Capítulo 58

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PRISCILLA NARRANDO...

Meu plantão de 48 horas acabaria as 18 horas. Eu fiz a cirurgia do meu paciente terminal na tarde do dia anterior. Ele teria no máximo mais dois meses de vida. Não tinha mais o que ser feito. Consegui dormir a madrugada toda, estava bem tranquila. De manhã fiz uma cirurgia depois tive uma reunião com o chefe. Eu tenho 3 residentes. A Gabriela era a minha residente do 4º ano e ela era excelente em tudo que fazia e fará a prova no final do ano. O Lucas e a Camila eram residentes de 2º ano. A Gabriela veio de outro hospital, então estávamos decidindo quem continuaria na residência ali, quem seria realocado em outra unidade, já que da rede D'or a da Barra era a principal. Estavamos estudando as possibilidades de novos internos da residência também.

Hernandez: Bom... As considerações finais. Doutora Pugliese, o que tem a dizer sobre a doutora Luíza César e sobre a doutora Gabriela Pádua?

Eu: Se eu precisasse de uma substituta como chefe da cirurgia geral, seria perfeitamente a doutora Luíza César. E quanto a doutora Gabriela Pádua, ela pretende seguir a carreira de cirurgia geral, e se isso acontecer, ela seria uma ótima staff no próximo ano para o nosso hospital. Confio nela, de olhos fechados.

Hernandez: Como eu já tinha conversado com os outros chefes de departamentos, todos tiveram o mesmo parecer quanto as duas. E o que todos já sabem e agora e você ficará sabendo, e também era previsível e você como cardiologista sabe, eu vou me afastar do cargo de chefe de cirurgia. O hospital terá um novo chefe, ou uma nova chefe.

Eu: É uma pena o senhor deixar a chefia, não sei se vou conseguir chamar outra pessoa de chefe.

Hernandez: Então doutora, você não vai chamar outra pessoa de chefe...

Eu: Não entendi...

Hernandez: Eu quero que você seja a nova chefe de cirurgia desse hospital – eu prendi o ar. Eu sempre segurava o ar quando ficava nervosa ou em choque.

Eu: Mas chefe eu... Por que eu?

Hernandez: Nas piores crises desse hospital, você levou tudo com a maior destreza e organização. Sabe lidar com conflitos, todos gostam de você, te respeitam, é a uma das minhas melhores médicas. Eu conversei mais cedo com todos os chefes de departamentos e falei sobre a minha indicação e todos ficaram super felizes com a minha indicação. Como estava em cirurgia eu não pude falar com você junto de todos. Não tem pessoa melhor para ser chefe dessa unidade que você. A transição acontecerá em novembro. Assim você sobe para chefia do hospital, a doutora Luíza César sobe para a chefia da cirurgia geral e se a doutora Gabriela passar nos exames ela vira staff da cirurgia geral. Tem 1 mês para pensar e por favor, mantenha em sigilo, somente os chefes departamentos sabem.

Eu: Tudo bem, eu vou pensar. Obrigada por pensar em mim...

Hernandez: Tem que ser você doutora... sem pressão – piscou pra mim e eu ri saindo da sala dele. Entrei na minha sala e andei de um lado para o outro. Era muita coisa. Meu Deus eu nunca pensei que chegaria nesse patamar, mas era um passo e tanto, muito importante para a minha carreira. Fui fazer alguns atendimentos e logo me biparam...

Eu: O que foi?

Luíza: É a Natalie.

Eu: A Natalie? Como assim? – assustei.

Luíza: Um carro ultrapassou o sinal vermelho e bateu nela, e causou um engavetamento.

XXX: Natalie Kate Smith 35 anos, ferimento na cabeça, um pouco desorientada, pressão arterial levemente alterada, 114/110, ferimento por estilhaços de vidro nos braços e nas mãos e possível fratura e um dos dedos da mão esquerda.

Eu: Amor olha pra mim?

Natalie: Pri... Um carro bateu em mim, do nada...

