Hoje já é segunda-feira. Não sei se estou feliz ou triste. Semana passada, jurei para mim mesmo que iria tentar falar com Mark. Eu estou nervoso. Muito nervoso. Só de pensar no que eu deveria dizer à ele, me embolei nas palavras que sequer saíram da minha mente. Acho melhor eu deixar para pensar nisso só quando for tentar conversar com ele. Mas, poxa, por quê eu tenho que ser tão ruim de diálogo? Tipo, sei que o errado da história sou eu mesmo, porque não calculei as palavras que iria dizer à ele e não precisava ser rude daquele jeito.
Mesmo tendo consciência de tudo, ainda é difícil só de me imaginar pedindo desculpas. Pensar sobre tudo isso me pertuba demais. Não consigo parar de balançar os pés de tão nervoso que estou. Aperto sem perceber a caneta em minha mão enquanto minha mente me diz muitas coisas. A consciência me diz que eu deveria deixar do jeito que está para que ele entenda melhor nossa relação. O coração me obriga a pedir desculpas por tudo que falei e tentar recomeçar. Eu deveria escutar o coração pelo menos uma vez. É difícil para mim, mas é o que terei de fazer.
Enquanto olho aleatoriamente para os cantos da sala, vejo Mark chegando distraído, olhando para o celular. Ele o põe no bolso antes mesmo de se sentar, mas nem sequer olha para mim. Passo as mãos sobre os cabelos, sem saber o que fazer. Por um lado, eu já estava esperando uma reação como essa. Por outro lado, eu achei que, talvez, ele pelo menos pudesse olhar na minha cara. Suspiro bem fundo e silenciosamente, porque essa simples atitude me deu vontade de chorar. Eu havia explicado para meus amigos tudo isso no dia em que aconteceu, e agora, todos eles parecem chocados.
Jaemin passa um papel por Renjun, que o entrega para mim. Aqui, ele pergunta o que eu pretendo fazer. Respondo apenas o óbvio, digo que irei tentar conversar com ele mais tarde. Após isso, o professor de coreano entra em sala e passa umas cinco páginas de atividade. Sério, isso é um saco. Posso ouvir Mark suspirando alto, então enche as bochechas de ar. Nossa, ele é tão fofo... Perdi até a noção do tempo quando fiquei observando sua mão se movendo conforme escreve, então balanço a cabeça quando volto à realidade.
Quando chega a hora do intervalo, ele se levanta sem pressa e caminha em direção à porta. Eu vou logo atrás de si, aproveitando a onda de coragem que tomou conta de mim. E eu realmente teria conseguido, se uns hyungs não tivessem passado na frente da sala e levado-o com eles bem na hora que eu ia chamá-lo para conversar. De longe, vejo Yuta abraçá-lo como se não fosse soltar nunca mais, e realmente demora para soltá-lo. Mas demora muito. E ainda deixa um beijinho na cabeça dele.
Eu só queria saber por quê isso dói tanto. Acho que uma flechada no peito doeria menos. Um tiro doeria menos do que passar por tudo isso. Repentinamente, sinto meu rosto inteiro esquentar e a visão começa a ficar turva enquanto ainda alcança Mark indo embora com outras pessoas. Jaemin pousa a mão sobre meu ombro e tenta encontrar meu olhar, por mais que eu recue sempre que ele chega mais perto.
— Oh, meu amor — me abraça apertado e sua mão infiltra meus fios. — Chore, não, tá? Ele não tá indo embora. Ele vai voltar.
— Eu não vou conseguir falar com ele. Não vai dar.
— Mas você ainda nem tentou — se separa de mim e me olha com as sobrancelhas juntas.
— É, Hyuck. Negatividade, aqui, não. Eu gosto é de positividade — Chenle soletra a última palavra e faz uma dança como se fosse líder de torcida. Que ódio, isso me fez rir tanto.
— Meu Deus, Chenle — Jisung tenta cobrir o rosto. — Que vergonha. Vou fingir que não conheço você.
Enquanto os dois mais novos se afastavam, Renjun me diz que eu deveria resolver as coisas no diálogo. Ouvi mais um blá-blá-blá consideravelmente desnecessário. Para mim, não se fez necessário pois já sei o que eu devo fazer. Sem muitas delongas, vou até a quadra coberta, onde sei que Mark provavelmente está. Chegando mais perto, posso ver uma silhueta semelhante à dele. A coluna meio curvada, o cabelo meio bagunçado e a cabeça baixa enquanto olha o celular.
Você vai jogar agora? — pergunto baixinho quando sento-me do seu lado.
— Acho que não. O que você quer? — responde no mesmo tom de voz, sem tirar os olhos do celular.
— Então eu já posso falar contigo?
— Se você já estiver de cabeça fria... Vá em frente.
— Quem começou esse papo de cabeça quente foi você, eu estava tranquilo desde o início, sequer gritei. Tanto que até te chamei para conversar.
— Ah, é, com certeza — me olha com uma sobrancelha arqueada, então brevemente rola os olhos. — Inclusive, fui eu que fui rude com você também, né?
— Porra, não foi isso que eu vim conversar com você — passo as mãos sobre o rosto e dou um leve puxão no cabelo. — Olha, eu quero te pedir desculpas, tá bom? Sim, eu sei que fui rude e que você deve estar com muita raiva de mim agora...
— Não estou com raiva de você — ele me corta, mas eu ignoro. — Eu apenas fiquei chateado com a maneira que você falou, aquilo me abalou bastante. Eu praticamente me confessei pra você. Indiretamente, eu quis dizer que eu gosto de você, mas também já percebi que não é recíproco.
— Olha, Mark, eu gosto muito de você. Muito, mesmo. Mas era que eu não queria namorar, entendeu?
— Qual o problema comigo, então?
— me dá raiva o fato de que ele pensa assim, mas eu sei que talvez seja culpa minha também.— O problema não é você, não tem nada de errado contigo. Você é lindo, perfeito. Mas é que, sabe, faz pouco tempo que a gente se conheceu e tudo mais...
— Então sua desculpa é que a gente não se conhece direito?
— Argh, deixa eu falar! — dou um leve empurrão em seu braço e ele solta uma risada nasal. — O que eu ia dizer era que, na minha opinião, nós poderíamos esperar um pouquinho mais. Se der tudo certo daqui pra frente, a gente pode tentar dar um passo a mais, entendeu?
— Uhum... — ele cutuca o inferior da bochecha com a língua. — É, acho que eu me contento só sendo seu amigo colorido mesmo. Melhor nada do que isso.
Quê?
— Hm?
— Tô brincando, troquei a ordem das palavras sem querer — tenta segurar um sorriso, mas falha totalmente.
Meio sem jeito, tento lhe dar um abraço desengonçado, que também é devolvido de uma maneira semelhante.
— Fique bravo comigo, não, tá? — faço carinho no cabelo da sua nuca. — Eu sei que surtei, que não deveria ter falado com você daquele jeito e tudo mais. Me desculpe, de verdade.
— Tá tudo bem — passa rapidamente a mão sobre a minha coxa e dá um jeito de me dar um beijo na bochecha, bem rápido, pra não chamar atenção.
Ele diz que vai jogar uma partida antes de voltar para a sala, então me despeço dele e digo que vou assistir e torcer por ele, mesmo que de longe. É, até que não foi tão ruim assim vir aqui falar com ele. Embora minhas mãos tremessem, o coração quase saindo pela boca e as palavras ainda meio emboladas na minha mente. Mark corre em direção ao meio da quadra quando Taeyong o convida para jogar no seu time. Com ele, se vai toda a minha postura de frio e calculista que eu tanto luto para manter.
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Colors ៚ Markhyuck (Hiatus)
FanfictionOnde Donghyuck é um garoto colorido e alegre, dono de um mundo cheio de cores diferentes. Mas apenas com um deslize de Mark, seu mundo parece perder toda a coloração, ficando apenas em tons de preto e branco. Markhyuck longfic.