eu discuti com o meu pai

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Hoje, mamãe disse-me que ia voltar tarde para casa por causa de um problema no trabalho que a "chefe doida por gatos" dela inventou. Eu acabei de chegar da escola, então almocei o bulgogi que estava no forno. Depois disso, tomei um banho quente e deitei na minha cama, o complicado é que eu não consegui mais sair. Até a Maggie já veio aqui comigo e se aconchegou para ficar mais quentinha.

Essa casa está tão silenciosa que me dá até medo. Naturalmente, eu já não curto muito ficar sozinho em casa, mas hoje parece que ficou três vezes pior. Até cochilar eu já cochilei, mas parece que se passaram só cinco minutos. Fico zanzando pela casa, vendo se tem alguma coisa pra fazer, mas nunca tem. Resolvo ligar para um dos meus amigos, sendo Jaemin o escolhido da vez.

— Diga, meu consagrado — foi o que disse assim que atendeu a ligação.

— Tá fazendo o quê, Jaeminion?

Tô aqui na casa do Jeno e o Jisung também veio. Inclusive, eles parecem estar brigando na cozinha por um motivo que eu não entendi muito bem... Mas enfim, o que você queria me dizer?

Nada não, só queria saber mesmo. Tô sozinho em casa sem nada pra fazer, queria alguém pra fazer nada comigo.

Vem para cá, Hyuckie.

Vai rolar não, amor. Muito frio para sair de casa... De qualquer jeito, até mais, Jaeminnie.

Espero a despedida do Na para encerrar a chamada, largar o telefone no espaço vazio ao meu lado e suspirar bem fundo, sem saber o que fazer. Depois de pouco pensar, fico passando o dedo pela tela fria do celular, olhando cada um dos poucos contatos salvos. Uma ideia parece surgir em minha mente quando leio o nome curtinho e de origem estrangeira daquele que conheci há pouco mais de um mês e dou início a uma chamada.

— Markie?

Oi, Haechan — dou até um sorrisinho ao ouvir sua voz do outro lado da linha. Não sei se isso é ruim ou bom.

— Está em casa?

Ahm... Na verdade, não. Estou voltando do parque. Por quê? — posso ouvi-lo tossindo disfarçadamente com frequência enquanto fala, e isso me gera uma leve preocupação.

— Mas tá muito frio pra ficar andando por aí...

Eu sei. Estou com tanto frio que nem cheguei a ficar suado e mal posso sentir minhas pernas.

Passa aqui em casa rapidinho, então? Deu saudade de ti, do nada...

Ouço a risada anasalada do Mark e acabo rindo junto da minha própria piada. Ele diz que só ia avisar seus pais que chegaria depois, e que ia dar uma passada aqui. Também tinha me perguntado por qual motivo eu o liguei para fazer um convite assim, do nada, então simplesmente respondia que era porquê eu não estava fazendo nada e o chamei para que fizéssemos nada juntos.

Desço as escadas tropeçando nos meus próprios pés quando o moreno de pele pálida diz estar na porta de casa, brevemente destrancada por mim. Quando o vejo, abro um pouco os braços, esperando por um abraço, mas fui surpreendido de um jeito muito bom. Mark que envolve num abraço apertado e afetuoso, mas me preocupo quando sinto sua pele extremamente gelada se encaixar perfeitamente no meu pescoço.

— Você tá gelado demais — digo ao me afastar de si e encarar-lhe o rosto. — E mais pálido do que o normal também. Seus lábios estão tremendo, Mark.

— Relaxa, tá tudo bem — o jeito que ele sorri com graça me tranquiliza um pouco, mas ainda me preocupo com seu rosto extremamente gelado e pálido.

Deixo o assunto de lado quando aviso ao mais velho que iria buscar um copo d'água para ele, então assim o faço. O deixo esperando no sofá da sala enquanto vou até a cozinha buscar. Assim que volto à sala, vejo a cena mais fofa que poderia ter visto em anos. Maggie atacando o rosto do Mark com lambidas.

Após devolver o copo à pia, me sento ao lado de Mark e fico olhando o quanto a Maggie parece feliz com ele. Chego a dizer que ela aparenta sentir mais saudades dele do que de mim, então ele ri numa gargalhada tão gostosa que eu queria poder tatuar na minha testa esse momento.

— Será que ela gosta mais de você do que de mim?

— Acho que sim, Hyuck. Olha como ela veio me receber — ainda sorria ao acariciar as costas da pequena que havia deitado em seu colo.

— É impressão minha ou você continua pálido? — seguro as mãos alheias e elas continuam super gélidas. Encosto as costas da minha própria mão em seu pescoço, mas ele joga a cabeça para o lado e prende minha mão alí, entre o pescoço e o ombro.

O jeito que ele fica me olhando gracioso me faz rir. Os olhinhos brilhantes e aparentemente pidões são lindos, tanto que não consigo parar de olhá-los. É como se eu estivesse acordando de um transe quando desvio o olhar do mais velho e passo a fitar o chão, mas logo o olho novamente pois tem uma crise de espirros.

— Você deveria ter ficado em casa hoje, hyung.

— Eu discuti com meu pai e tava um clima ruim em casa, então decidi sair — me olha com um sorriso meio reto e sem graça.

— Ah, então era por isso que você estava por aí, jogado na rua — levanto uma sobrancelha quando ele ri. — Você deveria pelo menos ir de casaco.

— De casaco não dá pra jogar, Hyuck.

— Af, que se dane também, então. Era pra eu ter te deixado morrer congelado na rua.

Revirei os olhos por um tempo enquanto ouvia a risada do Mark ecoando pela sala. A risada que eu já conhecia tão bem por pertencer á uma pessoa de riso fácil. Finjo me levantar com raiva do Lee, mas antes de conseguir dar um passo sequer, sou puxado de volta para o sofá e acolhido num abraço que, ao contrário do mais velho, é tão quente que chega a ser confortável.

— Você parece um hyung, sabia?

— Como assim?

— Porque você fica me dizendo o que fazer como se estivesse preocupado comigo, e eu ainda obedeço — esconde o rosto no meu pescoço, assim como sempre faz.

— É o que eu posso fazer para não te deixar morrer por aí, tentar tomar conta de você. Se não fosse eu te ligando, você ia ficar vagabundando pela rua e talvez pegasse até uma gripe e morresse de hipotermia.

Fico fazendo carinho em sua nuca, outrora em seu cabelo e isso só parece ter feito ele se aconchegar mais em mim. Não posso vê-lo o rosto, mas tenho quase certeza de que permanece sorrindo. Ainda ficamos um tempinho assim antes do Mark dizer que precisava ir embora e que apenas tinha passado aqui para me ver rapidamente.

Quando já estávamos lá fora, me disse que eu deveria ir visitá-lo em casa alguma vez, pois é sempre ele que vem aqui. Digo que pode ser, então marcamos de combinar outro dia desses em que estivéssemos voltando juntos da escola. Assim que volto para a sala, sento-me no sofá e fico olhando Maggie dormir serenamente no tapete, sopra um ventinho frio vindo da janela e eu percebo o quanto faz falta ter um corpo quentinho, aquecendo e compartilhando calor com o meu.

𖣘

pensei em apagar esse capítulo mil vezes porquê achei ele tão 🤢🙄 mas acabei postando só pra não ficar sem atualizar


Colors ៚ Markhyuck (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora