eu iria por você onde ninguém nunca foi por mim

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Fazem exatamente dois dias que não o vejo e sequer ouço sua voz. A única coisa que aconteceu foi ele me mandando mensagens, perguntando se eu estava bem e se já havia comido. Eu respondi apenas o necessário, apenas um sim para cada pergunta. Depois disso, nada mais. Sem mensagens, sem ligações, sem visitas, sem beijos e carícias. Estou com saudade dele, mas ainda estou machucado. Quero falar com ele, mas e se ainda estiver chateado comigo? Certamente eu estaria sendo um incômodo.

Durante esse fim de semana, estive pensando muito nele. Pensei em pedi-lo para namorar comigo só para acabar com essa agonia toda, mas não seria verdadeiro. Eu apenas estaria lhe pedindo para que sua tristeza momentânea passasse e ele voltasse a falar comigo. Realmente penso em pedir à ele para namorar comigo um dia, mas num dia um pouco mais distante. Eu obviamente não estou pronto. Provavelmente farei o pedido quando estivermos em paz, cessados de briga, quando nos entendermos melhor.

Chega em seu lugar, deixa sua mochila, o moletom e sai de sala novamente. Sequer tive coragem para encontrar seu olhar, isso faz eu me sentir horrível. Ao longo do resto da aula, não houve nenhum diálogo. Mark sempre tinha dúvidas nas aulas de coreano, tanto que sempre se virava para mim para perguntar como se escreve determinada palavra ou como se pronuncia uma sílaba. Mas hoje ele não me fez uma mísera pergunta sequer. Respiro fundo quando o sinal para o intervalo toca e eu percebo que ele não está me esperando do lado de fora da sala como sempre fazia. Honestamente, não sei porque achei e esperei que ele faria isso.

Quando chego na quadra, vejo que ele não está jogando hoje, está sentado na arquibancada usando o moletom preto e mexendo no celular. Sento-me junto de meus amigos, um pouco distante dele. Penso em como posso iniciar um assunto. Nessas horas, tudo o que eu queria era ser só um pouquinho mais comunicativo.

— Por que não vai jogar hoje? — comento ao me sentar ao seu lado.

— Esqueci de tomar café, então não posso jogar porquê há chances de eu desmaiar.

— Ah, sim. Entedi...

— Sabe, Donghyuck, se você quiser, eu adoraria conversar com você para resolver aquilo tudo — diz tudo de uma vez, olhando bem no fundo dos meus olhos.

— Vamos andando, então.

— Primeiramente, eu queria pedir desculpas por ter falado contigo daquele jeito rude. Acho que na hora eu estava magoado demais e acabei não medindo minhas palavras na hora de lhe dizer, o que fez com que eu me expressasse mal e te magoasse também.

— Não me magoou. Eu entendi você naquele dia. Não vi problema no jeito que você falou comigo, eu merecia ouvir aquilo.

— Não, Hyuck, aquilo era a última coisa que você merece. Eu realmente sinto muito, de verdade, por ter te dito aquilo. Na minha cabeça, eu tinha palavras exatamente iguais às que eu te falei, mas era pra ser de um jeito sutil.

— Tem problema, não. Tá tudo bem, eu nem fiquei chateado com você — tento sorrir para tranquilizá-lo, mas até eu estou nervoso por dentro.

— Eu só ia te dizer que tinha me magoado de verdade ver você com Taeil daquele jeito, mas eu pensei em desistir mil vezes porquê essa atitude que eu tive é um pouco tóxica. Se eu fizesse isso, estaria meio que te prendendo à mim e te dizendo o que fazer.

— Mas se você me dissesse que tem algo te incomodando nos meus atos, eu poderia deixar de fazer isso por você. A minha última intenção era te magoar. Se você quiser, eu paro de ser tão carinhoso para ser só contigo.

— Não, Hyuck. Pelo amor de Deus, não! Não deixe de fazer o que você gosta por minha causa, por favor.

Mark me abraça apertado e eu fico sem reação. Ponho apenas uma mão em sua cintura e encosto meu queixo em seu ombro. Eu falei alguma coisa de errado? Não acho que tenha falado. Eu realmente deixaria de fazer as coisas que o incomodam só para vê-lo feliz. Isso está errado? É errado eu querer agradá-lo desse jeito? Eu faria de tudo só pra não brigar mais com ele por causa de um ciúme besta.

Me puxa para mais perto dele, gruda o corpo ao meu. Por quê eu não consigo abraçá-lo da mesma maneira que ele faz comigo? É como se eu estivesse congelado e não conseguisse dar carinho à ele. O que há de errado? Não é possível que eu tenha me desacostumado a ser carinhoso só porquê passei dois dias longe do Mark. Eu apenas queria saber por que não tenho mais o prazer e o conforto de abraçá-lo como antes.

— Meu bem, eu te prometo que vou tentar nunca mais brigar contigo, tá? Agora eu quero só paz e amor - faz carinho na minha nuca e me dá um beijo na bochecha e outro no pescoço.

— Me desculpe por ter feito aquilo também, Mark. Eu não farei mais.

— Não precisa me pedir desculpas, você não teve culpa. Eu que deveria te pedir perdão. Juro que irei ser mais pacífico agora. Prometo de verdade — me deixa mais um beijo, agora no pescoço. — Eu iria por você onde ninguém nunca foi por mim.

Eu odeio promessas e juramentos com todas as minhas forças. Pode ser meio incompreensível se eu explicar, mas vou tentar me expressar com palavras e pensamentos simples. Também irei me basear em todas as promessas que já me fizeram na vida, ou pelo menos a maioria delas, certo? Ok, vamos lá. Resumidamente, as pessoas geralmente têm o costume de prometer algo e não cumprir. Já me prometeram muitas coisas que criei muitas expectativas em cima e, no final, as pessoas sequer fizeram questão de manter suas promessas.

Umas já me prometeram ficar comigo para sempre, outras já me prometeram lealdade e outras já prometeram não me julgar se eu contasse mais sobre meu passado. Todavia, não foram capazes de cumprir suas promessas, me deixando com um grande ponto de interrogação na cabeça. Não estou falando mal do Mark, não, é apenas que me lembrei disso agora. Acho que isso é um malefício da raça humana mesmo.

Colors ៚ Markhyuck (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora