eu era um anjo

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As aulas de hoje, por fim, terminaram. Para a alegria de todos, inclusive do professor, que provavelmente não suportava mais ver a cara entediada dos alunos que fingiam entender tudo o que falava, e eu estou no meio disso aí. Sinceramente, inglês não é para mim, já desisti faz tempo. Na verdade, acho que desisti sem nem tentar. Mas tudo bem, é a vida.

Agora, estou seguindo para casa com Mark. Estávamos conversando sobre por que pessoas velhas gostam de plantas. Lee afirma com toda a certeza do mundo que não postará fotos com plantas quando for velho. Já eu, digo que não posso confirmar nada pois não consigo prever meu futuro. O canadense ainda afirma que também aposta que verá postagens minhas sobre orquídeas, magnólias e coisas assim. Eu acabo sorrindo quando penso que ele acha que ainda irá me conhecer quando formos velhos.

— Hyuckie, não ria do que irei perguntar, ok?

— Não prometo nada, mas pode falar.

— Se você pudesse escolher o motivo da sua morte, qual seria? — não consegui esperar sua fala se encerrar, pois caí na risada antes disso. — Eu pedi pra você não rir, idiota!

— É que... Nossa, Mark — respiro fundo para tentar engolir o riso e pensar apropriadamente na pergunta. — Como você pensa nessas coisas?

— Só responde logo a pergunta, Haechan!

— Ah, eu sei lá... Acho que gostaria de morrer dormindo?

— É, eu também — balança a cabeça para ajeitar a franja que insiste em cair sobre seus olhos enquanto ri discretamente.

Até chegar em casa, vamos conversando sobre coisas aleatórias, porém mil vezes melhores do que falar sobre como gostaríamos de morrer. Já estamos na rua de minha casa e isso me deixa meio tristinho, porquê ele vai seguir para a casa dele e o papo legal que estamos mantendo vai se encerrar.

— Ah... — sussurra quando chegamos na porta da minha casa.

Faço um biquinho emburrado e junto as sobrancelhas. Mark continua parado aqui comigo, me esperando entrar para poder ir embora, assim como sempre faz. Minha mochila está tão cheia de livros hoje que sequer encontro a chave de casa. Ok, eu sei que não devia, mas estou começando a me desesperar.

— Mas que diabos...?

— Que foi, Haechannie?

— A merda da chave de casa sumiu dentro da bolsa e eu não tô conseguindo encontrar! — acabo explodindo e, sem querer, grito com Mark. Isso lhe faz encolher os ombros, então brevemente me desculpo.

— Põe a mochila no chão que a gente tenta procurar com calma.

Acabo fazendo o que Mark sugeriu. Deixei a mochila sobre o chão da calçada e ambos passamos a procurar juntos pelo objeto prateado. Fico tentando lembrar do que fiz hoje de manhã antes de sair de casa. Lembro-me de calçar os sapatos, arrumar o cabelo e passar um pouco de base e corretivo no rosto. Lembro-me de várias coisas, menos de ter posto a chave na mochila.

— Markie, acho que eu deixei a chave dentro de casa... — nem chego a terminar de revirar minha mochila, mas tenho a visão embaçada por lágrimas.

— A sua mãe vai demorar muito? — confirmo com a cabeça. — Você quer esperar lá em casa?

— Não quero incomodar, hyung...

— Mas não vai — fecha a mochila e a põe em meus ombros. Após isso, segura minha mão ao dizer: — Vamos, venha logo.

Uso as mangas do uniforme para limpar meus olhos enquanto me deixo levar pelo canadense. Vez ou outra, Mark vira o rosto para trás e dá um breve sorriso sempre que encontra meu olhar. Também não solta minha mão por nada e ainda faz um carinho com seu polegar. Após uns dez minutos caminhando, chegamos à sua casa e ele me pede para entrar assim que abre o portão.

Colors ៚ Markhyuck (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora