Colors ៚ Markhyuck (Hiatus)

eu me afastei de todos

Há alguém me ligando há uns minutos, mas não posso atender. Estou ocupado secando meu cabelo. Essa pessoa não para de ligar, que droga. Acabo sendo obrigado a largar o secador na pia do banheiro e ir atrás do meu celular. Assim que a tela acende, vejo três chamadas perdidas de Renjun. Deve ser alguma coisa importante, visto que ligou várias vezes. Por via das dúvidas, vou retornar a ligação. Vai que é importante mesmo.

— Já estava calçando meus sapatos para ir aí na sua casa e ver o que você estava fazendo — é a primeira coisa que diz após atender o telefone. — Por que não atendeu antes?

— Estava secando meu cabelo e deixei para atender depois, desculpa — respondo com a voz calma, totalmente ao contrário de Renjun. — O quê quer me dizer?

— Vamos sair hoje de noite. Quer vir?

— Mas não estamos no meio da semana? Não é quarta-feira?

— Não, Haechan, hoje é sexta-feira — ele responde, risonho.

Fico em silêncio por alguns segundos. Realmente não sabia que já era sexta-feira. Finjo pensar durante meu silêncio, mas a verdade é que estou apenas olhando para a parede, sem pensar em nada.

— Pelo visto está um pouco perdido no tempo — Huang quebra o silêncio.
— Mas e aí, você vem ou não?

— Hm... Na verdade, eu não sei se...

— Vamos, será legal! Vamos à um restaurante que inaugurou recentemente. Jaemin já deve ter te falado dele, não? Ele está ansioso para ir lá já faz tempo.

Honestamente, não me lembro de ter ouvido nada do Na. Eu me afastei de todos ultimamente. Ao longe, lembro-me do mesmo me contando numa ligação que queria ir num lugar novo que ouviu falar. Ah, sim, era isso. Ele até me mandou um vídeo do lugar no Instagram. Parecia mais uma balada do que um restaurante, principal pelo som alto. Essas diversões de adolescente me assustam.

— É, ele já me falou... Mas acho que não quero ir. Lá deve ser barulhento, Renjun.

— Não é nada, você vai gostar!

— Mark estará lá? — quando pergunto, repentinamente, Renjun fica em silêncio.

— Nós não o chamamos... Afinal, você vai ou não?

— Acho que não, desculpa. Vou na próxima vez, prometo.

— Tudo bem, Haechan. Até logo, então.

Dou um sorriso sem graça ao encerrar a ligação, como se alguém fosse ver. Deixo o celular no espaço ao meu lado, na cama. Desisti de terminar de arrumar meu cabelo, deixa pra lá. Deito a cabeça no travesseiro, passo as mãos no rosto e depois no cabelo, seguido de um longo suspiro. Não posso viver como um adolescente vagabundo lascado de coração partido para sempre. Era mais fácil viver quando tinha alguém para eu ir ver na escola todos os dias. Agora está tudo uma merda. Porém, reconheço que estou melhorando aos poucos. Já não passo mais o dia todo jogado na cama mexendo no celular e escrevendo cartas.

Aos poucos, tenho voltado a cozinhar, ler alguns livros, me exercitar e levar a cachorrinha para passear de manhã. Bom, acho que agora estou voltando a viver. Em breve estarei bem de novo. Só não me pergunte se já superei, por favor. Tenho evitado pensar nisso porquê é o que me deixa triste. Acho que nunca mais vamos nos falar. Talvez seja melhor assim. Se ele pediu um tempo, era porque estava mesmo precisando. Quero respeitar o tempo e espaço dele. Não acho que ele vá querer falar comigo agora, já que ainda é tudo muito recente. Por isso estou um pouco mais tranquilo quanto esse assunto, mas confesso que falar disso ainda me assusta.

Já já estará na hora do almoço, então desço para começar a preparar a refeição. Meu celular notifica novas mensagens chegando. Acabo me distraindo, mas decido ir logo responder e depois fazer a comida. São todas de Jaemin

jaemin 💞💞: como assim você não vai sair com a gente?
jaemin 💞💞: poxa haechan vai ser tão legal :(
jaemin 💞💞: o mark nem vai, não tem motivo pra você não ir
jaemin 💞💞: quer que eu vá te buscar na sua casa? quer que eu pague tudo pra você?
jaemin 💞 💞: eu faço tudo que você quiser meu rei, você manda e eu obedeço!

Eu rio do seu desespero, mas respondo que não vou simplesmente porquê esse tipo de lugar não é muito a minha praia. Garanto à ele que vou na próxima vez, mas ainda assim parece chateado.

jaemin 💞 💞: que merda hein
jaemin 💞💞: queria tanto que você fosse
jaemin 💞 💞: mas tudo bem, se você diz que vai na próxima vez...
jaemin 💞 💞: e se você não for, eu juro que vou aí na sua casa te buscar e te levar
jaemin 💞 💞: beijos seu lindo. te amo, fica bem e se cuida

Largo o celular e começo a pensar no que farei para o almoço. Acho que não vou fazer nada demais, só gamjajeon, porquê é mais fácil. Sinceramente, nem estou com muita fome também. Enquanto separo tudo o que vou precisar, ouço o telefone tocar de novo. Que inferno, eu preciso de paz pra cozinhar! E ainda é um número desconhecido.

— Alô?

— Oi.

— Quem é? — pergunto eu, porquê realmente não faço a mínima ideia de quem seja.

— Sério? — escuto-o rir parecendo um pouco impaciente. A voz parece familiar, mas não sei ao certo de quem é. — Apagou mesmo meu número, Haechan?

Por um momento, repenso em todos os números que deletei dos contatos salvos. Foram muitos, então não me vem ninguém à mente. Mas que droga, eu realmente não me lembro bem. Isso está me deixando um pouco nervoso.

— Hm... Mark? — chuto o primeiro nome que me veio à mente.

— Achei que já tivesse esquecido até do meu nome. Ainda lembra de mim?

— Claro. E você, ainda se lembra de mim?

— Infelizmente, até demais... — ele responde com a voz baixa, como se não quisesse que eu o escutasse. Para minha infelicidade, escutei essa droga. É ruim lembrar de mim? — Enfim, liguei para te propor algo.

— Diga, então.

— Se importa se nos encontrarmos amanhã? Sabe, para tentarmos, talvez, decidir se realmente acabou. O que acha?

— Você quer se resolver, Mark?

— Você não?

— Por mim tanto faz.

Acabo soando grosseiro sem querer, que merda! É claro que não é bem assim. É claro que não é "tanto faz". Que vontade de bater a cabeça na parede. Passo as mãos com pouca brutalidade no cabelo, enquanto um silêncio se instala na ligação.

— Então isso é um sim?

— É. Onde acha melhor irmos?

— Vamos naquela cafeteria perto de casa.

— Aquela que íamos antes? — sua pergunta machuca mais do que facadas.

— É, a que íamos antes.

— Te espero às 15.

— Tudo bem.

Sem despedidas. O que foi isso? Pareceu mais um delírio da minha cabeça. Eu achava que já tínhamos acabado. Por que falei que tanto faz? Nossa, mas que merda! Tenho certeza que não vou conseguir parar de pensar nisso pelo resto do dia. Eu poderia ter falado melhor. Eu poderia ter feito melhor desde o início.