eu sou mais maduro do quê você pensa

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— Channie... — ele chama, num tom de voz totalmente choroso. — Olha aqui essa coisa! Tá borbulhando.

— Mas é assim mesmo — pela cintura, afasto-o um pouquinho de perto do fogão e pego a colher que segura.
— Você nunca cozinhou arroz?

— Não, ué. Sei nem fritar um ovo — eu rio, porquê já vi essa cena e ele realmente não sabe. — Imagine fazer arroz.

Ele se escora no balcão, mexendo no celular enquanto eu faço o almoço. Hoje o bonito decidiu não ir à escola porquê acordou com preguiça, dizendo ele. Mas era só o que me faltava, né? Quando a aula acabou, chequei meu celular e haviam algumas de suas mensagens, perguntando se eu tinha planos para hoje e tarde, então eu apenas respondi que não. Bom, eu nunca tenho. Sou um completo desocupado. Já que não ia fazer nada, chamei-o para vir almoçar e passar um tempo comigo, fazendo coisas... de... casal. Termo broxante esse, né? "Coisas de casal", credo.

— O quê você fez hoje de manhã, bemzinho? — pergunto enquanto busco temperos da despensa.

— Hm... Eu dormi e... É.

— Só isso?

— Sim — ele responde meio simplista, ainda prestando atenção no celular.
— Como foi na escola?

— Cansativo.

— Você parece sonolento mesmo — olhando de canto, vejo-o largar o celular com brutalidade sobre o balcão, abraçando minha cintura por trás.
— Vai dormir depois do almoço, bem?

— Não, quero aproveitar esse tempinho com você — acho incrível que ele não me larga nem quando preciso me mover para cozinhar. — Você sabe, precisamos aproveitar o pouco tempo que temos antes das provas.

— Eu sei. Semana que vem já vai ter aquele simulado e depois começa o período de provas. Daqui pra frente é só pra trás.

Não dá, precisei rir dessa frase super motivacional que ele falou. Daqui pra frente é só pra trás, disse Mark Lee. Mesmo em meio de tantas risadas, ainda sou abraçado e até ganho beijinhos nos ombros e na nuca. Eu já disse que amo o amor dele? Posso sentir seu nariz acariciando minha nuca e seus lábios roçando contra a curvatura do meu pescoço.

— Ei, o quê você acha de estudarmos juntos para as provas e o simulado? — pergunto após pedi-lo para se afastar, porquê preciso servir nossos pratos.

— Ah, meu bem, eu estava pensando em estudar sozinho dessa vez, na verdade...

— Hm, sério? — lhe olho rapidamente, sem saber o que dizer. O quê eu deveria dizer agora?

— Mas se você quiser que eu venha para estudarmos juntos, eu posso vir também — ele toca meu ombro, seu olhar aparentemente preocupado. Preciso me afastar para terminar de arrumar as coisas na cozinha, então tiro sua mão de mim, cuidadosamente.

— Não precisa, meu bem, era só uma sugestão. Não tem problema se você quiser fazer isso sozinho. Era só que eu não estava esperando essa resposta — digo a última frase bem baixinho, quase que inaudível.

— O quê você disse?

— Nada, meu bem, não foi nada. Vai logo almoçar, já deixei seu prato alí na bancada.

— Obrigado muito — ele diz num jogo de palavras um tanto questionável, e depois vem aqui comigo me dar um beijo na bochecha.

Lhe faço companhia ao sentar-me à bancada, na cadeira ao lado da sua. Eu dou um suspiro longo e silencioso antes de começar a comer, enquanto Lee faz uma pequena oração. Ele sempre faz isso antes de comer e eu já o vi fazendo várias vezes, mas ainda acho muito lindo sempre que vejo. Eu como com lentidão, ao contrário dele, que mal parece respirar direito e já enfia mais uma pequena porção de comida na boca. Sem querer, toco a ponta de meus pés nos seus, por baixo da mesa, e posso ver seu sorrisinho tímido quando ergo o olhar. Me sinto meio sem graça agora, não sei porquê, então dou apenas um sorriso de canto de boca.

Colors ៚ Markhyuck (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora