eu queria conhecê-lo

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Na semana passada, assim que Mark foi embora, descobri que ele morava muito mais perto de mim do que eu imaginava. E sua casa nem era tão longe assim, eram só três ruas depois da minha. Mas se for contar pelo seu passo vagaroso e lento, realmente fica longe. Eu falei exatamente isso para ele, mas ele me disse que não anda devagar e que sou apenas eu que ando muito rápido. Ficamos rindo disso por um tempão, ainda me lembro. Acho que adquiri uma intimidade pequena com Mark.

— Yah, vocês viram as divulgações da festa do Taeyong-hyung? — pergunta Chenle, sentando-se em sua carteira.

— As da festa dele? Eu vi — diz Jeno. — Vocês vão?

— Se minha mãe deixar — dou de ombros.

Mark me cutuca o ombro, questionando não muito alto: — Hyuck, quem é Taeyong?

— É um dos jogadores de basquete do terceiro ano — respondo simples.

— Ele convida as pessoas aleatoriamente para as festas dele?

— Sim! — Jaemin responde Mark com entusiasmo. — Todo ano ele faz uma festa no aniversário dele. Pra mim, o melhor é que tem comida de graça e não precisa nem levar presente.

Todos rimos da piada do Na, inclusive Mark. Também informamos ao estrangeiro que praticamente todo o ensino médio é convidado para a festa. Ele me parece surpreso, pois fica boquiaberto com cada fato sobre Taeyong que nós lhe contamos. Diz que o Lee parece o Jackson das fanfics e todos riem de sua piada também, até Renjun.

— Ahm... Hyuck? — chama num sussurro perto de meu ouvido. — Se você for, eu posso ir com você?

— Claro, hyung — digo simples. — Minha mãe provavelmente vai deixar, então qualquer coisa eu te aviso e a gente se encontra por aí.

Ele confirma e fica passando a mão pelo cabelo de um jeito que chamou minha atenção, não vou negar, mas não é nada anormal. Mark me chama atenção. Todo mundo sabe. Professor Park fica explicando uns assuntos da linguagem coreana no quadro branco enquanto os alunos anotam os tópicos. Troco as cores das canetinhas coloridas para ficar mais prático de estudar depois.

O tempo do professor de coreano passa, então chega o de matemática. Reviro os olhos. Não é que eu não goste dele, eu não gosto é da matéria dele mesmo. Também não é como se eu fosse fã dele, mas tudo bem. Tem coisas que a gente precisa aturar. Chenle adormeceu com a cabeça sobre os braços. Eu e Jeno percebemos, então ficamos fazendo piada sobre ele, rindo até que Renjun e Jaemin notassem e começassem a rir também. É horrível estar se segurando pra não rir, mas você olha para os seus amigos e eles estão do mesmo jeito. Que ódio.

O professor Shin nos olha feio, fazendo-me esconder o riso que quer se formar nos lábios por trás da palma da minha mão. O canadense me olha de canto, com um sorrisinho na lateral dos lábios. Finalmente consigo parar de rir. Olho para Jaemin e ele também conseguiu controlar a risada. E nesse tempo todo, Jisung não riu nada, só ficou olhando para o chinês adormecido como se o admirasse. Essa gente apaixonada me faz querer virar os olhos, credo.

Passamos todo o terceiro tempo sem nos falar, até que o alarme toca novamente e todos saímos para o recreio. Jeno acordou Chenle com um tapa fraco mas estalado no meio de suas costas, então todos rimos. O Zhong sai choramingando para o lado de Jisung, que parece não ligar muito para o mais velho. Eles vão andando na frente, enquanto eu e Mark vamos nos passos vagarosos aqui atrás.

— Você acha que o seu amigo já gosta de mim agora?

— Acho que o coração dele já está amolecendo — sorrio aberto. — Relaxa, já já ele vai estar gostando de você também. Você é mó legal, Canadá.

— Ei! — acertou-me um soco fraco pouco abaixo do ombro. Passo a mão sobre a área para fingir que doeu. — Te machuquei?

— Nada, tudo bem — passo a mão levemente sobre seu braço.

Andamos mais um pouco, chutamos algumas pedrinhas e nos perdemos dos meus amigos. Paramos em frente a quadra, então nos sentamos na arquibancada e assistimos o jogo.

— Olha, Mark, tá vendo aquele alí de cabelo platinado? É o Taeyong-hyung.

— Ah, sim — diz parecendo fascinado.— Wow, ele parece ser tão legal. Eu queria conhecê-lo.

Lee fala como se Taeyong fosse a pessoa mais incrível do mundo. Não tira o sorriso do rosto ao vê-lo jogar. Acho que nunca o vi tão empolgado assistindo um jogo de basquete da escola, juro. Vibra junto com os jogadores quando um deles faz uma cesta. Fico pensando no quanto será que ele gosta de assistir a jogos de basquete, então concluo que certamente deve amar muito. Até segura meu pulso e o põe para cima para parecer que também estou vibrando com o ponto marcado.

— Mark, acho que vou indo... — mordo os lábios em hesitação.

— Por que? — faz biquinho. — Fica aqui mais um pouquinho, quando tocar o alarme a gente vai.

Sento-me de volta sem nem perceber que ele estava segurando minha mão enquanto me pedia para ficar. Não quero alimentar minhas esperanças com Mark, mas ele também não colabora. Ou colabora. Nem sei. Só sei que na saída da escola, ele me acompanhou e deixou em casa. Isso pode soar tão clichê. Ou talvez não. Mas eu gostei, ele é fofo.

— Mãe? — chamo alto quando chego em casa.

— Oi, Haechan — deixou-me um beijo na testa e foi até a cozinha. Posso sentir o cheiro do almoço.

Vou até o quarto, deixo minha mochila, troco de roupa e vou falar com Maggie. Deixo que lamba meu rosto e até a abraço. Desço as escadas pensando no jeito mais ingênuo de se pedir para ir numa festa. Espero que a mais velha se sente no lugar a minha frente para finalmente tomar coragem e falar consigo.

— Hm... Mãe?

— Sim, Haechan? — responde sorrindo radiante.

— Eu queria pedir algo para a senhora... — tento sorrir ingênuo, mas ela me olha com repreensão. — Não é nada de ruim, eu só queria saber se eu posso ir na festa do Taeyong-hyung. Sabe, eu já estou bem crescido.

— Hm, sei... — mexe na comida em seu prato. — Alguém que você conhece vai estar lá? Com quem você vai?

— Os meninos disseram que vão, então eu queria poder ir também...

— Se você jurar que vai voltar até às nove da noite, pode ir — diz simples, com uma sobrancelha arqueada. Agradeço-a e até deixo um beijo em sua bochecha quando termino de almoçar.

Me sento no sofá e vou direto passar mensagem para Mark e no grupo dos meus amigos. Aos mais próximos, apenas comemoro que minha mãe autorizou, e ao canadense eu digo que devemos nos encontrar antes de ir a festa. Sorrio quando responde dizendo-me que pode passar aqui em casa antes de irmos à festa.

— Nunca te vi querer ir numa festa por vontade própria, pequeno — diz a mais velha, me fazendo um cafuné. — Você quer ir ver alguém?

— Nossa, como você sabe? — arregalo os olhos.

— Não é tão difícil de adivinhar sabendo que você nem é tão fã de festas, então achei que você talvez estivesse indo só por alguém — disse com um sorriso convencido. — Posso saber com quem você vai querer ficar?

— Bom, eu conheci um menino no início das aulas e, nossa, ele é tão legal. E ele também é muito bonito, juro.

— Gostaria de poder conhecê-lo um dia, já que você parece gostar tanto assim dele... Mas, sabe, você vai ficar bem nessa festa? É que normalmente essas festas de adolescente são escuras e tal...

— Vai ficar tudo bem, omma — abraço-a. — Eu só quero ir pra ver se consigo ficar com o Mark.

— Ah, então o nome dele é Mark?

Rio por causa do seu tom de voz sarcástico, e a mesma me acompanha. Acho engraçado como ela talvez me conheça melhor do que eu mesmo.

Colors ៚ Markhyuck (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora