Dezessete

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Julia narrando

Cheguei no colégio com a maior preguiça, queria voltar para casa, e a primeira aula nem tinha começado ainda. Coloquei minha mochila em cima da mesa e logo vi Alê entrando na sala, com aquela cara de tédio de sempre e fones de ouvido. Ele se sentou atrás de mim.

-— Bom dia! – O cumprimentei.

— Péssimo dia, Julia. Hoje a gente aula até mais tarde.

— Credo, como você é negativo.

— Aham. – Cruzou os braços.

— O que foi?

— Você fodeu de novo com o seu primo? - Arregalei os olhos.

— Fala baixo, Alexandre, meu Deus.

— Sim ou não?

— Eu ia te contar. – Revirei os olhos. – Como você descobriu?

— OTulio me contou.

— Não sabia que vocês eram tão próximos. – Franzi a testa.

— Não somos. – Deu de ombros.

A professora chegou na sala e eu me virei para a frente. Era aula de biologia, um saco. Camila só chegou no segundo horário. Ela é a mais preguiçosa de nós, vive pra comer e dormir. Durante os próximos horários tivemos aula prática de educação física, o professor é muito lesado, então a gente trapaceia bastante em todos os jogos. Algumas pessoas acabaram discutindo por conta disso, mas não foi nada demais, briguinha besta. Tomei banho ao acabar a aula e fui até a cantina comprar meu lanche.

— Bom dia, Milena. – Cumprimentei tia da merenda.

— Bom dia, mocinha. Sentimos sua falta aqui na semana passada. – Abri um sorriso fraco, pensando nas aulas que perdi quando meu avô faleceu.

— Voltei e tô morrendo de fome. – Ela riu.

— O mesmo lanche de sempre? – Assenti.

Milena me entregou uma bandeja, nela havia um sanduíche natural e suco de abacaxi com hortelã. Sentei numa mesa e logo Camila se sentou ao meu lado. Procurei Alexandre com os olhos e ele estava conversando com uma garota toda tatuada, baixinha e de cabelos pretos longos. Logo ambos vieram até nossa mesa.

— Julia, Camila, essa é Valentina. – Sorri e me levantei.

— Oi, tudo bem? Prazer.

Camila se levantou para cumprimentá-la também, voltei para o meu lanche e já estava terminando meu sanduíche. Eu e a Valentina conversamos bastante, ela era um amor. Disse que trocou de escola porque teve problemas na outra (que preferiu não citar, não insisti), Thiago veio até nós em algum momento, cumprimentou todos na mesa e deu um selinho na Camila. Eles são o casal mais fofo do mundo, meu Deus, tomara que eu exploda de tanto amor.

Terminei de comer e fui ao banheiro, logo depois voltei para a sala, já que teria aula de história.

— Onde você conheceu aquela garota? – Perguntei pro Alê.

— Foi num dia que você faltou. Ela achou meu fone que eu tinha deixado cair.

— Ela é legal.

— Acho que sim. – Deu de ombros.

— Acha? – Perguntei.

— A gente nem se conhece direito.

— Ah, mas ela te encarou bastante né...

— Não viaja, Júlia. – Deu risada.

No fim do dia, às 18h todas as minhas aulas acabaram (amém). Nos dias de terça e quinta-feira tenho aula até as 18h; segunda, quarta e sexta, até as 12h. Meu pai me esperava na saída do colégio, me despedi do Alê e da Camila e entrei no carro, ele seguiu pra casa. Ao chegar, tomei um banho rápido e vesti um short branco, cropped preto de manga ciganinha, calcei meu vans, prendi os cabelos num rabo de cavalo e passei pouca maquiagem. Arrumei minha outra mochila com um caderno de uma matéria, meu estojo e um livro, nem tive tempo de falar direito com meus pais, só fui logo pro curso de francês. Eu já faço o curso a um tempo, então estou no nível intermediário, quase avançado.

Ele explicou algumas coisas e logo depois passou um exercício simples, foi tirando nossas dúvidas e às 20:30 pude voltar para casa. Cheguei morta, fui para a despensa e peguei um pacote de cookies, amo esse biscoito. Caminhei até a sala, onde vi minha mãe sentada no sofá com um livro em mãos.

— Mãe, vou ligar a tv, tá? – Ela me olhou entediada.

— Deixa o volume baixo. – Assenti e me sentei ao seu lado. Minha mãe odeia ser incomodada quando está lendo, não julgo, também sou assim.

Liguei a TV, coloquei na Netflix e continuei assistindo um episódio de American Horror Story. Meia hora depois, meu pai chegou em casa. Abriu a porta lentamente e colocou a chave do carro no suporte do painel suspenso da TV, logo depois nos olhou sorridente.

— O que foi? – Minha mãe perguntou curiosa.

— Tive uma reunião hoje com aquela sócia investidora de Nova Iorque. Ela está disposta a investir na hospital para que eu possa construir uma clínica nos Estados Unidos.

— Meu Deus, que bom, amor! – Minha mãe se levantou para abraçá-lo, fiz o mesmo.

— É ótimo, não posso perder essa chance. Em dois dias pego um vôo pra lá.

— Posso ir? – Pedi animada.

— Você não tem que ir pra escola?

— Pai, fala sério, é Nova York! Sem contar que eu já tô aprovada em todas as matérias.

— Não sei não...

— Eu posso pegar a matéria atrasada com o Alexandre! – Ele suspirou.

— Certo, então todos nós vamos. Estamos realmente precisando de férias. Acho que ficaremos por 5 dias.

— Vou arrumar minhas malas. – Subi as escadas saltitando e com um sorriso capaz de rasgar o rosto.

Amo meu pai.

Ao entrar no quarto, fui até o closet e peguei duas malas grandes. Como estamos em novembro, deve estar frio em Nova York, então peguei blusas de manga longa e algumas roupas que comprei no inverno mas nunca usei, ainda estavam com a etiqueta. Enchi uma mala de roupas, sabia que não usaria tudo aquilo mas iria levar mesmo assim. A segunda mala era mais organizada, tinha divisões. Em uma divisão coloquei os sapatos: dois saltos, cinco tênis e um chinelo branco de tira larga da puma. Na outra divisão coloquei todas as minhas maquiagens. Na terceira coloquei minha toalha (porque eu odeio usar toalha de hotel, me julgue), sabonete, shampoo, pente, creme corporal, desodorante, perfume, escova de dentes, creme dental. Por fim, preenchi a quarta e última divisão com secador, prancha, babyliss e escova.

Já eram 22h quando terminei tudo, mandei mensagem pro Alê, ele ficou feliz comigo, depois dormi.


o livro chegou a 1K!!!! gente do céu, tô tão feliz! sou MUITO grata a quem tá lendo, de verdade ♡

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