[+16] Julia nasceu em berço de ouro. Literalmente. Filha de um cardiologista e uma nutricionista, nunca precisou chorar por não ter algo. Seu pai, ao contrário, passou anos lutando para ter a fortuna que conseguiu construir. Marcelo nasceu na favela...
Inúmeras peças de roupas estavam jogadas sobre a minha cama, junto à minha maleta de maquiagem. Eu estava de frente pro espelho terminando de pranchar o cabelo, ainda usando um roupão. Após terminar, coloquei o vestido novo que mamãe me deu e fiquei me achando. Dei uma voltinha na frente do espelho, gostando do resultado. Calcei um salto de bico fino preto e passei um pouco de perfume. Como estava me sentindo linda, tirei uma foto pra postar. Meu pai já estava ficando doido de tanto esperar, então desci rápido e entrei no banco de trás do carro.
— Você tá linda. – Minha mãe se virou no banco da frente.
— Obrigada, mãe. Você também.
Meu pai dirigiu até o Fasano Al Mare. Estávamos indo a um jantar de negócios, meu pai tava fechando uma parceria que poderia ser muito boa pro hospital com uns investidores de Portugal. No carro, postei a foto.
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juliamuller 🍷
Comentários:
thi.carvalho eita, ela é toda toda cmilavasconcelos quer namorar comigo, princesa? cmilavasconcelos linda demais maravilhosa alexandrealencar linda de vermelho pra representar as lágrimas de sangue que as inimigas estão chorando agora.
Dei muita risada com aquele comentário do Alê, mas logo coloquei o celular no silencioso e bloqueei a tela. O caminho da minha casa até o restaurante era curto, em 10min já havíamos chegado. Meu pai segurou a cintura da minha mãe e eles entraram na frente.
Minha mãe era, provavelmente, a mulher mais linda que eu já havia visto. Ela tinha descendência hispânica, seus olhos eram de um preto muito escuro e brilhante, cabelos castanho escuro e na altura do pescoço, o corpo, definido como uma ampulheta. Media 1,68 e tinha um bronzeado natural que atraía os olhares de qualquer um. Meu pai sempre faz tudo que ela quer, e eu não julgo.
Um garçom nos dirigiu até a mesa reservada numa área mais privada do restaurante, as janelas eram cobertas por cortinas de linho. Poderíamos abri-las se quiséssemos, pedi ao garçom que diminuísse a temperatura do ambiente, já que eu estava derretendo. Me sentei na terceira cadeira, do lado da minha mãe, que estava na segunda. Meu pai se sentou na primeira e esperamos pelos convidados bebendo vinho tinto. Quando chegaram, foram recebidos com sorrisos e muita simpatia.
Eram dois casais, um deles trouxe uma garota, criança, deveria ter no máximo 9 anos de idade. O outro casal trouxe seu filho também, aparentava ter a minha idade, pelo menos eu não ficaria sozinha. Nossa entrada foi Agnolotti Di Cordeiro, Creme de Mussarela de Búfala e Cogumelos Porcini fresco.
— Então, você nasceu aqui? – O garoto, Eduardo, puxou assunto comigo, visto que todos na mesa estavam envolvidos numa conversa.
— Sim. E você, é de qual cidade em Portugal?
— Porto. – Sorriu.
— Ah, eu visitei Porto alguns anos atrás. É lindo.
— Nada se compara à cidade maravilhosa!
Dei uma risada e continuamos a conversa. Ele até perguntou sobre a minha família, mas eu apenas gargalhei baixo e soltei um "nem queira saber sobre". Às vezes eu me perdia no que estava dizendo, mas ele ria e repetia, mais devagar. Portugueses tem o hábito de falar muito rápido. Eduardo tinha uma irmã que se chamava Catarina, um melhor amigo chamado Cristian e um gato, o qual ele nomeou apenas de gato mesmo. Ele é um amor e muito bonito.
Passamos uma noite agradável, após comer a sobremesa, pude voltar para casa. Já se passava das 1h quando entrei no meu quarto, meus pés estavam sofrendo dentro daquele salto, eu estava morrendo de sono e ao ver aquela montanha de roupas na minha cama, desanimei completamente. Simplesmente tirei os sapatos, o vestido e o sutiã, apaguei a luz, liguei o ar condicionado e me deitei em cima das roupas mesmo. Não demorei nem 5min pra dormir.
Gemi frustrada ao acordar no sábado com batidas agressivas na porta. Minha mãe gritava meu nome e eu só queria que ela desistisse em algum momento para que eu pudesse voltar a dormir, o que não aconteceu.
— Julia, deixa de ser preguiçosa! Já é quase meio dia, anda, vai se arrumar.
— Aham, mãe, tô indo. – Bocejei, de olhos fechados. – Me arrumar pra quê?
— Pro churrasco na piscina do aniversário do seu primo.
— Que primo?
— O Gustavo, né garota. – Arregalei os olhos. – Anda, levanta logo antes que eu te leve arrastada.
— Ah... tô me sentindo mal. – Comprimi os lábios.
— O que você tem? – Pensei por alguns segundos.
— Cólica. – Minha mãe fez um estalo com a boca.
— Toma um banho e se troca, vou pegar um remédio pra você.
Ouvi ela se afastando da porta e bufei. Se você acha que eu tô evitando o meu primo, tá completamente certo. É muito constrangedor cara, morro de vergonha por estar indo pro seu aniversário depois de transar com ele, sabendo que a Jéssica provavelmente vai estar lá.
Levantei da cama com preguiça e fui até o banheiro, tomei um banho gelado e escovei os dentes. Após o banho, vesti um biquíni preto e um cropped branco de manga ciganinha, short vinho e calcei um chinelo slide da nike com uma estampa florida. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto e passei base a prova d'água no rosto. Depois de arrumar uma bolsa com toalha, protetor solar, fone de ouvido e celular, desci. Minha mãe já veio até mim enfiando um remédio na minha boca, bebi a água e o engoli sem reclamar. Eu não estava com cólica, mas não queria que minha mãe me achasse uma mentirosa, por mais que eu fosse.
Meu pai terminou de se arrumar depois de séculos, entramos no carro e eu fui o caminho todo conversando com o Alê.
Eu | 13:05
tô indo pro aniversário do Gustavo
#desesperointerno
Alexandre | 13:06 KKKKK boa sorte, ninguém mandou dar
Eu | 13:06 af, é sério Alexandre, quer ir comigo?
Alexandre | 13:07 se toca menina, nem fui convidado. além do mais, já tenho coisa pra fazer hoje.
Eu | 13:08 que coisa?
Alexandre | 13:08 vou no cinema com um amigo
Eu | 13:09 credo, e nem me chamou?
Alexandre | 13:11 mas você é dramática viu
Achei estranho, mas não falei nada. Mandei uma risada e bloqueei a tela do celular ao ver que estávamos chegando.
∆ sei que os dois últimos capítulos foram meio blé, mas era só pra mostrar a vocês como é normalmente a vida do Gustavo e a da Julia, pra vcs notarem as diferenças e tal...
