eu vou virar um vagabundo

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Ontem eu parei pra pensar que o aniversário do Mark está se aproximando e eu não faço ideia do que irei fazer. Assim, eu sei que quero dar um presente à ele, mas não sei o que pode ser. Estive pensando em perguntá-lo o que gostaria de ganhar, mas eu adoraria lhe fazer uma surpresa. O aniversário dele já é esse fim de semana, no domingo, e eu só comecei a pensar nisso hoje.

Neste momento, estou sentado na minha cadeira enquanto olho o nada, pensando nesse assunto. Penso no que vejo que ele gosta. Mark parece curtir roupas, camisetas de bandas e coisas para desenhar. Ele ainda não chegou, então ainda estou pensando se farei uma pequena surpresa ou lhe pergunto logo o que ele quer. Tenho quase certeza que ele vai me dizer que não quer presentes, então não vou nem perguntar, simplesmente.

— Bom dia, flor do dia — digo com um sorriso irônico quando vejo que ele chegou de cara fechada. — Oh, tampa da minha panela, me diga o que aconteceu contigo...

— Eu briguei com o meu pai de novo — diz rapidamente e sai de sala mais uma vez, dizendo que irá no banheiro arrumar o cabelo que está igual um ninho de passarinho, coberto apenas pelo capuz do moletom verde-musgo que usa. — Que raiva.

— Por qual motivo vocês brigaram dessa vez? — acompanho-o e o jeito que ele está andando, pisando fortemente no chão me dá vontade de rir. — Do jeito que você diz, parece que vocês brigam duas vezes por semana.

— Ele tem uma viagem do trabalho pra uma outra cidade nesse fim de semana, no dia do meu aniversário e só me avisou ontem, faltando só quatro dias... Três, sei lá — retira um pente pequeno do bolso e parte o cabelo ao meio. — Nem consegui dormir direito de tão puto que eu fiquei. Fui dormir de couro quente, só de ódio.

— Mas por quê você está tão bravo, meu bem? — lhe abraço por trás, deixando minha cabeça apoiada em seu ombro.

— Não, e o pior não é nem que ele vai passar meu aniversário longe, o pior é que eu vou ficar sozinho em casa durante todo esse tempo e eu não sei me virar. Não sei nem fritar um ovo direito, não sei fazer pipoca sem queimar uma parte, não sei limpar a casa, não sei cuidar de mim mesmo, não sei viver sozinho... Eu vou virar um vagabundo e morrer de fome! Nem grana no meu cartão eu acho que já não tem mais.

— Por que você não passa esses dois dias comigo, Mark? Será mais fácil e eu posso cozinhar pra você.

— Porque é muito tempo pra ficar de parasita na casa de alguém — guarda o pente de volta em seu bolso e vira-se para mim. Fico agoniado quando Lee me aperta forte contra si e demora a me soltar, mas ri contagiante quando lhe dou tapas nas costas para afrouxar o abraço. — Acho que, na verdade, serão mais de dois dias. Papai vai embora na sexta-feira de noite.

— Mas eu gostaria se você fosse passar um tempo comigo, seria bem legal.

— É muito tempo pra eu ficar vagabundando na sua casa, meu bem - ergue meu queixo e me dá um selinho. — Eu bem que gostaria de ir, mas é tempo demais e eu não quero incomodar.

— Você não vai incomodar, seu idiota — lhe dou um beijo no pescoço. — Eu vou pedir da minha mãe e ela vai deixar, que eu sei. Então é só você pedir ao seu pai e ver se ele deixa.

— Haechan...

— Shhh, só pede pro seu pai e vê se ele deixa. O resto, deixa comigo que eu resolvo, confia.

— Acho que ele vai deixar, mas vou te avisar quando ele me der a resposta - me beija mais, mas depois me abraça firme e confortavelmente.

— Então você vai, né?

— Vou. Se eu não for, sei que você ficará com raiva de mim por cinco dias.

Retornamos para a sala de aula porquê o professor chegará em breve. Enquanto ainda estamos esperando-o, ouço Mark resmungar consigo mesmo que seus lápis de cor que tanto gosta já estão ficando desgastados e que em breve precisará de novos. Também diz que suas canetinhas e pincéis estão começando a falhar de tanto que foram usados. Pronto, já sei o que darei à ele. Resolvi todos os meus problemas sem querer.

Sexta eu irei passar no shopping com a minha mãe e comprar uma cesta primeiro para colocar dentro tudo que vou comprar. O bom é que meu pai mandou minha mesada e, assim, eu terei dinheiro para comprar tudo e não vou ter que ficar enchendo o saco da minha mãe. Vou comprar uma caixa de lápis de cor com muitas cores, uma caixa e pincéis e canetinhas e o resto da cesta eu vou encher com as balinhas que ele gosta. Isso é brega? Sim, é brega pra cacete, mas ele sempre gosta de coisas bregas.

No dia do aniversário dele, vou fazer todas as suas refeições durante todo o dia porque vou querer deixá-lo muito mimado. Quero fazer com que ele não faça nada durante o dia inteiro. Se eu pudesse, até daria banho nele só pra ele não fazer nenhum mínimo esforço. Estou brincando quando digo isso, obviamente, mas com certeza vou fazer muitos agrados e mimos para ele. Mark é especial para mim e eu quero mostrar isso.

Lee está passando o dia emburrado, creio que seja porquê está com sono. Ele fica muito engraçado quando está ranzinza e isso me dá uma imensa vontade de rir, mas eu não posso. Nos sentamos junto de meus amigos na arquibancada da quadra fechada enquanto conversamos sobre assuntos que surgem entre nós aleatoriamente. Mark se senta bem na minha frente, porém está um degrau abaixo de mim, então separo minhas pernas e deixo que ele se encaixe entre elas. Quando ele o faz, puxo-o para mim e lhe envolvo num abraço frouxo.

Fico fazendo carinho em sua orelha enquanto escuto Jaemin e Renjun falarem sobre as injustiças do mundo. Vez ou outra eu acabo rindo, pois são argumentos tão questionáveis que acabam sendo engraçados. Confesso que não estou entendendo muito do que eles estão falando, estou apenas acompanhando a conversa de longe. Estranho um pouco quando alguns dos nossos colegas mais velhos passam por nós e cumprimentam especialmente Mark, chamando-o por um apelidinho que eu não entendi muito bem o conceito.

— Esse tal de sugar daddy é você, Mark?

— É uma brincadeira idiota do Johnny - rola os olhos e sorri sarcástico.

— Ah, sim... — arqueio uma sobrancelha. — Entendi.

Eles convidam Mark para jogar, mas ele nega e diz que hoje não está inspirado o suficiente. Yuta diz que hoje o Lee apenas não se garante nas cestas. Eu queria muito saber como está a minha cara neste exato instante. Involuntariamente, acho que olhei Nakamoto de cima para baixo sem nem perceber. Eu confesso que gosto que Mark fique aqui comigo, mas também gosto de vê-lo jogando. Gosto de fingir ser uma líder de torcida igual nos filmes americanos enquanto faço uma dancinha e balanço pompons imaginários ao torcer para ele. Isso sempre o faz rir e eu acabo rindo também.

— Meu bem, por quê você parou de me abraçar? — Mark pergunta com a cabeça jogada para trás para me olhar.

— Desculpe, eu nem percebi — enrosco meus braços em si e aperto seu corpo contra o meu.

Faço bico virado para sua bochecha esperando que aproxime o rosto para que eu possa beijá-lo, mas ele não o faz. Ao invés disso, fica olhando para meus lábios com um pequeno sorriso. Monta um biquinho em sua boca também e rouba um rápido beijo meu. O barulhinho que faz quando sela meus lábios é baixo, quase inexistente, pois precisa ser discreto. Fica brincando de me dar apenas um selinho e afastar o rosto de novo para olhar em meus olhos, mas eu peço que faça o favor de me dar um selinho demorado e ele realmente o faz. Após isso, abraço-o pelas costas e escondo meu rosto em seu pescoço pois fiquei envergonhado repentinamente. Lee faz carinho em meus braços e vez ou outra dá beijinhos, e isso, para mim, é tão amável. Mark é inteiro amável e fácil de ser amado.

Colors ៚ Markhyuck (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora