Capítulo 8

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Marcia: Porque?

Eu: Sabe Marcia, eu amo minha esposa. Estamos juntas, mais da metade das nossas vidas. Quando nosso filho faleceu ela se culpou pelo portão aberto, por ele ter saído sem ser visto. Ele foi atropelado na calçada da avó dela menos de 5 segundos depois de sair pelo portão segundo as câmeras de segurança. Foi tudo muito rápido. O rapaz estava bêbado e subiu na calçada o atropelando. Mas ela se sente culpada.

Marcia: E você a culpa por isso?

Eu: Não. Eu culpei em alguns momentos, mas eu sei a mãe que ela é, ela sempre foi muito cuidadosa. E com a perda do nosso filho com essa culpa que ela resolveu carregar dentro de si, ela criou um mundo pra ela uma bolha que só ela vive lá. Ela esqueceu que tem uma casa pra tomar conta, que é uma arquiteta e engenheira brilhante e tem uma empresa pra tocar, e que temos 2 filhas de 6 e 4 anos. Ela só para de chorar com calmantes, antidepressivos, remédios para dormir. Ela morreu por dentro. E ontem foi um dia difícil pra ela não sei bem porque, mas ela se fechou no mundo dela tomou os remédios dela e apagou esquecendo das meninas. Se eu soubesse que isso aconteceria eu não teria ido trabalhar. As meninas nunca ficaram sozinhas porque sempre teve a baba mas ontem tirou folga pra ir ao medico e justamente ontem aconteceu isso. Eu ensinei a Júlia a me ligar se acontecesse alguma coisa de errado e ela me ligou. Se ela não ligasse, elas estariam aqui correndo perigo até as 18 horas que é a hora que eu chego do trabalho e a Natalie apagada na cama. Amo minha mulher, mas no momento sinceramente, ela não é a melhor pessoa para cuidar das nossas filhas. Ela precisa de ajuda, mas ela não aceita ser ajudada, e se ela não aceita a minha ajuda e nem a ajuda da nossa família e de psicólogos, então ela faça o que achar melhor, mas as minhas filhas não ficarão no meio disso tudo. Posso parecer cruel, mas não vou expor a minhas meninas a perigos.

Marcia: Ontem o que deu a entender é que as meninas são negligenciadas, quando os paramédicos entraram em contato comigo. Ai eu conversei com a Julia e ela disse que isso nunca aconteceu, explicou que a mamãe estava sofrendo porque o irmãozinho se foi, que você estava trabalhando muito e ainda brincava com elas, colocava pra dormir, e que ela ouvia vocês duas discutindo e você pedindo a ela pra conversar com a moça da terapia e ela dizia que não precisava. Ela disse que já acordou de madrugada e te viu chorando no quartinho do irmão dela.

Eu: Eu não sabia disso – suspirei segurando a lágrima. – Eu desmontei o quarto todo esses dias, e fiz sozinha porque a Natalie não queria. Estou montando uma brinquedoteca lá pra elas. Já coloquei papel de parede, os brinquedos chegam depois do natal, elas não sabem ainda, vou fazer surpresa.

Marcia: Posso conhecer o quarto das meninas e a futura brinquedoteca?
Eu: Claro...
– subimos e a levei na brinquedoteca primeiro e fechei a porta. – Vou fechar porque os presentes de natal delas estão aqui escondidos.

Marcia: Que lindo que está ficando, elas vão amar.

Eu: Sim... Comprei uma piscina de bolinhas e uma casa de madeira linda pra colocar aqui. Vou montar uma cozinha completa aqui pra elas brincarem. Elas amam tudo isso.

Marcia: Realmente vai ficar lindo. – saímos.

Eu: Esse é o quarto da Alice. – abri a porta.

Marcia: Que amor... É a carinha dela.

Eu: É sim... – saímos – Esse é o da Julia... Tem muito da personalidade dela.

