Estamos quase no intervalo, mas já estaríamos se não fosse essa professora de redação que não sabe que horas acaba o tempo dela. Eu e Chenle já estamos comendo mesmo, que se dane. Renjun e Jeno nos olharam rindo, acho que talvez seja porquê Zhong ataca os snacks como se não houvesse nada de errado em comer dentro da sala de aula.
Quando, por fim, fomos liberados, seguimos para a quadra. Mark e Jeno queriam jogar uma partida de basquete, mas acabaram chamando Chenle e Jisung para ficarem em duplas. Mark e Chenle estariam numa equipe contra Jeno e Jisung na outra. Eu, Jaemin e Renjun ficamos aqui na arquibancada apenas torcendo, e de quebra ainda ganhamos o apelido de "Os Sedentários", dado por Chenle. Mesmo assim, ficamos inventando canções como se fôssemos líderes de torcida.
Renjun se exalta e cria até uma coreografia, com pulinhos e as mãos chacoalhando como se segurassem pompons. Mark consegue roubar a bola das mãos de Chenle, na qual quase consegue roubá-la novamente, mas o canadense lhe dá um desvio com um giro e meus lábios não conseguem segurar, chamando-o de fofo. Quando consegue fazer a cesta, os olhos vêm diretamente para mim e logo depois surge um lindo sorriso.
— Só acho que foi pra você — Jaemin pousa a mão sobre minha coxa assim que avisa.
— Quem sabe, né?
— Af, a própria Cátia cega, você — o revirar de olhos arranca um riso meu. — Tu gosta dele?
— Ficou biruta? É claro que não gosto — sou obrigado a ver o drama após eu lhe estapear o braço. — Tem pouco mais de um mês que eu conheci ele, como eu poderia gostar do Mark? E outra, você sabe que eu não me apaixono por ninguém mais.
— Não, amor, de verdade. Você gosta dele, não gosta?
— Eu estou falando sério! Eu não gosto — faço questão de bater o pé no chão pois essa insistência do Jaemin me irrita.
— Tá bom, tudo bem... — agradeço aos deuses existentes e inexistentes por sua desistência. — Mas você já pensou em se aproximar mais dele e, sabe...
— Não, Jaemin. O Mark é meu amigo e ponto.
— Mas vocês já se beijaram...
— Foi só uma vez, inferno!
Depois de me estressar, vem com essa de fazer cafuné em mim e me pedir calma. Calma é o caramba, eu hein. Continuo assistindo ao jogo enquanto Jaemin tenta me puxar para perto dele e me dar beijinhos na bochecha, mas eu ponho o antebraço contra seu peito, o impedindo de chegar mais perto.
— Você não quer ficar com ele por causa daquele cara no oitavo ano?
— É. Um dia ele vai acabar descobrindo tudo aquilo que aconteceu e vai embora porquê o meu interior tem mais terror do que aparenta.
— Não pensa assim, Hyuckie, de verdade — consegue enroscar os braços em minhas costas com facilidade, me trazendo mais para perto de si num abraço firme. — Não é por quê foi assim uma vez que vai ser pra sempre, você sabe.
Jaemin profere suas palavras com tanta calmaria e doçura que eu me permito descansar em seus braços, com a cabeça sobre seu ombro e o rosto enterrado no pescoço alheio. As mãos dele deslizam sobre as minhas costas num carinho singelo. No fim, acabou que passou todo um flashback na minha mente, dos meses que vivi na qual mais detesto relembrar. Ele me abraça mais forte quando estou quase soltando-o, pois entende que para mim ainda machuca e não é fácil.
— Se eu pudesse te dar um conselho, eu ia te dizer para você não pensar duas vezes sobre acreditar no amor — as pontas dos dedos acariciam com carinho minha nuca, até infiltrarem meus fios. — É que não vale a pena desacreditar só porque, um dia, alguém colocou na tua cabeça que tu não é suficiente, que não dá pra te amar.
— Mas ele ia fugir de mim se acabasse descobrindo um dia, Nana...
— Não ia, não — desfez o abraço para segurar minhas bochechas e olhar nos meus olhos. — Olha, você é a pessoa mais incrível que eu já conheci. Eu juro que daria a minha vida só para ver você ganhando tudo o que você merece. Eu daria tudo para ver você sendo amado como você merece, para ver você feliz como eu sei que você deve ser.
O Na ainda me dá um última abraço antes de irmos encontrar aqueles que estavam jogando. Ficamos esperando aqui por um tempinho após a partida, enquanto eles iam até o banheiro para lavar o rosto e se livrar do suor. Renjun pula nas costas de Jeno e eles vão correndo na frente, enquanto Jaemin vai andando mais lentamente, levando os dois mais novos num meio abraço pelo pescoço. Eu acabei ficando para trás, pois precisei amarrar o cadarço, mas vejo Mark me esperando na porta da quadra com um sorrisinho no rosto.
— Haechan?
— Sim?
— Tá tudo bem? — reconhece o meu tom de voz estranho, meio trêmulo e eu fico com raiva de mim mesmo por deixar isso transparecer.
— Sim, sim — sigo com a cabeça abaixada, tentando falar ao mínimo.
Finjo que há algo em meus olhos que está coçando para disfarçar as lágrimas que queriam se formar aqui. Consigo perceber que Mark ainda presta sua atenção em mim, pois segura meus ombros e tenta olhar meu rosto, mas eu desvio toda vez que chega mais perto ao dar passinhos para o lado. Não que eu queira distância dele por algum motivo, mas é que vou ter que explicar tudo caso ele me veja assim.
— Solzinho, o que foi? — para logo na minha frente, segurando frouxo meus braços.
— Nada, não, Mark. Acho que só entrou um fio da franja no meu olho, porquê tá coçando...
— Olha para mim, por favor, Haechan — pediu num tom tão arrastado que desisti e acabei cedendo aos dedos que incentivavam meu queixo a se levantar.
Quando nossos olhares se encontram, suas pupilas parecem checar cada parte do meu rosto, desde a testa até a pontinha do queixo. As pontas dos dedos deslizam com calma e leveza sobre minhas bochechas.
— Que susto, eu achei que você estava chorando — agora ele que abaixa levemente a cabeça, com a mão no peito.
Passa o braço por trás do meu pescoço quando voltamos a andar em direção a sala. Me pergunta mais uma vez se tenho certeza de que estou bem, então confirmo. Eu realmente estou legal, mas se ele perguntasse mais uma vez eu acho que eu chorava. Choraria só por achá-lo tão precioso e fofo com uma expressão preocupada.
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Colors ៚ Markhyuck (Hiatus)
FanfictionOnde Donghyuck é um garoto colorido e alegre, dono de um mundo cheio de cores diferentes. Mas apenas com um deslize de Mark, seu mundo parece perder toda a coloração, ficando apenas em tons de preto e branco. Markhyuck longfic.