Eu: Eu sei, vai ficar tudo bem tá?

Luíza: Priscilla, se afasta. Não pode tratar dela.

Eu: Ok... Eu vou ficar por perto. – fiquei ali na sala do trauma, logo a levaram para a tomografia, ela não estava com nenhum ferimento interno. Os vidros que ficaram no corpo dela foram tirados, o dedo dela foi quebrado na verdade dois. Colocaram os dedos dela no lugar e colocaram a tala. Ela levou 6 pontos nos braços em lugares diferentes e 7 pontos na testa. Foi medicada. – Oi... – sorri.

Natalie: Oi... – sorriu – Vocês tem boas drogas aqui – falava meio mole.

Eu: É... São as melhores e você tá chapada.

Natalie: Um pouquinho... Eu estou parecendo a noiva do Frankstein toda costurada.

Eu: É... – a beijei. - Sabe que vai ficar aqui por 24 horas né?

Natalie: É eu sei... E as meninas?

Eu: Eu vou pra casa. Liguei pra sua tia, ela virá pra cá, vai ficar com você. Amanhã venho te buscar. Eu já falei com as meninas, fica tranquila.

Natalie: E meu carro?

Eu: Já liguei para o seguro, perda total, em duas semanas, carro novo.

Natalie: Ai que droga.

Eu: Eu sei...

Natalie: Mais alguém se feriu?

Eu: Não. Além do motorista, não. Foram só danos materiais. O motorista sofreu um infarto fulminante. Morreu na hora infelizmente. E infelizmente você estava no lugar errado na hora errada. – fiquei com ela mais um tempo, a tia dela chegou com algumas coisas pra ela e eu fui embora. Cheguei em casa a Hanna estava lá, e as meninas estavam fazendo algo na cozinha pra comer. – Oi, oi, oi...

Alice: Oi mamãe, como a mama está?

Eu: Está bem. Muito chapada de remédios, e levou alguns pontos, mas está bem.

Hanna: E o que aconteceu de verdade?

Eu: Um homem sofreu um infarto fulminante no volante, e ultrapassou o sinal vermelho e bateu no carro da Natalie e mais alguns carros foram batendo atrás dela. Só ela se feriu e o motorista do carro que bateu nela morreu na hora por causa do infarto infelizmente. Mas felizmente a Natalie está bem, só vai passar a noite lá para observação.

Júlia: Dos males o menor.

Eu: Pois é. O que estão fazendo?

Júlia: Fazendo coxinhas. Compramos congeladas e vamos fazer na air frayer.

Eu: Não explodam a casa, por favor. Vou tomar banho. – subi tomei um bom banho desci e elas fritaram um cento de coxinha. Aquelas meninas pareciam umas dragas. Eu tomei uma cerveja comi os salgadinhos, elas tomaram suco, a Hanna ia dormir lá em casa. No dia seguinte deixei as meninas no colégio e fui ver a Natalie, ela estava bem, passou bem a noite. Eu estava de folga o resto da semana. A tia dela foi embora e ela logo acordou. Ela tomou café da manhã se trocou, fez novos exames e estava tudo bem então fomos pra casa.

Nat: Amor, eu estou parecendo um ET.

Eu: Não está não – comecei a rir.

Nat: Você está rindo.

Eu: Vem aqui Etevalda – a puxei e a beijei – Eu te amo.- a beijei de novo – E você é linda e perfeita. Logo você tira os pontos e tudo vai estar cicatrizado, os hematomas vão sumir e você vai estar perfeita novamente.

Nat: E a minha mão? Eu estou com dois dedos quebrados.

Eu:Isso vai demorar um pouco, mas vai passar. – ela passou o dia todo na cama. Era sexta feira,as meninas iam dormir na Hanna, até mesmo a Alice. Ia ter uma festa do pijamalá, era aniversário da irmã da Hanna. 

NATIESE EM: A CULPAOnde histórias criam vida. Descubra agora