Capítulo 41

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Terminei as visitas, dei algumas altas e fui ver minha filha. Ela estava chorando.

Nat: Calma filha, fica calma.

Eu: O que foi? – assustei.

Alice: Eu quero... sair daqui... Me leva pra casa...

Eu: Não pode ir pra casa ainda filha precisa se acalmar. Quanto mais nervosa você ficar, mais tempo aqui você vai ter que ficar. – a abracei e ela logo foi se acalmando. – Qualquer coisa manda me chamar. – atendi a manhã toda me dividindo entre minha filha e minha mãe e os atendimentos. Na hora do almoço eu fui até a cantina almocei e fui ver meus internos que tinham acabado de chegar. – Boa tarde crianças – assustaram. – Porque vocês sempre se assustam quando eu chego? – ri. – Bom, eu quero falar com vocês agora que estão reunidos, porque depois não vamos parar...

Gabriela: Desculpa o atraso.

Eu: O que faz aqui?
Gabriela: Eu trabalho aqui
– riu.

Eu: Tem certeza que está pronta?

Gabriela: Sim. Ficar em casa não está ajudando, preciso ocupar minha cabeça.

Eu: Então pessoal – me sentei – Eu vou tirar uma licença, trabalho hoje até as 18 horas e volto só em agosto. Eu preciso cuidar da minha filha e da minha mãe. Então vocês vão se dividir entre o Rodrigo e a Luíza nesse período. Sabem que a recuperação da minha filha é longa, e eu quero me dedicar a ela nesse período. – conversamos por uns vinte minutos sobre tudo isso e saímos. Entrei numa cirurgia e sai antes das 17 horas. Fiz mais alguns atendimentos e logo deu 18 horas. Tomei banho, me troquei e fui para UTI. – Vai descansar Natalie, eu fico com ela.

Nat: Você correu o dia todo Priscilla, fez cirurgias, atendimentos, consultas, e ainda veio aqui várias vezes. Vai pra casa descansa. Na hora que ela for medicada pra dormir eu vou pra casa.

Eu: Eu faço plantões de 48 horas Natalie, eu posso ficar algumas horas com a minha filha.

Nat: Nossa filha – eu rolei os olhos.

Eu: Vamos discutir isso mesmo? É sério?

Nat: Não é que parece que... – alguém gritou um médico e eu fui. Era no quarto da frente.

Eu: Ela não consegue respirar, preciso fazer uma traqueo... – coloquei a luva e fiz um corte na garganta dela. Saiu muito sangue – Aspira aqui – as enfermeiras me ajudavam. – Ela está com hemorragia, precisa de cirurgia. – O Rodrigo veio.

Rod: Eu sabia que isso ia acontecer... – a examinou – Vou leva-la para cirurgia. – eu fui até a porta do bloco cirúrgico com eles tirei tudo aquilo de mim e voltei.

Eu: Vai pra casa, assim que ela for medicada eu vou embora.

Nat: Tá bom Priscilla, tá bom – foi até ela – Até amanhã amorzinho, mamãe te ama.

Alice: Te amo – a beijou e saiu.

Eu: Hei... – ela começou a chorar – O que foi? – segurei sua mão e beijei – Por que está chorando?

Alice: Eu, quero ir pra casa...

Eu: Você vai, fica calma. Precisa manter a calma pra poder ir embora.
Alice: Eu quero ver a vovó...

Eu: Ela está no quarto já amor. Ela não pode ficar se locomovendo e nem você. Quando você for para o quarto, vão coloca-las juntas assim, você fica pertinho dela tá?

Alice: Tá... E a Júlia?

Eu: Ela está bem, está com saudade de você mexendo nas coisas dela sem pedir – ri e ela sorriu. Fiquei conversando com ela até virem examiná-la.

Hernandez: Preparada para ir para o quarto amanhã?

Eu: Sério?

Hernandez: Sim. Não vejo motivo pra ela ficar aqui. Ela está se recuperando e quanto mais rápido sair desse ambiente, e poder receber visitas, moderadas é claro, mais rápido ela melhora e poderá ir embora. E uma psicóloga vai falar com você amanhã de manhã tá mocinha? Sente dor?

Alice: No peito e nas costas.

Hernandez: Vou pedir para te virarem as vezes, pra ficar mais confortável. Você vai começar a andar também pelo quarto.

Alice: Isso é bom... – sorriu de leve. Ele explicou mais coisas e disse que ia pedir o jantar ela. – Você e a mama estão estranhas.

Eu: O que? Claro que não filha.

Alice: Estão mamãe, eu conheço vocês. Ela está pra baixo e você também. Estão dando indiretas de novo. O que foi? – eu suspirei.

Eu: Ela disse que me ama.

Alice: E isso não é bom?

Eu: Não sei se acredito nisso só isso. Acho que ela está agindo no calor da emoção por causa de tudo isso que está acontecendo, afinal vivemos isso a anos atrás.

Alice: Mãe, ela te ama de verdade. Não vê como ela te olha? Como ela sorri quando você chega? Como ela te faz carinho sendo que vocês não são casadas mais a anos? Ela te ama de verdade, eu acho que ela nunca deixou de te amar. Nenhuma das duas queriam se separar, tenho certeza.

Eu: Quando você fez 30 anos??? – rimos. Eu a ajudei a comer, a escovar os dentes. Ela tomou água e as 20:30 a medicaram e ela dormiu. – Te amo filha. Até amanhã... – a beijei e fui pra casa. Chegando em casa estava tudo silencioso e escuro. Quando cheguei no corredor do andar de cima ouvi pequenos soluços. Vinham do quarto da Júlia. Quando parei na porta, ela estava deitada, encolhida na cama e chorando. – Hei? O que foi?

Júlia: Mamãe... – o choro ganhou intensidade. Eu fiquei assustada, fui até ela e a abracei.

Eu: Hei, calma...

Júlia: Eu e a mama... A gente brigou.
Eu: E por que?

Júlia: Por causa do Pedro... – eu gelei. 

NATIESE EM: A CULPAOnde histórias criam vida. Descubra agora