Não aguento mais escutar esse professor de química falando várias coisas sobre uns tais elementos que não sei quais são. Me perdi na quinta palavra que ele falou e, até agora, ainda não me encontrei no meio do assunto explicado. Mas eu também já sei que vou ter que lutar para entender todo esse assunto sozinho depois. Estou quase desistindo da minha vida de estudante.
Tento focar no que está sendo explicado agora, mas eu precisava ter entendido o assunto anterior. Af, que ódio. No fim, a aula terminou e eu devo ter ficado com cara de besta durante toda a explicação. Mesmo que ainda no corredor, vejo o sol de rachar que está lá fora e já torço para chegar logo em casa, fazer meu almoço e tirar uma soneca antes de começar a fazer as atividades.
— Vamos, Mark? — me viro para sua direção.
— Na verdade, hoje eu não vou direto para casa. Vou parar no mercado. Você se importa de ir sozinho?
— Mas eu não gosto de voltar sozinho pra casa... — digo quase num sussurro.
— Peça para o Jaemin ir com você, assim você não vai sozinho.
— Mas o Jaemin nunca vai pra casa depois da escola, ele sempre vai primeiro na casa do Jeno — faço uma cara emburrada. — Eu posso ir com você ao mercado? Depois a gente vai para casa juntos.
— Eu achei melhor não, porquê você deve precisar cozinhar e eu não quero te atrapalhar nisso.
— Mark, você não vai me atrapalhar. E aliás, por que você não vai depois do almoço? Ou vai me dizer que também não come nada depois da escola?
— Geralmente, não — confessa e eu fico boquiaberto.
— Enfim, vamos ao mercado juntos e voltamos para casa depois — seguro seu braço e saio andando colado em si.
Após um tempo, me afasto dele porquê ele parece desconfortável. Não tenho certeza se deixei transparecer que era brincadeira, então espero que ele tenha entendido. Quando chegamos ao mercado que Mark queria vir, vamos direto à parte da drogaria, próxima da entrada. Ele procura em várias prateleiras, mas não parece encontrar o que deseja.
— O que você está precisando, Mark?
— Eu preciso de mais daquelas fitas que aliviam tensão muscular. Se tiver, também queria levar um spray e algum remédio de pílula, também para dores musculares.
— Você parece ter muita dor muscular.
— E eu tenho — suspira alto. — Estou até pensando em voltar a fazer fisioterapia...
— Você já fez fisioterapia?
— Sim, fiz quando tinha dores na coluna causadas pela má postura — finalmente encontra a fita e o spray. — Antes eu tinha dores bem piores, mas as de hoje em dia são leves.
Acompanho-o até o caixa, onde paga a fita, o spray e pede um analgésico. Fico sorrindo quando vejo que ele também pegou um pacote de balinhas de goma sabor de melancia. Ele é tão bebêzinho. Guarda a sacola de compras dentro de sua mochila enquanto vamos andando, agora, para casa.
No caminho para casa, somos presenteados com uma brisa gelada e calma que passa por nós, agitando levemente nossas roupas e cabelo. Admito que eu estou um pouco desconfortável com esse silêncio todo. Mark costuma falar e rir bastante quando andamos juntos, mas hoje ele está tão calado que está estranho. Ele fala tanto que nem parece que estou com ele, agora que está silencioso.
— Mas então, por quê você parou de fazer fisioterapia? — tento retomar o assunto. — Desculpe falar tanto sobre isso, mas eu fiquei curioso.
— Não tem problema em falar disso — diz num tom sério. — Resumindo toda a história, eu comecei a fazer fisioterapia por causa da minha postura que acabava me dando dores musculares nas costas, então minha postura foi melhorando conforme eu frequentava as consultas. Mas eu parei de fazer porquê já tinha gastado muito dinheiro e eu já estava bem melhor, o que me levou a abandonar as sessões e passar a me tratar com essas fitas, sprays e outros remédios.
— Ah, entendi... Mas você não usa mais aquela coisa pra arrumar a postura, né?
— Sim, por isso que ainda sinto dores às vezes. Mesmo assim, não vou voltar a usar aquele treco porquê doía demais.
— Ah, sim. Entendi — e mais uma vez, encerro o assunto.
Chuto algumas pedrinhas no chão enquanto ando tentando pensar em algum outro assunto para me livrar desse desconforto. Eu não consigo, pois não sou tão criativo assim e normalmente é ele quem me faz perguntas e vem com assuntos que me fazem questionar sobre sua sanidade mental. São assuntos muito bestas, totalmente a cara dele, mas que fazem falta nesse silêncio constrangedor. É tudo tão melhor quando ele está tagarelando até a língua cansar e rindo até reclamar de dor abdominal.
Parece que fica até mais frio quando estamos calados. Ou talvez apenas fique um clima ruim e eu tenho a impressão de estar mais frio. Me pergunto o que posso fazer para tentar resolver toda essa situação, mas nada me vem a mente porquê é sempre ele quem cuida disso. A minha parte é só causar as brigas. Que ódio, já chegamos na frente da minha casa e eu não falei nada.
— Hoje você não me pediu nem um beijo sequer — comento, mas ele não responde nada. — E nem vai pedir?
— Acho que não. Entre logo em casa e vá comer alguma coisa, por favor.
— Você não é assim — puxo-o pela manga do casaco para dentro de casa.
Aproximo meu rosto do seu com um sorriso que dá pra notar, mas ele não faz o mesmo de costume e não retribui meu sorriso. Ignoro isso e grudo meus lábios nos seus, movendo-os com lentidão. Ele retribui meu beijo de maneira simples e seca. Estranhei que ele não colocou as mãos em minha nuca como sempre faz, nem se deu o trabalho de movê-las. Não sei o que está acontecendo com ele hoje. Vou me desfazendo do beijo com selinhos demorados e Mark quebra mais um costume, dessa vez de impedir que eu corte o beijo com selares carinhosos. Tudo bem, está tudo muito estranho.
— Eu preciso ir agora, tá? — encosta rapidamente as mãos sobre meu peito, tentando se afastar de mim.
— Mas por quê? Você poderia ficar para o almoço de novo... — sorrio ainda de olhos fechados, meu rosto bem perto do dele.
— Melhor eu ir, Haechan.
— O que tá acontecendo com você hoje? Não me beijou nenhuma vez, não segurou minhas mãos também...
— Não aconteceu nada — sorri sem graça. — Eu só não queria te beijar demais.
— Eu não estou entendendo o que você está falando, me desculpe, Mark.
— Olha, eu não quero mais te beijar toda hora como eu fazia antes porquê eu vou estar sendo grudento, então você vai ficar enjoado de mim e vai me deixar. Eu não quero acabar o que mal comecei contigo.
— Mark? — acabo rindo anasalado porque não acredito que ele disse essa coisa. — Tipo... Você tá falando sério?
— Ué, claro que tô — arqueia uma sobrancelha. — Enfim, é isso aí. Estou indo embora. Até amanhã.
A única coisa que me deixou foi um beijo mixuruca na bochecha e realmente foi embora. Eu não estou acreditando que ele pensa assim. Estou sem saber o que fazer. Mas por quê diabos ele disse isso? Honestamente, não me lembro de ter falado que queria menos beijos, ou quase nenhum. Pra ser sincero, ele entendeu tudo errado. Eu não devo ter sido muito explícito também, mas passei longe de falar aquilo que ele estava pensando. Mas que merda. Eu só faço merda.
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Colors ៚ Markhyuck (Hiatus)
Fiksi PenggemarOnde Donghyuck é um garoto colorido e alegre, dono de um mundo cheio de cores diferentes. Mas apenas com um deslize de Mark, seu mundo parece perder toda a coloração, ficando apenas em tons de preto e branco. Markhyuck longfic.