Que droga!

Coloco rapidamente a camiseta. Apago as luzes pego minhas coisas e vou em direção a porta dos fundos. Durou segundos para que ele aparecesse.

— Você não sossega não é? — lhe dou uma olhada séria — meu Deus o que sua namorada vai pensar se te ver vindo atrás de mim como um cãozinho sem dono?

— Ela não vai dizer nada porque ela não sabe.

Começo a caminhar.

CRUSH - SHIRBERTOnde histórias criam vida. Descubra agora