Marcia: Ela ama um roxo né – rimos.

Eu: É... Precisou me convencer muito a colocar esse roxo escuro na parede, mas ficou bonito – descemos.

Marcia: Pretende se separar?

Eu: Não. Não pretendo. Mas se a Natalie continuar se negando a se cuidar e colocando nossas filhas em risco, eu vou mantê-la longe das meninas.

Marcia: Te entendo. – conversamos mais um pouco e ela foi embora. Tomei um banho, dei banho nas meninas as arrumei, peguei alguns presentes da família coloquei no carro e alguns presentes delas também para abrirem na casa da minha mãe. Levei dois pra cada uma delas. O resto elas abririam em casa. Coloquei as duas no carro e pedi para esperarem. Desci rapidamente com os presentes delas pra sala coloquei embaixo da arvore. As duas já tinham colocado o copo de leite com biscoito pro papai noel. Eu tomei o leite e comi a metade do biscoito já que chegaríamos de manhã em casa e fomos pra Niteroi.

Julia: Mamãe, a mamy não vai com a gente?

Eu: Não filha, ela foi pra casa da grandma.

Julia: Mas ela tinha que ficar com a gente.

Eu: Eu sei filha. Amanha ela deve ir lá pra casa. – ela não falou mais nada. Ela estava bem triste. Logo chegamos na minha mãe, subi com elas depois desci peguei os presente e subi colocando na árvore. A festa de natal corria bem como em todos os anos. Eu não estava feliz, sentia falta do meu filho, sentia falta da Natalie. Eu na verdade queria estar debaixo das minhas cobertas vendo um filme em silêncio.

Mãe: Oi... Ta ai no canto calada.

Eu: Não to no clima mãe, eu vim pelas meninas, elas precisam de alegria.

Mãe: E a Natalie?

Eu: Foi pra casa da avó dela desde o dia que a mandei sair de casa, não a vi mais não sei dela não mandei mensagem. – suspirei – Ela não aceita minha ajuda mãe, ela não quer ser ajudada, ela não quer melhorar então eu também não quero ficar no meio disso e nem arriscando minhas filhas.

Mãe: O que vai fazer?

Eu: Por hora, vou tirar uma licença do trabalho, vou contratar uma nova arquiteta pra empresa dela já que ela não se dá ao trabalho de fazer isso e a Diorio tá sobrecarregada, vou buscar algum médico pra trabalhar com o Rodrigo e vou ficar em casa, dar atenção as minhas filhas, atender só no consultório meio período e deixar o plantão. Eu não vivi meu luto, pra Natalie viver o dela. Ela quer remoer a culpa que ela acha que tem tudo bem, mas não vai arrastar nossas filhas para o abismo dela. Estou sendo vigiada pelo conselho tutelar mãe, isso não é justo comigo, porque eu to me desdobrando pra cuidar das meninas, da casa, do meu trabalho que não me permite erros e da empresa dela.

Mãe:Eu sei filha, você é uma ótima mãe e eu sei que você está trabalhando duro esei que precisa do seu tempo também. O casamento de vocês está desmoronando eacho que precisam resolver isso primeiro. Antes de qualquer coisa, precisamresolver essa situação primeiro. – aAlice veio pedir pra colocar comida pra ela. Fui colocar, logo fizeram astrocas de presentes por causa das crianças que dormiram cedo. Eu decidi nãodormir lá, quando deu 1 da manhã coloquei as meninas no carro e fui embora.Entrei na garagem peguei a Alice primeiro a coloquei no sofá depois peguei a Júliae fiz o mesmo. Logo subi com cada uma delas as troquei e cobri, fui tomar umbanho e deitei. Peguei meu celular etinha inúmeras chamadas e mensagens da Natalie. Eu só respondi Feliz Natal paravocê e sua família. Coloquei um filme e fiquei assistindo até dormir.

NATIESE EM: A CULPAOnde histórias criam vida. Descubra agora