19

2.3K 325 423
                                    

Consentimento e as provas de um sentimento.

— Ele vai viver.

No mesmo instante meu corpo despenca em Gilbert que estava ao meu lado de pé, Marilla tinha saído, não estava aguentando a pressão de imaginar que Matthew não suportaria aquilo.

— Graças a Deus — não contenho minhas lágrimas e Gilbert desliza as mãos em meus cabelos como consolo.

— Venha, vamos contar a Marilla.

Caminhamos até Marilla, eu, ainda com uma imensa dificuldade pois toda hora meu tornozelo dava sinais de que jamais iria se recuperar.

— Ele está bem Marilla — digo lhe dando um abraço — ele vai ficar bem.

Ela olha para o céu, certamente agradecendo a Deus mentalmente. Sua devoção era linda, e eu tinha certeza que se apegar a Deus nos momentos difíceis deixava tudo menos difícil.

— Agora Anne, acho que você deveria ir para casa descansar — ela coloca a mão em meus ombros — vou ficar aqui essa noite e não tente me convencer de ir embora, eu vou permanecer aqui ao lado de Matthew.

— Posso levá-la se quiser.

— Ah Gilbert — Marilla lhe dá um abraço.

Nada poderia descrever minha expressão de surpresa. Marilla era tão reservada, não imaginei que a veria distribuindo abraços.

— Se precisa de meu consentimento você tem.

— O que? — falo em meio a um engasgo — não, não, não, somos amigos — desconverso — apenas isso.

— Sei bem — ela semicerra os olhos para mim.

— Obrigado Marilla — Gilbert diz em meio a um sorriso vitorioso de ladino — agora, só falta a Anne aceitar.

— Certo, vamos logo — pego em sua mão — preciso de uma roupa mais quente pois não estou aguentando o vento cortante invadindo essa blusa fina — eu volto pela manhã Marilla — lhe dou um beijo na bochecha — e você irá para casa descansar.

— Minha menina — ela acaricia minhas costas — tome cuidado.

. . .

— Quando penso que está tudo caminhando conforme os eixos, algo me surpreende — falo assim que Gilbert para o carro na porta de casa — obrigada, se você não estivesse aqui tenho certeza que não chegaríamos no hospital a tempo. Ele precisou de uma reanimação e vê-lo naquele estado faltou despedaçar-me ao meio.

— Viu, e você querendo negar minhas caronas — ele ironiza.

— E você não perde a oportunidade de jogar na minha cara o quanto sou errada em fazer isso.

Ele segura em minha mão. Permito por instantes, e desvencilho em seguida.

— Novamente obrigada, Blythe — me inclino e lhe dou um beijo meia lua.

Meu corpo ferve. Quanta audácia, Anne.

— Espere — ele me puxa antes que eu saia por completo do carro — não quer que eu responda a pergunta da mulher gato?

Penso, penso, penso.

Eu estava esperando muito por aquilo, mas nada, nenhuma resposta ou suposta afirmação e seu motivo, poderia me animar. Matthew estava doente, Marilla era uma senhora que não queria deixá-lo, e eu, mais um dos motivos aos quais eles tinham que se preocupar. Saber a resposta, não surtiria o efeito adequado naquele momento.

CRUSH - SHIRBERTOnde histórias criam vida. Descubra agora