O Representante comercial da Tijuca

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Esse tinha um bom papo, escrevia bem e era simpático ao dedilhar suas palavras. Não passou desapercebido, tinha um bom vocabulário e parecia ter pressa. Era a semana do meu aniversário e lá foi ele para o mesmo bar que eu iria encontrar com os meus amigos. O conheci ali, naquele dia. Ele foi extremamente elegante com meus amigos. Era um bar divertido na Tijuca (o bairro que moramos no Rio de Janeiro), na mesma rua da vigésima primeira delegacia. Funcionava ali um videokê e mesas de sinuca. Foi uma noite muito divertida, não pelo fato de conhecer o tal rapaz, mas sim pelo encontro com os amigos.

Naquela noite cantamos REM, banda que adoro e que fez grande sucesso na década de oitenta. Aliás, videokê é aquilo, toca de tudo, se toca de tudo, cantamos de tudo, principalmente quando o teor alcoólico nos acompanha.

O representante bebeu tanto quanto os demais, mas foi elegante e agradável diante dos outros. Me olhava e me seguia para onde eu fosse. Se eu fosse fumar fora do ambiente que era fechado, ele aparecia como um ninja, alguns amigos perceberam, mas se fizeram de desentendidos.

O vizinho foi embora mais cedo, não rolou nada entre nós, porque óbvio que a noite não era para um encontro amoroso, mas sim para completar meus quarenta e cinco anos, com quem amava, amo.

Lembro que no outro fim de semana o tal sumiu, disse que iria para fazenda, que fica no interior do Rio. O telefone fora da área de cobertura. Achei aquilo estranho, confesso que não confio tanto em homens de aplicativos.

No outro fim de semana ele estava no Rio. Mas não lembro o motivo que me levou a não sair com ele. Lembro apenas de suas investidas semanais e os sumiços dos finais de semana na fazenda.

Lembro que o adicionei no facebook, vi os seus amigos, aliás amigas. Quase todas mulheres com cara de "Cuidado garoto eu sou perigosa", só faltavam garras, pois todas eram felinas. Em grande maioria de lá, lá da tal cidade que ficava a fazenda ...

Depois de um tempo ele me apanhou no Teatro Poeirinha em Botafogo, naquela noite eu estava cansada, não me lembro nem do que falamos, mas o espetáculo foi sensacional, aliás foi a última peça assistida antes que os teatros fechassem por conta da pandemia.

Conversando com uma amiga disse que o fazendeiro tinha sumido, que eu não seria mais ser a Léia Mezenga do Rei do Gado, eu dava adeus as botas de couro.

Também não ouviria uma frase famosa: - Vá tomar banho porque quero lhe usar!

#solteirasimsozinhanunca 

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