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Surpresas e mais surpresas.

Assim que levantei de manhã, senti que o tornozelo já estava menos dolorido, mesmo assim, eu não podia esquecer de que ele estava machucado e enquanto eu não melhorasse, não poderia ficar me aventurando. A festa havia sido bastante esquisita, e ao mesmo tempo, esclarecedora. Eu precisava saber se Gilbert e Winifred ainda estavam juntos, e sai de lá com a resposta, apesar deles... Terem se beijado. Sinto pena dela, e ao mesmo tempo inveja. Eu não podia esquecer do simples fato de que, eu queria beijá-lo também.

— Bom dia Anne — Marilla entra no quarto com o olhar inexpressivo — vim lhe trazer mais uma mensagem de seu avô, quero dizer, o homem que diz ser seu avô.

Sinto um nó se formar na ponta do meu estômago, eu havia me esquecido completamente de responder a carta dele. Os dias estavam sendo tão corridos e cheios de aventura que eu não pude me sentar e pensar com calma na carta reveladora, apesar de ser um dos maiores sonhos da minha vida.

— Como eu pude ser tão distraída? — sinto meu cérebro entrar em colapso — eu me esqueci completamente de responder essa carta.

Pego a outra carta e coloco na bolsa.

— Vou tirar um tempo do meu café no colégio para ler — respiro fundo encarando a Marilla.

Ela somente assente. Era óbvio que estava preocupada com a minha reação e o que acarretaria me entregar aquela carta, queria que ela tivesse a certeza de que, eu era dela desde o dia em que me tiraram daquele lugar deplorável.

— Está tudo bem minha querida Marilla — lhe dou um beijo na bochecha — nada vai mudar entre nós.

. . .

— Isso é tão bonito sabe — Diana diz enquanto enrola uma mecha de seus cabelos escuros no indicador — escrever cartas, eu adoraria ter alguém para conversar por cartas.

— Eu acho perfeito, mesmo sendo ansiosa, acho que se eu tivesse vivido no tempo em que tudo era carta, ficaria o dia todo frente a porteira de Green Gables esperando que o homem das correspondências viesse em seu belíssimo alazão marrom com a bolsa de cartas e um sorriso de "finalmente sua carta chegou".

Ela morde o lábio.

— Tem algo a mais chegando — ela olha para o garoto que caminha com uma jaqueta de couro preta.

Suas bochechas estavam avermelhadas e de sua boca saia fumaça por causa do atrito do ar quente com o ar frio.

— Como vai Anne?

— Vou bem e você, Blythe?

Diana em um pulo se levanta e assim que vê Cole e Margot caminhando do outro lado do pátio das flores corre até eles apressada.

Meus amigos são ótimos em ser discretos.

— Sinto muito por tudo que aconteceu ontem, eu não tive tempo de me desculpar, se que parte da culpa é minha.

— Não necessariamente — sorrio — bom, garotas sempre tem o talento em se precipitar quando o assunto é... relacionado a uma amiga.

Eu ia dizer amor.

Eu já suspeitava disso — ele ergue os ombros e sem convite se senta ao meu lado — mas você acredita em mim, não é?

CRUSH - SHIRBERTOnde histórias criam vida. Descubra agora