Capítulo 43

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Quando sai de casa a Priscilla estava saindo também. Buzinei pra ela e ela buzinou pra mim. Cheguei no hospital, peguei a minha identificação e me encaminharam para um quarto, a Alice já tinha sido transferida. Ela ia ficar com a avó dela, mas acharam melhor não coloca-las juntas pra não ter tumulto.

Eu: Bom dia minha princesa – a enchi de beijos.

Alice: Bom dia mama... Eu vi a vovó. – sorriu de leve.

Eu: Que bom que a viu meu amor, e agora vai poder receber visitas dos seus amigos.

Alice: Eu quero ir pra casa mama... – começou a chorar. A Alice estava bem deprimida.

Eu: Eu sei filha, mas olha só, você ia ficar mais dois dias na UTI e já veio para o quarto, logo você vai embora. – alguém bateu na porta e eu fui abrir.

XX: Oi bom dia, sou Nayara Lopes, sou psicóloga.

Eu: Natalie Smith muito prazer, sou uma das mães da Alice.

XX: O prazer é todo meu. Ela recebeu indicação de psicólogo então eu vim falar com ela um pouco tá? 40 minutinhos.

Eu: Tá bom, eu vou tomar um café e volto depois. – peguei minha bolsa – A mamãe já volta tá filha – a beijei e sai do quarto. Encontrei a Priscilla no corredor. – Oi...

Pri: Oi. – ela estava cansada, parecia não ter dormido direito também. – Alice já foi para o quarto né?

Eu: Sim. A psicóloga está lá com ela, vou tomar um café.

Pri: Eu te acompanho – fizemos nosso pedido no restaurante do hospital e nos sentamos numa mesa mais isolada.

Eu: Conversou com a Júlia?

Pri: Sim – suspirou – Eu cheguei em casa ontem e ela estava em prantos.

Eu: Ela contou o que houve?

Pri: Sim. – ela não me olhava.

Eu: Eu nunca a culpei.

Pri: Mas na cabeça dela todos esses anos você a culpou Natalie. Por isso ela é tão arredia com você.

Eu: Priscilla, eu nunca falei que a culpa era dela, eu nunca a culpei de absolutamente nada. Eu fiquei tão assustada quando ela disse aquilo pra mim ontem que eu fiquei até sem reação. Esse finalmente é o motivo da minha filha não se aproximar de mim e viver brigando comigo. Ela se trancou no banheiro chorando não quis me ouvir, e eu... Eu fui embora pra casa, ela estava nervosa, eu estava nervosa, e não resolveríamos nada daquilo estando nervosas.

Pri: Quando nossas filhas choram, a gente não sai de perto Natalie. Mas ok. Seu histórico de fugir não é dos melhores – tomou o café.

Eu: Eu não fugi Priscilla, só achei que não resolveríamos nada estando daquele jeito. Pelo amor de Deus... A gente vai brigar por isso de novo? 8 anos depois? Tem certeza que vai jogar isso na minha cara? – já estava quase chorando.

Pri: Você que está repetindo a mesma situação. As coisas ficam difíceis e você foge.

Eu: Eu estou aqui o tempo todo, eu não saio mais desse hospital pra ficar com a nossa filha, ainda tento ajudar a nossa outra filha que por sinal me odeia porque acha que eu a culpo do que aconteceu com o nosso filho. Olha mais uma vez estamos discutindo.

Pri: E sem sentido. E você diz que me ama. Acha que poderemos funcionar novamente?

Eu: Eu gostaria de tentar Pri. Eu nunca deixei de te amar. Eu assinei aquela merda de divórcio sem querer e sim por me sentir acuada e obrigada.

Pri: Você foi embora...

Eu: Eu precisava ir, e você nunca me deixou explicar o que eu fiz esse tempo longe.

Pri: E o que isso mudaria Natalie? Isso não apaga o fato de que você abandonou a mim e as suas filhas.

Eu: Eu estava doente eu precisava ir.

Pri: Eu cuidaria de você, mas você não deixou. Você só dificultou tudo entre a gente...

Eu: Eu tentei me matar aquele dia que as meninas foram parar no hospital. Não era pra eu ter acordado na merda daquele dia. E eu vi que eu não podia mais continuar do jeito que eu estava...

Pri: Natalie aqui não é lugar...

Eu: Eu tentei tirar a minha vida você me escutou? Eu não estava viajando fora do país eu estava no Sul numa clinica de recuperação. Eu passei toda a porra do tempo que eu fiquei longe de você e das nossas filhas, numa clinica de reabilitação e quando eu voltei, você sequer me deixou explicar essa merda. – chorava e ela ficou estática. Ela não sabia disso eu nunca consegui contar isso. – Eu não fui embora, porque eu estava sendo uma filha da puta egoísta. Eu fui embora, pra ficar viva, pra me recuperar e você sequer quis me ouvir – solucei.

Pri: Eu era sua esposa, eu deveria saber disso desde o começo, eu poderia ter te ajudado Natalie e você fugiu. O que você queria que eu fizesse? Aqui não é lugar para falarmos disso Natalie estamos chamando muita atenção. – paguei a conta e fui para a recepção que fica em frente o quarto da Alice. A Priscilla entrou para ver a mãe dela e ficou por lá, logo ela veio e a psicóloga saiu.

Eu: E então Nayara? Como foi?

Nayara: Ela está bem abalada ainda, assustada com tudo que houve. Ela apresenta pequenas crises de pânico o que é normal quando passa por um trauma desse tamanho né? Mas com acompanhamento psicológico ela ficará bem. E eu vou solicitar a visita do psiquiatra, depois de passar o quadro dela a ele. Acho que alguma medicação para controlar todo esse turbilhão de emoções vai ajudar por algum tempo até que ela se sinta segura.

Eu: Obrigada. Obrigada por tudo...

Nayara: Esse é meu cartão. Eu atendo em consultório particular também, se quiserem marcar comigo e eu posso indicar outros profissionais também.

Eu:Ok, vamos marcar. Obrigada –ela foi embora e eu entrei.  – Oi filha...

Alice: Oi... A mamãe já chegou?

Eu: Já, ela foi tomar um café, deve passar pra ver sua avó e logo vem pra cá. Como foi a conversa com a psicóloga?

Alice: Foi boa, ela é legal. Ela disse que vai pedir um psiquiatra pra falar comigo.

Eu: Sim, ela falou mesmo.

Hernandez: Bom dia para minha paciente mais linda – entrou sorrindo.

Alice: Bom dia doutor – sorriu pra ele.

Hernandez: Bom dia Natalie... Como você tá?

Eu: Bom dia...

Alice: Sinto um pouco de dor no corpo, acho que é de ficar deitada.

Hernandez: Vou te examinar e vou pedir para as enfermeiras virem aqui, pra te ajudar a levantar e andar um pouco pelo quarto tá? Precisa movimentar. Vou te medicar pra dor. – ele a medicou e as enfermeiras vieram ajuda-la a se levantar.

Alice: Eu estou tonta.

Enfermeira 1: Sim, é normal, você está a muito tempo sem sair da cama, sem andar. – 10 minutos depois a Priscilla veio. Parecia ter chorado.

Pri: Olha quem está andando... – sorriu.

Alice: Oi mãe... – sorriu. Ela não me olhou, mas estava visivelmente triste. O celular dela tocou.

Pri: Alô? É ela, quem gostaria? Ah sim... Ok, eu estou indo. Obrigada – desligou. – Eu preciso sair e volto logo.

Eu: Aconteceu alguma coisa? – ela saiu sem falar nada. 

NATIESE EM: A CULPAOnde histórias criam vida. Descubra agora