Julia narrando
— Vamos sair. – Alexandre chamou no momento em que atendi o telefone.
— Nem um bom dia eu recebo?!
— Bom dia, Julia. Vamos sair.
— Não dá, tô na casa do meu avô.
— Ué, achei que você nunca visitasse seu avô. – Falou num tom de confusão.
— E eu nunca visito. É uma longa história, agora tô na Pedreira.
— Uau, meio longe né?! – Riu. – Aí é legal?
— Sim. O Thiago tá aqui, inclusive.
— Hum, imaginei. – Murmurou enciumado.
— Pode parar, hein?! Amo você.
— Você ama o seu melhor amigo, o Thiago.
— Deixa de drama. – Dei risada. – Você é o meu best.
— Besta é você!
— Não falei besta, falei best.
— Fofa! Amo você. – Falou e logo depois ouvi um som de beijo.
Ele desligou na minha cara, senhor.
Alexandre é meu melhor amigo - sim, ainda sou mais próxima dele do que do Thiago. Nos conhecemos desde quando eu tinha 3 anos e ele me fez comer massinha de modelar. Eu chorei, chamaram nossas mães e ficamos inseparáveis. Ele sabe coisas sobre mim que eu não ousaria contar pra ninguém, assim como eu sei os segredos mais pesados dele.
Liguei de volta.
— Nem quis me ouvir, né?! – Eu falei quando o Alexandre atendeu.
— Eu não sabia que você diria algo a mais. – Riu.
— Vai ter um baile aqui, você deveria vir. Não quero ficar sozinha.
— Não vai ficar sozinha, tem o seu pai, sua mãe, o Thiago, seus avós... Aliás, seus avós tem idade pra frequentar baile?
— Claro que tem. – Ri. – Vem mesmo assim, pega um uber e eu te encontro.
— Ai, Ju, você sabe que eu bem gosto dessas coisas.
— Não vou aceitar 'não' como resposta, beijo, tchau.
Encerrei a chamada e fui pro quarto que meu avô disse que eu dormiria. Era uma suíte, então tomei um banho, já que tava super calor e me sentei na cama pra pintar as unhas - claro que trouxe minha maleta de esmaltes e outra de maquiagem, senão não seria eu.
Tirei as cutículas, cortei um pouco, lixei e passei um esmalte azul bem claro. Passei um spray pra secar mais rápido e peguei o celular. Tinha algumas solicitações pra seguirem meu Instagram, aceitei todas, reconhecendo alguns rostos daqui. Fiquei a tarde inteira mexendo no meu celular e quando chegou a noite, comecei a me arrumar.
Gustavo narrando
Mano, aquela morena amiga chegou cheia de marra. Me fez rir, confesso. Depois dali, fui pra boca fazer umas cobranças pro meu pai e bem mais tarde cheguei em casa. Comi uma fatia de pizza requentada e bebi uma latinha de coca, depois só tomei banho e fiquei deitado na cama. Não tinha ninguém em casa, aproveitei pra fumar um e ficar tranquilo sem incômodos.
Mexendo no celular, aleatoriamente, encontrei a fresca – sem querer – no insta do meu irmão. Não que eu estivesse procurando por ela, na verdade, tava procurando OUTRA Julia. Ah, deu pra entender. O insta dela é privado, pedi pra seguir e alguns minutos depois ela aceitou a solicitação. Não vou negar, stalkeei pra caralho. Não tinha muita postagem, umas fotos numa praia, foto em Paris, Nova Iorque, é, a mina vivo na mordomia.

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Marginal
Fiksi Remaja[+16] Julia nasceu em berço de ouro. Literalmente. Filha de um cardiologista e uma nutricionista, nunca precisou chorar por não ter algo. Seu pai, ao contrário, passou anos lutando para ter a fortuna que conseguiu construir. Marcelo nasceu na favela...