Gustavo narrando
Tava trocando idéia com uma mina linda, na moral, aí do nada vejo a Julia andando até mim cambaleando e sorrido e pensei: fodeu.
- Gustavo! - Ela falou, depois se jogou em cima de mim e eu senti um cheiro forte de álcool. A Bruna, que conversava comigo, se afastou, a encarando com uma cara feia. - Cadê o Thi? Quero ir pra casa. - Fez bico.
- Porra, já tá bêbada?
- Quem é essa aí? - Bruna perguntou, a olhando com desdém.
- Ela é...
- Julia, prazer. - Falou com cinismo explícito na voz, segurei a risada.
- O prazer é todo seu. - A Bruna falou e cruzou os braços olhando pra mim. - Então, Gu, onde paramos?
- Gustavo, eu tô me sentindo mal. - Julia fechou os olhos e agarrou o meu pescoço, apoiando a cabeça no meu peito.
- Você tá interrompendo, querida. - Reclamou.
- Eu sei, e o Gustavo deve estar muito feliz por isso. - Julia rebateu e eu cobri sua boca com a mão.
- Desculpa, ela tá bêbada, falou sem pensar. - Sorri sem graça.
- E aí, vai ficar agarrado com ela ou vai me dar atenção?! - Bruna se irritou.
- Olha, é que... - Olhei ao redor, procurando o Thiago pra me ajudar, mas ele não tava em canto nenhum. - Eu preciso levar ela em casa, foi mal.
- É sério isso?! Você é o maior otário que eu já conheci! - Gritou irritada.
- Eu vou voltar, só...
- Vai se foder! - Revirou os olhos e saiu. Larguei a Julia, tirando a mão da boca dela.
- Tá vendo o que tu fez, caralho?! - Reclamei.
- Não grita comigo.
- Como não?! Veio aqui só pra atrapalhar.
- Eu quero ir pra casa!
- Por que não procurou o Thiago? Ele te leva!
- Porque não tava afim! - Me deu língua.
- Porra, Julia, comigo você não sai mais! - Revirei os olhos e puxei o braço dela de leve pra me acompanhar enquanto saía pela casa procurando o Thiago.
- Não faço questão de sair com você!
- Mas faz questão de encher o meu saco. - Ironizei. - Aliás, não era você que tava de cu doce me ignorando há uns dois dias?
- Não tava te ignorando.
- Tava sim!
- Você foi babaca e quer colocar a culpa em mim?! - Bufou.
- Eu fui babaca quando? - Me virei abruptamente, parando de andar. Seu corpo se chocou contra o meu e ela olhou para cima, observando meu rosto.
- Você sabe.
- Ah, claro, sei sim, acabei de olhar aqui na minha bola de cristal. - Revirei os olhos.
- Você tava implicando com o Eduardo sem motivo algum. Foi ridículo!
- Eu tava com ciúmes!
Puta que pariu. Existem certas coisas que eu odeio admitir. Ciúmes tá no topo da lista.
- Gustavo...
- Vamos encontrar o Thiago e ir embora. - Lhe interrompi, já querendo sair, mas sua mão alcançou a minha com força.
Me virei para Julia novamente, ela puxou meu rosto muito rápido e me beijou. Segurei sua cintura com firmeza, dando continuidade ao beijo. Caralho, olhar pra essa boca o dia inteiro e não poder beijar é, no mínimo, torturante. Nossas línguas tinham o encaixe perfeito para me deixar extasiado, eu sentia o meu interior formigar. Odeio o efeito que ela tem sobre mim.
- Gustavo, a gente... Eita!
Nos separamos repentinamente. Olhei pra cara de surpresa do Thiago e lambi os lábios, soltando um suspiro.
- Eu não posso deixar vocês sozinhos, né?! Ou brigam, ou transam.
- Ele sabe?! - Apontei pro Thiago, olhando pra Julia. Ela encolheu os ombros.
- É, ele descobriu sozinho...
- E você não me contou?
- Eu estava com raiva de você. - Franziu a testa.
- Julia, você é doida? Ele é meu irmão!
- Eu sei disso, mas ele também é meu amigo. Eu não precisei contar nada
- Parem de falar como se eu não estivesse aqui. - Thiago revirou os olhos. - Estava esperando o momento certo pra dizer que você - Apontou para mim. - precisa tomar juizo. Julia, você não me disse que não rolava mais nada?!
- E não rola.
- Isso aqui é o que então?!
- A culpa é sua. - Falei irritado.
- Ah, é mesmo? - Meu irmão perguntou com ironia.
- A gente tava te procurando pra ir embora, a Julia tá meio bêbada. - Me virei pra ela, que apertou os lábios e desviou o olhar.
- Eu nunca disse que tava bêbada.
- E fez aquela ceninha toda pra quê?!
- Eu quero ir embora, ué. Vamos?
- Gente, eu não tô entendendo nada. - O Thiago falou, rindo. Eu cruzei os braços, ainda encarando a Julia.
- Então tava com ciúmes. - Murmurei.
- Não tava não. - Revirou os olhos.
- Não foi uma pergunta.
- A gente não tava indo embora?! Vamos! - Cruzou os braços e foi andando na frente, com a cara toda vermelha. Dei um sorriso de lado.
- Ai, ai, ai... Cuidado, Gustavo.
- Com o quê?!
- Esse coração aí.
- Que coração, moleque? Tá viajando. - Ri e saí andando, ele me acompanhou.
- Você tá de quatro por ela.
- Não tô curtindo esse papo de ficar de quatro não, hein.
- Pode rir da própria desgraça. - Começou a gargalhar. - Nunca te vi ficar assim por ninguém...
- Assim como?
- Apaixonado.
- Tá de caô? Deus me livre. - Arregalei os olhos. - É só atração. Não mistura as coisas.
- Vish, já vi que você ainda tá na fase da negação, nem vou insistir.
Bufei e caminhei mais rápido até o carro. Julia já nos esperava lá. Joguei a chave pro Thiago e ele dirigiu, enquanto eu ia no banco do passageiro com cara de cu.
∆
vocês pediram, mas eu não poupei ela da vergonha, perdoem a autora 🙏🏻
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Marginal
Teen Fiction[+16] Julia nasceu em berço de ouro. Literalmente. Filha de um cardiologista e uma nutricionista, nunca precisou chorar por não ter algo. Seu pai, ao contrário, passou anos lutando para ter a fortuna que conseguiu construir. Marcelo nasceu na favela...