eu nunca fiz isso

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Se antes eu pensei que minha situação não poderia piorar, eu estava muito, muitíssimo enganado. Agora, além de não falar direito comigo, Mark aparenta estar me evitando. Eu devo ter muita cara de palhaço mesmo, só pode ser isso. Me pergunto se é só coisa da minha cabeça de novo, mas toda vez que tento chegar mais perto dele, ele mesmo vai lá e se afasta de novo. Tentei segurar sua mão, mas ele a enfiou dentro do bolso do casaco. Foi de um jeito tão natural que eu não sei se foi sem querer ou de propósito.

— O que aconteceu? — Jaemin pergunta.

— Com quem?

— Ora, com você e o Mark.

— Foi nada, não — minto, mas recebo um soco leve no ombro. — Eu juro que dessa vez eu não sou totalmente culpado. Foi ele que fez má interpretação do que eu falei.

— Me explica primeiro e aí eu digo se você estava errado ou não.

— Ele voltou com toda aquela estória de ser grudento, disse que não ia me beijar mais por temer que eu deixasse ele. Mas eu nunca falei que queria isso que ele está fazendo.

— É que você meio que deu uma bicuda na bunda dele e amassou o coração sem dó, sabe? — reviro os olhos porquê ele está exagerando um pouquinho. — Acredito que ele pensa assim agora ainda por causa daquilo que você falou para ele.

— Mas já faz quase uma semana desde aquele dia e ele só veio ficar estranho ontem?!

— Vai que ele pensou naquilo antes de dormir, deixou virar uma paranoia e colocou em prática?

— Ah, mas aí também já não é mais problema meu.

— Mas já vai ser grosso de novo, cavalo? — esbraveja e eu encolho os ombros. — Tenta falar com ele depois, dizer que ele entendeu errado e que não era bem aquilo que você quis falar.

— Eu fui bem sincero naquele dia, Jaemin.

— Então continue sendo sincero pra ver se ele não vai embora. Eu achei que você gostasse dele, Haechan.

— E eu gosto! Gosto muito dele. Só não aprendi a controlar a língua ainda.

— Se quiser ficar com ele, é bom aprender. Eu sei que é difícil pra você, mas pelo menos tente agradá-lo por um tempo. Faça umas coisas pra ele que você acha que ele iria gostar. Não vai custar nada.

Então desisto de argumentar mais alguma coisa. Não que Jaemin esteja errado, porque ele realmente tem toda a razão. Na não me disse mais nem menos do que a verdade nua e crua. Foi minimamente bruto, mas tudo bem, acabei provando do meu próprio veneno. Fico nervoso enquanto penso em maneiras de chamar Mark para conversar, porque ele pode me ignorar de novo, assim como faz desde ontem.

Num ato de coragem, me aproximo de si, cutuco seu ombro e pergunto se podemos conversar a sós, num lugar mais vazio. Com um movimento de cabeça, diz que sim, então nos afastamos até chegar na arquibancada detrás do campo, onde costumávamos ficar quando ele ainda não era íntimo dos meninos.

— Por quê você está me evitando? — pergunto, mesmo que já tenha ideia da resposta.

— Eu nunca fiz isso. Apenas tentei me afastar um pouquinho de você e ser menos presente.

— Pois então, Mark, mas pra quê você fez isso?

— Porque achei que talvez você quisesse mais espaço, que talvez eu estivesse muito pra cima de você o tempo todo.

— Eu nunca falei isso e muito menos foi o que eu quis te dizer. Isso já é coisa que você inventou na sua cabeça.

— É, pode ser que seja — desvia o olhar e suspira alto. — Também não sei o que leva você a pensar que eu estou te evitando.

— Vamos começar que você raramente fala comigo agora, né? — acabo levantando o tom sem querer, mas logo volto ao normal. — Também podemos citar que você parece estar fugindo de qualquer demonstração de afeto minha.

— Vou confessar que acabei pensando demais sobre você e aquilo que você disse. Se entendi errado, queria saber se você pode me explicar o que diabos quis dizer naquele dia.

— A única coisa que eu falei naquele dia foi que eu não queria beijo toda hora, simplesmente apenas isso, entendeu?

— Sim — agora olha para baixo, os olhos se mantém fixos nas mãos sobre suas coxas. — Pra mim, sua fala continua a mesma. Eu acho que pensamos diferente, muito diferente. Me perdoe se fiz algo que te chateou.

— Não precisa pedir desculpas. Apenas queria que tentássemos fingir que nunca falei aquilo e seguir um relacionamento normal, evitando brigas.

— Vai ser difícil esquecer o que você falou, mas eu vou tentar ao máximo. Não quero que você seja só meu amigo e já estou me cansando de falar isso pra você.

— Então fique comigo e não vá embora, Markie — chamo seu nome de maneira fofa e lhe puxo para perto segurando em seu queixo.

— Eu nunca soube ficar muito tempo longe de você mesmo — comenta, quase num sussurro.

Roubo seus lábios num beijo egoísta e lento, onde faço carinho em sua nuca com meu polegar. Mantenho minhas mãos em seu pescoço, enquanto ele varia entre dar leves apertos em minha coxa e cintura. Isso me faz suspirar e acabar por me separar dele rapidamente durante o beijo. Eu estava com saudades dele. Será que ele sentiu minha falta também? Esse pensamento toma conta de mim às vezes. Fico me perguntando se ele também sente minha falta. Acho que sim, né? Será que sente tanto quanto eu? Será que sabe a intensidade que sinto falta dele?

— É melhor a gente ir — afasta o rosto do meu, mas lhe trago de volta segurando suas maçãs do rosto.

— Não, só mais cinco minutinhos — insisto e ele também cede, portanto, ficamos por aqui.

Acho que ele está gostando disso, assim como eu. Acho que está curtindo, porquê não se cansa do beijo que sequer precisamos lutar para manter. A respiração regulada me faz falta, mas não consigo parar. Estou viciado nele. Não era exatamente isso que eu queria quando pensei em ficar com ele naquela festa. Eu planejava beijá-lo uma vez e largar, deixar virar amizade. Mas não foi bem isso que aconteceu, né? Que irônico... Agora estou aqui, beijando novamente o cara que falei que só ia beijar uma vez. Tudo bem, isso acontece mesmo.

— Agora a gente precisa ir, Haechan. É sério — se levanta e espera que eu desça os degraus da arquibancada.

— Ainda nem deu cinco minutos...

— Deu foi mais. Vamos logo.

— Não, Mark, vamos ficar aqui só mais um pouquinho.

— Eu já falei que precisamos ir.

— Você vai dizer não pra mim? Pro seu solzinho? — sorrio travesso, chegando perigosamente perto dele. Só parei agora que colei meu peito ao dele e encostei nossos narizes.

— Que ódio — rapidamente deixa as mãos em minha nuca ao me puxar para perto, mesmo que seja quase impossível, visto que já estamos grudados um no outro.

Não tardo em usar a língua para invadir-lhe a boca, pois sei que Mark está com pressa e eu não vou ter muito tempo para ficar enrolando. Também não estou nem aí para a delicadeza que nem estou usando e muito menos para os estalos altos que fazem nossa trilha sonora. Encosto-o na grade do campo e tento empurrar mais ainda meu corpo contra o dele, mesmo que não seja possível. Escuto seu arfar baixinho quando aperto sua cintura involuntariamente, como se minhas mãos, curiosamente, quisessem saber o que há debaixo dessas camadas de uniforme. Acho que eu gostaria de saber o que tem debaixo delas.

Depois de muita briga e insistência da minha parte, voltamos até onde nossos amigos estavam anteriormente, antes de nos separarmos para conversar. Jisung comenta que nós sumimos de repente e por muito tempo, então me dá uma vontade desgracenta de rir. Tento cobrir a boca com a mão e fechar os olhos, mas nada disso funciona quando escuto Mark primeiramente fazer sons de quem tenta segurar a risada, mas logo depois ele para de tentar evitar e o riso gostoso dele infiltra meus ouvidos, o que me faz rir também. Jaemin e Renjun nos olham estranho, assim como todos os outros, mas nós não conseguimos parar de rir como loucos. Eu sou totalmente outra pessoa quando ele está comigo.

Colors ៚ Markhyuck (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora