— Continua contando, Haechan — pede após se acalmar e respirar fundo.
— E então, por último, desejou que eu nunca me esquecesse de quem ele era e o que fez comigo. Os amigos dele me bateram mais incontáveis vezes com a caceta daqueles canos. Atingiram-me os ombros, o peito, as costelas, o abdômen e as coxas, e depois foram embora. Me deixaram sozinho naquele lugar escuro, silencioso e frio. Eu estava ensanguentado, podia sentir meu próprio sangue escorrendo por debaixo do meu uniforme da escola. Me deixaram sozinho, sem nem ter força para pedir socorro.
— Como você saiu de lá? — Mark pergunta ainda entre soluços e com a voz trêmula.
— Bom, passaram uns cinco minutos e eu realmente não podia ver mais nada, nem as pequenas brechas na venda, porquê eu havia desmaiado. Não sei ao certo quanto tempo fiquei desacordado naquela cadeira, só sei que acordei com o barulho estrondoso da polícia arrombando o portão daquele galpão. Com eles, estava a mamãe, o papai e alguns dos meus amigos. Os policiais me levaram ao hospital e eu fiquei internado por uns três dias, com fraturas pouco graves principalmente nas costelas. Cheguei perto de quebrá-las, mas felizmente não aconteceu. Quando acordei, vi Jaemin deitado apenas com a cabeça sobre a maca do hospital, segurando minha mão com pouca força, porquê já estava dormindo. Mamãe e papai dormiam no sofá do quarto onde fiquei.
Faço uma breve pausa, tentando lembrar o quê aconteceu depois do momento que acordei. Enquanto não me lembro, limpo as lágrimas rasas que escorrem pelas bochechas do Mark.
— Para economizar a pouca força que eu tinha para falar, cutuquei Jaemin algumas vezes e ele acordou, assim como a mamãe e o papai, mas todos se puseram a chorar quando viram que eu estava acordado. Assim que tomei fôlego para falar, consegui apenas dizer que havia sido espancado por Jinyoung e os amigos dele. Foi nessa hora que eu vi a pior imagem de toda a minha vida. Olhei para a mamãe e ela havia caído de joelhos, próximo da maca onde eu estava deitado. Até hoje me lembro perfeitamente do seu cabelo grudando no rosto por causa das lágrimas e seus ombros caídos em decepção. Enquanto consolava-a, papai pediu para Jaemin ir até o corredor do hospital e ver se tinha algum médico por perto para ver como eu estava. Uma enfermeira disse que eu já estava minimamente melhor, mas ainda teria que passar dias internado, tratando dos meus ossos feridos.
— Quem achou você no galpão?
— Chenle rastreou meu celular e me achou. Por sorte, os viadinhos tinham deixado minha mochila ainda dentro do galpão, por isso puderam me achar. Após a enfermeira ir embora, mamãe veio até mim e disse que eu passei três horas sumido. Ela contou que chegou em casa e passou horas me esperando, mas eu nunca chegava. Ela falou que ligou para todas as mães dos meus amigos, pois não conseguia falar diretamente comigo, mas todas elas disseram que eu não estava em nenhuma de suas casas. Mamãe disse que foi na delegacia o mais rápido possível, entregou o endereço onde eu estava e pediu ajuda para ir até lá, porquê estava com medo de ir sozinha e ter alguém armado lá.
— Pelo menos não pediram dinheiro para te devolver...
— Exato, papai pensou a mesmo coisa. Então, após eu pegar alta do hospital, fomos direto para casa. Era fim de tarde quente, então tomei um bom banho gelado e fui me deitar. Assim que deitei em minha cama, olhei para cima e desabei em choro. Eu não conseguia chorar baixo, como costumava fazer antes, pois tudo em mim ainda doía e eu não tinha um segundo de paz. Toda hora minha mente me atormentava, me aterrorizava com aqueles barulhos dos canos arrastando no chão e batendo contra meus ossos. Mamãe me ouviu chorando, então foi até meu quarto e me abraçou, enquanto papai chorava no sofá da sala. Então, foi escurecendo e chegando a hora de dormir. Como minha mãe já tinha passado a tarde comigo, meu pai veio passar a noite. Mas eu não conseguia dormir de jeito nenhum.
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Colors ៚ Markhyuck (Hiatus)
Fiksi PenggemarOnde Donghyuck é um garoto colorido e alegre, dono de um mundo cheio de cores diferentes. Mas apenas com um deslize de Mark, seu mundo parece perder toda a coloração, ficando apenas em tons de preto e branco. Markhyuck longfic.