Tenho notícias. Ontem nós não nos vimos de novo. Eu sou um palhaço, né? Quer dizer, nos vimos na escola, mas mal tivemos tempo de nos falar porquê todas as aulas nos mantiveram ocupados e no intervalo ele foi jogar. Fiquei na arquibancada assistindo-o marcar várias cestas e se divertir com seus amigos, mesmo quando eles se derrubavam no chão de propósito, passando os pés por trás do tornozelo um do outro e segurando o tronco alheio para não machucar. Eu gosto tanto de vê-lo feliz com os amigos dele, juro. Porém, prefiro ser honesto. Não me julgue, por favor, mas eu fico meio sem sal quando ficamos afastados assim. Eu sei que ele tem os amigos dele e eu tenho os meus, mas isso ainda me é estranho.
Preciso me acostumar com esse fato ainda. Nós somos duas pessoas diferentes, não somos o mesmo ser. Por mais que eu viva junto à ele, somos individuais, não vamos poder estar juntos sempre. Enfim, eu só torço para que isso não nos separe. A rotina de hoje não está sendo muito diferente de ontem, a única diferença é que não estou assistindo-o jogar agora, estou andando pela escola com meus amigos. É tão esquisito quando ele não está conosco. Me sinto estúpido por sentir tantas saudades dele assim. Tipo, ele ainda está no mesmo espaço que eu, na mesma escola, mas por quê eu sinto que ele está tão longe? Sei lá, acho que só estou ficando maluco. Fico pensando nisso enquanto ando chutando as pedrinhas no chão.
— Oi, vida — Mark surge repentinamente em minha frente e tenta roubar-me um selar, mas eu desvio primeiro. — Que foi?
— Nada. Você sabe que não pode beijar na escola — começo a andar, mas vejo que ele não me acompanha. Seguro sua mão e lhe arrasto comigo mesmo assim, soltando apenas quando ele já está se movendo por conta própria.
— Mas a gente já fez isso várias vezes antes...
— Não no meio da escola, pra todo mundo ver.
— Credo — ele faz uma careta engraçada que até tira um leve sorriso meu. — O quê aconteceu com você hoje? Está tão amargurado. Acordou de mal com a vida, foi?
— Não, ué. Só acho que não estou num filme de romance clichê para andar sorrindo enquanto seguro sua mão.
— Nossa — ele atua (muito mal) como se tivesse sido atingido por um soco no peito. — Vou ficar calado agora pra ver se você para de brigar comigo.
— Não estou brigando com você, pitelzinho.
— Como não? Você, praticamente, me fodeu com palavras.
— Não exagera — aproveito para sorrir sarcástico, mas ele responde com uma careta. — Mas seja menos dramático, meu bem.
— Eu nem sou. E, mesmo se eu fosse, você não ligaria — ele tem os ombros encolhidos. — Você nunca liga pra nada mesmo.
— Caramba, mano! Você é insuportável — eu rio, mas ele continua com a postura curvada e fitando o chão. Eu sigo em direção às arquibancadas da quadra coberta.
— É, eu sou — ele se senta ao meu lado e força uma voz baixa e tristonha. — E você nem gosta mais de mim também...
— Verdade, eu te odeio — abraço-lhe os ombros e seguro seu queixo com cuidado, deixando seus lábios perto dos meus. Lhe dou uns dois selinhos, mas ele resmunga ao interromper o segundo e eu paro por um instante, tentando entender que diabos ele quer.
— Por quê você está me beijando se você me odeia?
— É que eu te odeio tanto, mas tanto, que chego a amar — pouso minha mão em seu pescoço, fazendo carinho na sua bochecha com o polegar. — Você sabe que eu estava brincando com você, não sabe?
— Sei, Hyuck. Já aprendi a diferenciar seu tom de voz de quando você tá falando sério e quando você tá brincando.
— Mas como você sabe se eu não estou só brincando e falando sério ao mesmo tempo? Ou falando sério e brincando? Porquê você sabe que eu posso muito bem falar que estou brincando e, na verdade, falar sério.
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Colors ៚ Markhyuck (Hiatus)
FanficOnde Donghyuck é um garoto colorido e alegre, dono de um mundo cheio de cores diferentes. Mas apenas com um deslize de Mark, seu mundo parece perder toda a coloração, ficando apenas em tons de preto e branco. Markhyuck longfic.