eu não sei quem era

115 19 17
                                    

Estou finalmente saindo da escola com Mark e ele não para de tagarelar no meu ouvido ao falar sobre Taeyong. Estou quase dizendo para ele voltar lá e pedir um autógrafo do hyung bem na testa para mostrar à todos.

— Por que você não tenta se aproximar mais dele, já que gosta tanto dele assim?

— Porque eu temo ser ignorado e eu ainda tenho um pouquinho de medo dele.

Quando o olho, ele parece pensativo e um bico habita-lhe os lábios. Ele é mais velho que eu, mas ainda assim consegue ser mil vezes mais fofo. Às vezes eu olho pra ele e fico pensando no quanto a minha mãe ia gostar dele, mas logo depois me lembro de que não somos mais que amigos. Isso me faz dar um sorriso sem a mínima graça, porque costumo me imaginar em situações em que tenho total consciência de que não me meteria.

— Qual sorvete você vai querer, Hyuckie? — fica esperando pacientemente por mim enquanto eu ainda analiso o cardápio.

— Eu quero um de frutas vermelhas.

Falei com um pouco de pressa pois estava recebendo uma ligação de um mesmo número pela segunda vez. Me afasto um pouco de Mark e do carro de sorvetes para atender ao telefone.

— Alô?

É o Donghyuck?

— Quem é você?

Um dia você descobre. Até mais.

Então o número desconhecido desliga a chamada sem nem sequer dar tempo de eu reconhecer a voz. Fico encarando a chamada finalizada na tela fria do meu celular, sem saber muito o que fazer. Por fim, guardo-o de volta no bolso da minha calça ainda com expressão confusa. Volto até Mark e ele está com o meu sorvete em uma mão e o seu próprio em outra, no qual parece ser de chocolate.

— Quem era no telefone? — recebo o sorvete de suas mãos.

— Eu não sei quem era. A pessoa sequer disse o nome.

— Devia ser uma criança passando trote, só isso — sorriu docemente.

Fico pensando que, se era só um trote de criança, como saberia meu nome? E se for pensar melhor, também nem tinha voz de criança. Talvez eu pense sobre isso nas próximas horas. Mas agora não, porque parei com Mark num parquinho e estamos indo em ritmos diferentes no balanço.

Estou indo fraquinho pois, diferente de Mark, ainda não terminei meu sorvete. Ele se balança com toda a felicidade do mundo, como uma criança, e isso me faz sorrir tão aberto que minhas bochechas até doem.

— Ei, e se eu tentasse pular daqui e cair em pé? — me encara com os olhos esbugalhados, esperando minha resposta.

— Isso não vai dar certo, Mark...

— Mas e se der?

— Se não der, eu vou rir da tua cara.

Ele se balança cada vez mais alto, os cabelos esvoaçantes acompanham os seus movimentos. Mark dá um grito de desespero após dizer que vai pular, e eu já estou rindo da cara dele desde agora. Quando pula, se desequilibra ao pousar por causa de um escorregão na areia, mas logo recupera o equilíbrio e me olha como se nada tivesse acontecido, com um sorriso contagiante.

— Eu te falei que ia dar certo! — faz uma pose vitoriosa. — Gostou?

— Eu amei, principalmente a parte que você quase caiu e ficou abanando os braços como se fosse voar.

Eu não consegui parar de rir até agora da cara que ele fez depois de fixar os pés no chão. Ele parece aproveitar o momento tanto quanto eu, pois ri de si mesmo. Me diz que eu deveria tentar, mas eu nego com a justificativa de que não iria tentar porquê não estou a fim de quebrar nenhum osso. Fico me lamentando porquê meu sorvete acabou, então Mark me diz que tanto minha língua quanto meus lábios estão vermelhos.

— Vamos tentar ir juntos? — propõe e eu aceito no mesmo instante. — Me dá a mão, aí a gente tenta ir ao mesmo tempo.

Logo seguro sua mão que já estava estendida para mim, então ambos damos dois passos para trás e começamos a nos balançar juntos. Ele me ensina que ao ir para frente, devo estender minhas pernas e encolhê-las novamente quando for para trás, pois assim eu daria impulso para mim mesmo.

Quando olho para ele, vejo sua mão quente ainda unida á minha gélida, e isso me aquece o peito. Quando saímos do parquinho, ficamos sentados nos bancos do parque, observando o sol se pondo ao longe.

— Hyuckie, posso tirar uma foto sua? — pergunta com a câmera do celular já apontada para mim.

— Espera aí, deixa eu fazer uma pose bem top.

Realmente faço uma pose bem dramática, jogo a cabeça para trás e deixo uma mão no cabelo. Mark me aconselha a ficar olhando para frente pois ele queria uma foto apenas do meu perfil com o pôr do sol no fundo. Após uma série de fotos, deixa a câmera no modo selfie e chega mais pertinho de mim para tirarmos uma juntos.

Paro para ver com ele as muitas fotos que ele tirou, quando vejo, o sol já se põe e a lua aparece no seu lugar. Vamos caminhando para casa conversando sobre coisas bestas e aleatórias que nos vêm à mente. Falamos desde nossas séries favoritas até nossas maiores curiosidades. Acabo por descobrir que Mark é totalmente o contrário de mim quando diz que gosta de séries de terror.

Quando já estávamos chegando perto de casa, posso ver do outro lado da rua alguém que eu também tinha visto quando estávamos no parquinho. E o mais estranho é que de vez em quando eu o olhava e ele também estava me olhando, mas desviava o olhar logo em seguida.

— Ei, Mark, sabe aquele cara alí do outro lado da rua?

— Uhum, o quê que tem?

— Você também viu ele lá no parquinho, quando estávamos tirando fotos? — ele nega com a cabeça. — Eu juro que tinha visto alguém muito parecido por lá...

O assunto foi esquecido quando começamos a brincar de "nós andamos iguais". Perdi a conta de quantas vezes começamos a música de novo porquê nos perdemos nos passos e ficou tudo errado. Ri tanto quando o Mark tropeçou que cheguei a sentir minhas bochechas ardendo como se fossem rasgar e a barriga doer de tanto rir.
Ele disse que iria me deixar na porta de casa, e foi exatamente o que fez.

— Obrigado por hoje, de verdade.

Enlaço o pescoço alheio com meus braços ao puxá-lo para um abraço apertado e repleto de carinho. Esconde o rosto no meu pescoço e, por mais que faça cócegas, é muito bom. Tão bom que não quero deixá-lo ir nunca mais. Quero poder guardá-lo dentro da minha própria casa sem nem ligar se é um pensamento doentio, já que não vai acontecer mesmo porquê nós acabaríamos discutindo e eu ia mandá-lo embora.

Me deixa um beijo ainda no pescoço, o que me arrepia porquê teus lábios permanecem gélidos devido ao sorvete. Aperto mais ainda teus ombros quando insisto em agradecer novamente por tudo que fizemos hoje.

— Até amanhã, solzinho.

Me despeço dele brevemente, que fica lá fora me esperando entrar, mas que parte assim que o faço. Não falei nada na hora, mas agora posso sentir o coração palpitar e o estômago embrulhar ao lembrar do jeito que proferiu "solzinho". Só não vou ficar pensando muito nisso porquê corro o perigo de acabar me apaixonando por Mark. Só por isso.

Colors ៚ Markhyuck (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora