Cinquenta e sete

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Julia narrando

Quando voltei pra perto dos meus amigos, recebi vários olhares desconfiados.

— Calem a boca. – Pedi, antes mesmo que dissessem algo. Camila deu risada e estendeu uma canga de praia. – Pra que isso?

— Pra parar de exibir esses tapas que você levou na bunda.

Senti minhas bochechas esquentarem e peguei a canga de sua mão, amarrando na cintura. Alexandre deu uma gargalhada e ela o acompanhou, me fazendo cruzar os braços e virar a cara.

— "Somos só amigos!" – Alê debochou.

— Ai ai, os sacrifícios que fazemos pela amizade... – Camila sorriu irônica.

— Deve ser tão bom ter um ombro amigo pra todas as horas... – Ele continuou.

— Ou uma piroca amiga... – Ela sussurrou e os dois compartilharam uma risada.

— Falem comigo quando acabar o estoque de piadas ruins. – Cruzei os braços, virando o rosto.

— Que isso, não precisa ficar com vergonha! – Falou, colocando as mãos nos meus ombros. – Mas você tem que aprender a ser mais discreta. Sério.

— Eu concordo. – Alê sorriu de lado.

Bufei, apenas querendo que o assunto morresse. Os dois ainda me zoaram quando fomos dar um mergulho, enquanto conversávamos e até que estivéssemos em terra firme. E a partir daí, me zoaram no caminho pra casa do Alexandre também, onde passaríamos a noite. Tomei um banho lá, lavei os cabelos pra tirar o sal do mar e usei uma toalha limpa que ele me emprestou.

Vesti uma roupa limpa que tinha na bolsa e passei meu hidratante corporal, pra aliviar as queimaduras de sol, depois fui até a sala, onde os dois já estavam escolhendo um filme ou série. Sentei no sofá do lado da Camila e peguei o celular pra mandar uma mensagem pro meu pai.

Eu | 19:34
vou dormir no Alexandre hoje

Pai | 19:36
No Alexandre, né?

Eu | 19:36
é.

Pai | 19:36
Certo.

Dei um suspiro, sabendo que ele não tinha acreditado, mas também não me importei muito. Fizemos um brigadeiro de leite ninho e comemos assistindo Friends. Tava com saudade de ficar assim com os meus melhores amigos.

— Gente, acho que vou terminar com o Thiago. – A Camila falou.

— Mas por quê?! – Alê perguntou.

— Vai ser melhor assim. – Deu de ombros. – Eu quero fazer faculdade fora, e ele não aceita, já deixou isso bem claro. Acho melhor terminar agora do que ficarmos juntos brigando sempre pelo mesmo motivo.

— O que exatamente ele não aceita?

— Namorar a distância. Ele é um teimoso. – Respirou fundo. – É o amor da minha vida, mas não quer me entender.

— Amiga... – Acariciei seu cabelo. – Ele só não quer ficar longe de você. Talvez seja melhor dar um tempo, vocês dois pensam direitinho nisso tudo, quando tu estiver indo pra faculdade, os dois sentam e decidem se vão terminar definitivamente.

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