08

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Uma carta inesperada.

— Vá — Gilbert movimenta a cabeça enquanto impede o Sr. Flyn de entrar na lanchonete.

— Como vai Sr. Flyn — ele pousa a mão em seu ombro e antes que eu pudesse ouvir o rumo que a conversa tomaria, sou puxada por Margot.

— Ande logo Anne, se troque antes que ele veja você assim — ela morde o lábio inferior enquanto encara minha roupa de líder de torcida.

Corro para ao banheiro, visto rapidamente minha roupa e pego meu avental, sem dobrar as peças que tirei coloco bruscamente dentro da mochila. Encaro-me, meu cabelos estavam espetados e meu nariz tão vermelho quanto o de um palhaço - obrigada sol.

Assim que cruzo a porta ainda ajeitando a blusa dentro da calça, avisto os dois caminhando no centro do estabelecimento enquanto o Sr. Flyn, mostra cada canto decorado.

— Um ótimo gosto — o moreno encarou-me enquanto afinava os lábios fingindo que aquela conversa estava sendo agradável.

— Anne Shirley — diz o mais velho com a expressão séria — venha cá.

Margot me encara enquanto monta uma sacola de entrega. Caminho imediatamente até o dois, que até então pareciam bem íntimos.

— O nosso garotão aqui quer gravar um vídeo para divulgar a lanchonete.

— É sério? — troco olhares com Gilbert, que por sua vez acredita que estava me fazendo um grande favor.

— Sim, é sério, ruivinha.

O Sr. Flyn admira as palavras de Gilbert e o enaltece com o olhar como se ele fosse, um deus grego seminu.
De onde eu tirei isso?

Reviro os olhos como resposta.

— Será ótimo ter você como um garoto propaganda Gilbert, sabe, eu fico lisonjeada — ergo os ombros involuntariamente procurando alguma palavra que não tenha saído com sarcasmo.

Seus olhos vacilam. Anne e sua facilidade em tornar momentos desagradáveis.

— Anne — Margot chama — preciso de ajuda.

— Com licença.

Vou até ela que está bastante enrolada na cozinha.

— Me desculpe, me desculpe — começo a me livrar da louça que se acumulou na pia — Winifred Rose atrasou junto com suas marionetes, depois o pneu da bicicleta furou, corri por mais ou menos dez minutos até Gilbert aparecer e me dar uma carona, ele deixou Roy no meio do caminho acredita? Eu fiquei tão confusa com o que ele fez que naquele momento ele se tornou minha pessoa favorita, naquele momento apenas — respiro — e agora, fiquei sabendo que todo esse favor dele vai custar uma gravação aqui na lanchonete, você tem noção? As garotas vão frequentar aqui só pra terem a sorte de se encontrar com ele e eu não posso negar que isso me deixa muito...

— Enciumada? — ela sorri irônica enquanto fecha o copo do capuccino.

— Eu não sei — encaro-a.

Seu sorriso se abre deixando a mostra seus marfins reluzentes.

— Seus dentes são lindos — elogio.

— Fala sério Anne — ela pega o copo e sai.

. . .

Por um momento posso acreditar que Margot era a dona de toda razão, por qual motivo a mais eu ficaria tão cheia de ódio por saber que "garotas frequentariam a lanchonete" só por causa dele?

CRUSH - SHIRBERTOnde histórias criam vida. Descubra agora