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Até breve.

Assim que chego em casa corro para o braços de Matthew. Eu precisava daquele abraço, e logo em seguida sinto os braços de Marilla envolvendo-me também.

Sinto as lágrimas descerem como uma cachoeira, e os soluços começam a ficar mais intensos.

— Eu não quero ficar longe de tudo isso — falo.

— E você não vai, Anne. Matthew e eu decidimos que você vai ficar aqui, você pertence a esse lugar.

— É sério? — me desvencilho para encará-los. — então eu não preciso mais voltar para a casa de meu avô?

— Pode passar às férias por lá.

Sinto o coração pular de alegria por saber que finalmente tudo estava se resolvendo.

Subo, tomo um banho, e minutos depois de estar preparada para deitar eu recebo uma visita. Coloco um roupão e minha pantufa de raposa. E desço para ver quem me chamava.

— Gilbert?

— Precisamos conversar — ele fala como se estivesse se forçando.

— Tudo bem.

Sento ao lado dele na escada da porta. A lua era cheia, com algumas nuvens distribuídas no céu. Ele me encara, movimenta o braço estranhamente e desvia para minha boca. Meu corpo entra em um colapso. Almejava tanto aquele garoto que meu coração descompassava cada vez que nossos olhos se cruzaram.

Também quero lhe contar algo. Digo animada pensando em sua reação ao ouvir que eu ficaria em Avonlea.

— Fale você primeiro — ele pede.

— Fale você — insisto.

Ele morde o lábio inferior como se pensasse, e finalmente cede.

— Eu vou ir para ...........

Ele pronuncia a palavra mas meu cérebro não consegue compreender, era como se as letras tivessem emboladas e eu o visse falando em câmera lenta.

— Não entendi.

— Eu vou ir para Nova York. — ele repete.

Levanto-me rapidamente.

— E por que?

— Recebi uma proposta lá — ele ergue os ombros.

— Agora que me deixaram ficar?

— Te deixaram ficar?

— Sim — respondo, querendo conter as lágrimas que queriam escorrer novamente. — eu não vou mais voltar para a nova Escócia.

— Anne... Pensei que você... — ele diz arrependido.

— Oportunidades de emprego não acontecem todo dia, Blythe. Tudo bem você ir, e viver sua vida, seguir sua carreira e progredir.

— Mas e você?

— Estarei em Avonlea — lhe dou um sorriso reconfortante.

Mas, meu coração estava destruído. Eu não queria impedi-lo de seguir seu futuro, eu não poderia fazer isso. Eu queria que ele aproveitasse todas as suas oportunidades mesmo que elas fossem longe de mim. Ele se levanta vem até mim, e me abraça forte.

— Sinto muito Anne.

— Eu também.

. . .

Já era manhã e eu mal tinha conseguido dormir. Gilbert realmente iria embora e isso estava me corroendo, afinal, um dos motivos de eu querer tanto permanecer em Avonlea, era ele.

CRUSH - SHIRBERTOnde histórias criam vida. Descubra agora