eu contei tudo

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Ontem eu ainda fiquei abraçado com o Mark por um longo tempo. Ele ficou deitado por cima de mim, me abraçando forte e vez ou outra me beijava, enquanto eu fazia carinho no seu cabelo. Eu não lhe pedi para ficar, ele ficou porquê quis. Não falei nada pra ele na hora, mas aquele pequeno ato de carinho me deixou tão contente, tão satisfeito. Eu pude me sentir amado de verdade. Você também já se sentiu tão amado por alguém que chega doeu? Eu me senti assim ontem.

— Jaemin, eu tenho que te falar uma coisa — pouso minha mão em seu ombro.

— Manda bala, meu consagrado.

— Ontem eu contei tudo pro Mark!

— Como assim tudo?

— Tudo! — arregalo os olhos para dar ênfase à fala.

— Tudo?

— É!

— Caralho — Na fica boquiaberto. — Mas você não se sentiu mal em contar? Não te deixou desconfortável?

— Nem um pouquinho, eu me senti super confortável com ele. Pra falar a verdade, o Mark ficou mais mal do quê eu. Até me arrependi um pouco de ter contado.

— Por que ele ficou mal?

— Sei lá, quando eu vi ele já tava chorando. Eu tomei um susto do caramba.

Andamos mais um pouco pelos corredores pouco lotados da escola. Posso ouvir o barulho estressante dos carros lá fora e ver minimamente o céu azul, pois os prédios bloqueiam grande parte da vista. Os raios de sol que infiltram a janela fazem questão de beijar não só meu rosto, mas também o de Jaemin e deixar ambos alaranjados. Ainda está cedinho, então o clima ainda está frio. O vento que vem lá de fora é geladinho e faz contraste com os raios de sol minimamente quentes.

— Sabe, se eu pensar melhor, acho que me enganei sobre ele — começo e Jaemin olha para mim. — Eu achei que ele fosse forte, difícil de ser magoado, diferentemente de mim. Mas, depois de um tempo, eu fui percebendo que ele também é frágil. Não tanto quanto eu, mas ele também chora. Mark também é sensível e eu odiei ter o feito chorar, me senti culpado. Às vezes, eu penso se ele não passou a ser uma pessoa enfraquecida depois que ficamos juntos...

— Por que seria?

— Porque a gente briga demais. A gente discute demais. A gente sempre se desentende. E isso é super desgastante, sabe? Eu só não queria que ele ficasse desestabilizado como eu, por minha causa.

— Quando você se dispõe a ter um relacionamento, você tem que saber que vão ter brigas — faz uma pausa para segurar minha mão e balançar unida à sua, para frente e para trás. — E você também precisa colocar no teu cabeção sem cérebro que nem tudo de ruim que acontece com vocês é culpa sua. Também não estou dizendo que é culpa dele. É que às vezes só acontece e é isso aí. Sinceramente, eu acho que Mark nunca foi do tipo que não chora, até porquê, cada um tem suas fraquezas, só que ele não queria mostrar esse lado mais frágil pra você ainda, entendeu?

— Não teria problema se mostrasse. Eu sei consolar as pessoas também — involuntariamente, faço um biquinho e uma cara emburrada.

— Nem sempre as pessoas curtem se mostrarem vulneráveis umas às outras.

Confirmo com a cabeça ao seguir andando em direção à sala. O sol já não invade a brecha das janelas pois está ficando tarde e o tempo leva sua luz amarelada. Assim que chego à sala, vejo que Mark já está aqui. Quando me vê, se levanta e me dá um breve abraço. Ficamos um tempinho jogando conversa fora antes do professor chegar. Caso nunca tenha avisado, nosso professor de química tem o apelido de cachorro louco. Não me pergunte o motivo, pois eu também não sei. Só acho que é porquê ele fica bravo muito fácil e praticamente rosna para qualquer um. Eu nunca ousei falar uma mísera palavra na aula dele, porquê morro de medo.

Colors ៚ Markhyuck (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora