Meu nome é Priscilla Álvares Pugliese Felix, tenho 34 anos, sou médica cardiologista e cirurgiã geral, atualmente moro num condomínio na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro. Sou divorciada de Natalie Kate Smith de Almeida 35 anos arquiteta e engenheir...
Eu acompanhei a Luíza, a Maria Clara fazia perguntas a ela a Luíza estava visivelmente nervosa.
Maria: Natalie, pode fechar a porta por favor?
Eu: Claro – esqueci a porta aberta.
Maria: Luíza preciso que abra as pernas.
Luíza: Não...
Eu e Maria: Como não?
Luíza: Ele... Ele não pode nascer.
Eu: Luíza, não tem essa de ele não pode nascer, uma hora ele tem que sair dai.
Luíza: Não agora. Não era pra ser assim. Era para o Rodrigo estar aqui. Isso não está certo – ela começou a chorar.
Eu: Ai meu Deus.
Maria: Luíza eu sei que a perda dele foi difícil e que nesse momento é ainda mais difícil pra você, eu sei que está com medo, mas precisa me deixar examinar você. Não podemos colocar a vida do seu bebê em risco. Você não está sozinha, não vai ficar sozinha, vamos fazer tudo como o bebê quiser, e como seu corpo aguentar – falava calmamente tentando acalmá-la.
Luíza: Não. Ele não vai nascer hoje, eu não estou pronta. Eu não posso fazer isso. – ela estava apavorada.
Maria: Calma, você pode sim, vamos ficar com você o tempo todo. Vou te dar dois minutos quer um pouco de água?
Luíza: Quero – ela tirou a luva e saiu e eu sai junto. Ela parou uma enfermeira.
Maria: Deixa uma sala de cirurgia pronta para uma cesárea de emergência. Se eu precisar eu aviso tá?
Enfermeira: Tá bom doutora.
Eu: Não pode força-la. – falei assustada.
Maria: Eu não vou fazer isso, mas ela está com muito medo. Eu não consegui tocar nela ainda. Se ela continuar resistindo por muito tempo o bebê vai entrar em sofrimento e se isso acontecer, vamos ter que fazer uma cesárea nela. Não sou a favor de cesáreas a menos que seja em ultimo caso, mas se ela continuar resistindo vamos ter que fazer. – mexia no celular.
Eu: Vou chamar a Priscilla.
Maria: Já chamei. – pegou a água e entrou. Odiava a petulância dela. Não demorou muito a Pri chegou. Ela bateu de leve na porta e entrou.
Pri: Avisei a Gabi, mas ela está no meio de um transplante ainda vai demorar umas cinco horas. O que houve?
Maria: Ela não quer que eu a examine.
Pri: Por que? – a olhou sem entender.
Luíza: Eu não consigo Pri eu não posso ter esse bebê sem o Rodrigo, eu não posso. – soluçava.
Pri: Luh, você pode e você tem que tê-lo sem o Rod. Eu estou aqui, a Natalie está aqui. Assim que puder a Gabi vai vir ficar com você. Você não está sozinha. Já falei com a mãe do Rodrigo também, ela vai vir pro Rio vai pedir dispensa no trabalho dela. Você não está sozinha, eu prometi a ele que cuidaria de você e dele, e eu vou cumprir eu estou aqui. Deixa a Maria Clara te examinar. Você é médica, sabe que está colocando seu bebê em risco recusando atendimento. Ela precisa ver como você está, como ele está. Eu não vou sair do seu lado. Vamos fazer isso juntas?
Maria: Está vendo só? Não está sozinha. – sorriu – Me deixa te examinar.
Luíza: Tá bom – ela se posicionou e a Maria Clara a examinou.
Maria: Eu senti o cabelinho dele, ele está bem posicionado e você está com 4 centímetros de dilatação. Vou te levar para uma sala de pré parto pra você ficar confortável tá? Lá você pode ficar na banheira, no chuveiro, na bola de pilates, dançar pra acelerar a dilatação. Chupar picolé de frutas porque não pode comer nada. Daqui a pouco eu vou te ver de novo. – fomos para uma sala de pré parto bem confortável. Ela ficou na bola de pilates um tempo, a Pri foi ver um paciente e logo voltou. As horas foram passando, a Luíza estava moída de dor e estava com 8 centímetros já no fim da tarde. Estava evoluindo rápido e ela não queria anestesia queria parto natural. Quando ela chegou nos 10 centímetros ela ficou apavorada.
Luíza: Está tudo errado, era para o Rodrigo estar aqui, eu não vou conseguir sem ele. Eu não posso fazer isso sem ele. – desandou a chorar.
Pri: Você consegue sim Luíza eu estou aqui e você consegue sim. Chega pra frente – subiu na cama ficando atrás dela. – Precisa empurrar está na hora, eu não vou te deixar sozinha ok? Você consegue sim, faz força vai... – ela empurrou uma vez. – Isso muito bem.
Maria: Calma, respira, a próxima contração você empurra novamente. – ela fez isso por cerca de uns 15 minutos até que ele saiu. A Maria Clara o tirou e colocou em cima dela. – Pronto mamãe... – a enfermeira o limpava e ele chorava. A Luíza tinha medo tocá-lo. Ela só chorava e ficava olhando pra ele em choque. A Pri ria e chorava.
Pri: Oi Gael... Bem vindo...
Eu: Oi amorzinho seja bem vindo – eu estava muito emocionada. A Luíza não soltava minha mão. A Gabi chegou na hora, a cirurgia dela tinha acabado.
Pri: Segura ele Luh... – ela o tocou e chorou ainda mais.
Luíza: Oi filho... Oi meu filho, bem vindo meu amor... Bem vindo... – a Pri saiu de trás dela, a Maria Clara acabou os procedimentos dela. As enfermeiras o pegaram um minutinho a pediatra o examinou, mediu e pesou enquanto outra enfermeira limpava a Luíza. Eu cortei o cordão dele, logo colocaram uma fralda nele uma touca e uma manta e deram a ela de novo já o colocando no peito pra mamar. – Oi meu amor você é perfeito demais filho.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Pediatra: Ele mede 46 centímetros e pesa 3,125. Está muito bem o apgar dele foi 9, já apliquei a primeira vitamina nele.
Eu: Ele é perfeitinho demais. – a Pri saiu da sala rapidamente.
Eu fiquei ali mais alguns minutos, a mãe do Rod estava lá, a Gabriela, a mãe da Luíza que tinha acabado de chegar de São Paulo, a irmã do Rodrigo também estava. Sai da sala a Maria Clara estava voltando pra lá. – Viu a minha mulher?
Maria: Foi pra sala dela.
Eu: Ela foi chamada pra alguma coisa?
Maria: Não. E talvez fosse bom você ir até lá. Ela estava chorando quando passou por mim. – eu achei estranho. Ela entrou na sala de parto que a Luíza estava e eu fui até o escritório da Priscilla. Abri a porta devagar. Ela estava em pé em frente a uma grande janela que dava a visão de toda a rua. Ela estava de braços cruzados e chorava silenciosamente.