Capítulo 42

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NATALIE NARRANDO...

Eu disse que a amava e brigamos. Meu Deus, era tudo muito complicado as vezes e nem tinha necessidade de complicar. Fiquei o dia todo com a Alice. Ela estava sentindo dor e ansiosa para sair daquela UTI e principalmente daquele hospital. Eu estava preocupada demais com ela. Passei o dia todo com ela. No fim do dia a Priscilla me mandou ir pra casa. A gente se estranhou, mas acabei indo e no caminho a Júlia me ligou pedindo para pegá-la na casa da Hanna. Passei lá, a peguei e fomos pra casa.

Eu: Está tudo bem?

Júlia: Sim, porque?

Eu: Achei que fosse ficar mais alguns dias na Hanna.

Júlia: Eu tenho casa, e duas. Não vou ficar na casa da minha namorada pra sempre. – foi grossa comigo, o que não é novidade.

Eu: Pra que a grosseria Júlia?

Júlia: Está fazendo pergunta idiota.

Eu: Olha como você fala comigo e... – um carro buzinou e eu joguei o carro para o lado. – Meu Deus... – parei no acostamento. – Você está bem?

Júlia: QUAL É O SEU PROBLEMA? ESTÁ QUERENDO ME MATAR TAMBÉM? – eu a olhei assustada. Liguei o carro de novo e 2 minutos depois chegamos em casa.

Eu: O que quis dizer com aquilo no carro?

Júlia: Você quase bateu o carro. Quer que a gente vá parar no hospital também? Eu odeio andar de carro com você, sabe disso. eu subi atrás dela.

Eu: Júlia, foram dois segundos de desatenção.

Júlia: 2 segundos de desatenção matou meu irmão. 2 segundos de desatenção pode ter levado aquele homem quase matar minha avó e minha irmã. Chega de gente morrendo na minha vida. – entrou no quarto batendo a porta e eu fui atrás.

Eu: Júlia, está me culpando por tudo que aconteceu? – eu estava confusa. – Eu não tive culpa do acidente da sua irmã com a sua avó. O que aconteceu agora foi ao acaso, 2 segundos de desatenção, tem muita coisa acontecendo. Sua mãe mesmo a poucos dias bateu o carro, porque apagou no volante e bateu em outro carro. Por que eu tenho que ser crucificada quando algo acontece? E o seu irmão... – fechei os olhos e engoli a seco – O seu irmão foi uma fatalidade. Foi uma perda insuportável pra mim. Você acha que eu não penso todos os dias no seu irmão? Você acha que eu não me sinto mal, quando eu vou na casa da minha avó e lembro do que aconteceu? Por que eu sempre lembro. Por muito tempo eu pensei no que eu poderia ter feito de diferente naquele dia pra ter meu filho hoje. Se eu não tivesse ido buscar você aquela hora – eu parei de falar. Estava falando besteira.

Júlia: Continua... Se você não tivesse ido atrás de mim, nada disso teria acontecido e o Pedro estaria vivo. Se eu não tivesse insistido pra ver os gatinhos da vizinha, meu irmão não teria saído. Pode falar... Era isso que você ia dizer – secou uma lágrima que caia orgulhosamente. – Acha que eu não me culpo e que eu sei que não me culpa por isso? Por que você acha que eu não chego perto de você desde tudo aquilo? Por que você acha que eu estou sempre na defensiva com você? Por que o meu irmão morreu por minha culpa. Eu me lembro disso todos os dias também Natalie. – entrou no banheiro dela trancou a porta e ligou o chuveiro.

Eu: Júlia, abre essa porta, a gente ainda não terminou essa conversa. Eu nunca culpei você, isso é loucura. Eu nunca soube exatamente o porquê de você viver na defensiva comigo. E você acha que eu culpo você? Claro que eu não culpo você. Pelo amor de Deus Júlia. Abre essa porta – bati e ela não atendia, mas podia ouvir seu choro, mesmo com o chuveiro ligado. – Eu vou em casa tomar um banho, comer, e descansar. A gente vai conversar sobre isso. Sua mãe não vai demorar a chegar. Eu te amo... Vamos resolver isso. – eu sai de lá e fui pra casa. No chuveiro eu comecei a chorar, ela se culpava e achava que eu a culpava. Me lembrei de quando tudo aconteceu. Ela não chegava perto de mim, gritava comigo. Eu comecei a pensar se nos meus porres, ou na minha viagem, por estar tão chapada de remédios eu tenha dito alguma coisa a ela que a fez sentir culpa. Ela não queria que a mãe dela me contasse que ela tinha menstruado a primeira vez. Ela não me quis em diversas festas de aniversario dela, eu só fui porque a Priscilla deu o grito com ela e mesmo assim eu mal chegava perto dela nas festas. Eu não podia me relacionar com ninguém que era um inferno, só que ai da parte das minhas duas filhas. Era tudo tão tumultuado. Sai do banho fiz algo pra comer resolvi ligar pra Priscilla, mas ela deveria estar dirigindo e não atendeu. Pensei em voltar lá na casa dela pra falar com a Júlia, mas ela estava nervosa e eu também. Era bem tarde quando recebi uma mensagem da Priscilla.

Precisamos conversar sobre o que houve aqui em casa hoje Natalie, e muito sério. Boa noite


Eu não respondi. Ela estava chateada com certeza. Não dormi direito, fiqueirolando na cama, pensando na Alice naquele hospital e na Júlia falando tudoaquilo pra mim. De manhã, eu estava quebrada, exausta. Tomei um bom banho,coloquei uma roupa confortável, peguei algumas coisas pra mim, ia trabalhar dohospital. 

NATIESE EM: A CULPAOnde histórias criam vida. Descubra agora