eu lembrarei de hoje por anos

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Ficamos uns dez ou quinze minutinhos aqui, abraçados na minha cama. Eu penso em muitas coisas ao mesmo tempo que recebo cafuné e beijos no cabelo. Meu coração já não está batendo tão acelerado e eu já não estou mais tão ansioso, felizmente. Meu nervosismo já passou. Para falar a verdade, nem sei por quê fiquei tão mal assim, visto que nós nem chegamos a brigar. Quando fui perceber, minhas mãos estavam tremendo e eu estava me embolando nas próprias palavras. Não sei o quê aconteceu comigo.

— Estou ficando com fome de novo... — comento baixinho, desenterrando o rosto do pescoço alheio para encontrar seu olhar.

— Sabe que eu também?!

— Vamos fazer cookies?

— Você terá que me ensinar, porquê eu não tenho a mínima ideia de como se faz.

— Eu sempre tenho que te ensinar a cozinhar, Mark — sorrio sarcástico e lhe puxo pela escada segurando seu pulso. — Tu não te garante nem pra fritar um ovo.

— Claro que me garanto! Só não sei fazer aquelas coisas bonitinhas que você faz, mas eu sei fazer o básico.

— O quê seria o seu básico?

— Bom, eu sei fazer macarrão instantâneo, café e fritar ovo, e disso eu já posso viver. Sem falar que posso muito bem assaltar a carteira do meu pai pra comprar uma pizza.

— Você inventa cada uma — lhe convido para um abraço ao lhe esperar de braços abertos.

Mark se encaixa perfeitamente no meu apertado abraço, como se já fosse acostumado com isso há anos. Me solto dele e tiro os ingredientes da dispensa, deixando todos na bancada enquanto procuro os potes que vamos usar. Lee está roubando gotas de chocolate do potinho de vidro e acha que eu não estou vendo, mas eu estou literalmente parado no meio da cozinha, com as mãos na cintura e batendo os pés.

— Para de roubar as gotas de chocolate, seu salafrário! — dou um tapa em sua mão, mas ele faz uma concha com a outra e despeja uma pequena quantidade do doce em sua palma.

— Pegue um pouco pra ver se adoça a sua vida, meu docinho azedo — serve algumas gotas em minha boca e vai lavar as mãos para começarmos a cozinhar.

Coloco um pouquinho da baunilha em uma colher de chá enquanto digo pro Mark provar, com o argumento de que é delicioso e que tem o mesmo gosto do sorvete. Na mesma hora que saboreia o líquido pelos primeiros segundos, faz uma careta ao dizer que é forte demais e que não tem nada a ver com o sabor do sorvete. Rio dele, pois acreditou nessa mentira mal inventada que eu contei.

— Meu bem, eu posso tentar cozinhar hoje? Prometo que não vou queimar nenhum pano de prato — estende as palmas das mãos pra cima e faz um biquinho.

— Vá catar coquinho — reviro os olhos ao entender a brincadeira do pano de prato. — Coloca logo aquelas coisas alí na batedeira, que eu já deixei tudo separado e contado, falta só misturar.

— Sim, chefe.

Enquanto passo as instruções ao Lee na ordem em que deve adicionar os ingredientes, coloco na televisão a playlist que escuto para cozinhar. Ao terminar de depositar todos os ingredientes no recipiente da batedeira, Mark me pergunta se fez direito e eu digo que sim. Repentinamente, lhe puxo para um abraço tão rápido que seu corpo se choca contra o meu.

— Que foi, dengo?

— Nada, só quis te dar um abraço.

— Entendi — firma os braços na minha cintura e cambaleamos pela cozinha, ainda abraçados.

— Quero te dizer uma coisa muito idiota — Lee desgruda o corpo do meu e encontra meu olhar, após ouvir minha voz rouca. — Preste atenção na letra dessa música que está tocando.

Colors ៚ Markhyuck (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora