JÚLIA NARRANDO...
Minha Festa de 15 anos foi sensacional. Eu diverti cada segundo daquela festa. Foi tudo mais que perfeito. A Alice saiu do salão e voltou toda afobada falando que nossas mães estavam no jardim se beijando. Eu não sei o que eu senti. Foi estranho, e foi bom ao mesmo tempo. Eu não tinha certeza do que aquilo era e do que aquilo poderia se tornar. Na segunda quando fui para o colégio Hanna estava diferente comigo.
Eu: Oi... – sorri e dei um beijo no rosto dela e ela se afastou. – O que foi?
Hanna: Me deixa tá.
Eu: O que está acontecendo Hanna? Você me ignorou boa parte da minha festa, e ontem não quis ir lá pra casa abrir os presentes comigo. O que está acontecendo?
Hanna: Por que não me disse que é milionária? – eu arqueei a sobrancelha.
Eu: Espera... Não estou entendendo.
Hanna: Eu sou uma bolsista desse colégio, a filha da secretária daqui e a minha ficante quase namorada é milionária. Pelo amor de Deus Júlia, você nunca fala sobre você. E o que eu sei nesses 3 meses que te conheço e nesse 1 mês que a gente fica, é que você mora num condomínio na Barra da Tijuca, tem duas mães, uma é médica a outra é arquiteta e engenheira e tem uma irmã de 13 anos, ai eu entro num jóquei clube para sua festa de 15 anos e me deparo com uma decoração que deve ter custado o valor do apartamento que moro com a minha mãe e a minha irmã.
Eu: E... – respirei fundo – E o que tem isso tudo a ver? O que o meu status, o que a grana das minhas mães tem a ver com a gente? E por que você está com raiva disso? Eu não estou entendendo. – eu realmente não estava entendendo.
Hanna: Eu sou a droga de uma filha de secretária. Suas mães, nunca vão me aceitar, olha pra você, olha pra mim. Nosso padrão de vida. Você chega aqui de Audi, Masserati, Range Rover, Lexus e eu chego de Onix. Você tem tudo do bom e do melhor e eu não tenho nada para te oferecer.
Eu: Chega Hanna...
Hanna: Júlia.
Eu: CHEGA... – falei alto. - Quem você pensa que eu sou? Olha pra mim? Eu sou como você. Eu sou a Júlia Smith Pugliese que você conhece. Os bens, que por sinal são das minhas mães divorciadas, não me faz melhor que você. Sim eu tenho uma vida de princesa, por causa das minhas mães. Minha mãe tem uma grande construtora hoje, ela é engenheira civil e a melhor arquiteta do Rio de Janeiro, e a minha outra mãe, é chefe de cirurgia geral do Barra Dor e cirurgiã cardiotorácica, e uma das melhores do Rio de Janeiro também. E sim, eu moro numa puta mansão, ou melhor em duas, porque minhas mães são divorciadas como eu disse e moram no mesmo condomínio na mesma rua. Elas tem sim carros importados, elas amam carros importados, amam joias e roupas de grife, minha festa foi bem cara mesmo quer saber o preço? Em torno de uns 150 mil reais ou mais. Meus vestidos foram de grife, meus sapatos também, minha tiara foi joia de verdade, meu anel é de ouro branco e diamantes, minhas mães pagam minhas viagens e da minha irmã, pagam tudo que queremos, e pagam esse colégio desde que estávamos no kindergarten e Midle School. Era isso que você queria saber??? Ok. Pronto, você sabe da minha milionária vida proporcionada pelas minhas mães. Agora me diz Hanna, que dia que eu fui diferente com você ou qualquer outra pessoa desde o momento que chegou aqui? Que dia que me viu maltratar alguém ou ser superior a alguém aqui como muitos dessa merda desse colégio fazem? Que dia Hanna?Hanna: O que viu em mim?
Eu: Eu vi em você o que eu não vejo em mais ninguém. Sua simplicidade, seu carisma, seu sorriso, sua simpatia, seu carinho. Eu vejo você. Você é diferente de todo mundo daqui, você é diferente de mim – comecei a chorar – Você me faz ser melhor, você me faz me sentir viva, você me faz ver o mundo com outros olhos além dessa merda que todo mundo aparenta dentro desse colégio. Foi isso que me fez apaixonar por você enquanto nem sabia que gostava de garotas e... Nem minhas mães sabem que eu gosto de garotas. Eu não me dou bem com uma das minhas mães e eu seguro as pontas, porque eu tenho você. O dinheiro não me faz melhor que você e nem ninguém. Eu não sou uma esnobe como todo mundo aqui e achei que você tivesse notado isso... – sai andando.
Hanna: Júlia... Júlia... Aonde vai?
Eu: Para o inferno. – peguei minha mochila e sai do colégio.
XX: Hei mocinha onde pensa que vai? – o porteiro perguntou.
Eu: Pra casa.
XX: E cadê sua permissão?
Eu: Eu estou me dando permissão – passei meu cartão e sai. Peguei um taxi e fui pra casa.
Inácia: Júlia? O que faz em casa? Por que está assim? – eu fui até ela e a abracei. – Oh meu Deus o que houve? – eu não respondia eu só chorava. – Você estava tão feliz de manhã. Falando dos presentes que ia trocar. Sua festa foi tão linda, eu me diverti muito lá, assim como todos os convidados. Por que está chorando assim?
Eu: Eu só estou magoada – me soltei dela. Peguei uma garrafinha de água e subi. Tirei o uniforme coloquei meu pijama e deitei de novo. Eu nunca me deixei levar por bens materiais. Óbvio que é muito bom ter tudo, alias é ótimo, mas eu nunca fui esnobe eu nunca fui uma patricinha metida, nunca maltratei funcionários ou qualquer outra pessoa por eu ter dinheiro e estudar num colégio americano, por eu ter tudo que eu tenho. E eu sempre me senti muito ofendida quando era comparada a essas pessoas, porque eu me esforçava muito pra não me parecer com elas. Não demorou mais que uma hora para o meu celular tocar e ser minha mãe Natalie. Eu não atendi. Logo o telefone de casa tocou e ouvi a Inácia subir e bater na porta.
Inácia: Juju, sua mãe no telefone.
Eu: Vou atender Naná, obrigada. – peguei o telefone, respirei fundo – Oi mãe?
Mãe: Me ligaram do colégio dizendo que você simplesmente saiu do colégio e foi embora Júlia. O que aconteceu? – ela não estava nervosa, ela tentava parecer calma na verdade.
Eu: Mãe – a voz embargou – Eu sei que eu não deveria fazer isso, mas – solucei – Eu precisei. – eu não consegui segurar o choro.
Mãe: Filha... – ela falou num tom muito doce – O que está acontecendo? – eu tinha um bloqueio muito grande pra falar com ela, pra me aproximar dela.
Eu: Agora não mãe, por favor. Eu juro que eu explico depois, mas agora eu não consigo.
Mãe: Mas Júlia, eu não posso deixar você chorando assim. Eu tenho uma reunião agora, um almoço de negócios e mais duas reuniões a tarde. A noite eu vou ai, e você eu e a sua mãe vamos conversar ok?
Eu: Tá...
Mãe: Te amo...
Eu: Eu... – eu não conseguia falar o mesmo...
Mãe: Eu sei... – ela sempre dizia isso. Eu chorei o dia todo. Quase não almocei. Minha irmã foi pra casa com a mãe da amiga dela. No meio da tarde ela tava deitada achei estranho a Alice não é disso.
Eu: Alice, o que você tem?
Alice: Eu estou com um pouco de falta de ar...
Eu: Fez bombinha hoje? – ela é asmática.
Alice: Está no carro da mamãe. – fui no meu quarto e peguei na minha mochila. Todas nós temos uma bombinha, porque a Alice só não esquece ela mesma em casa porque é impossível. Então por segurança, minhas mães tem bombinhas, ela tem e eu também, caso ela precise.
Eu: Abre a boca – fiz a bombinha nela. – Você correu hoje?
Alice: Sim. Punição.
Eu: E por que você foi punida?
Alice: Por que eu sai do jogo e me sentei eu já não estava me sentindo bem, mas o professor Cássio não quis ouvir e me fez dar 10 voltas correndo na quadra. – eu tinha um ódio mortal dele. Tremendo babaca.
Eu: A mamãe vai saber Alice. A escola toda sabe que você tem asma e ele é um imbecil. –ela não disse nada. – Qualquer coisa me chama. - Voltei para o meu quarto abri o notebook e entrei no portal do colégio para ver o que teve na aula e comecei a fazer as lições. Meu celular começou a tocar, era a Hanna.
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NATIESE EM: A CULPA
FanfictionMeu nome é Priscilla Álvares Pugliese Felix, tenho 34 anos, sou médica cardiologista e cirurgiã geral, atualmente moro num condomínio na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro. Sou divorciada de Natalie Kate Smith de Almeida 35 anos arquiteta e engenheir...