Uma das minhas melhores relações

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Vou chamá-lo de R.

Conhecer essa figura foi bom e ruim ao mesmo tempo. 

Lembro que conversamos uns dois meses para nos conhecermos. 

Em uma tarde de sábado, de ressaca sucumbi a um convite dele. 

Marquei com o rapaz no posto perto da minha casa. Ele chegou em uma caminhonete branca, mas não era nova. Parecia que iria desmontar na Ponte Rio-Niterói! 

Ele estava em usando uma camisa amarela, estava bonito. 

Com uma Heineken na mão.

Bem, não parecia estar alcoolizado. 

Na ponte, ele começou a contar a história dele aqui no Rio de Janeiro, ele era do interior de São Paulo. 

Ele me convidou para assistir um cover do Rolling Stones, só que não saí do sofá ao chegar na casa dele. Não conseguia. 

Compramos coca cola e fizemos algo para lanchar. 

Sei que comi e deitei no sofá da sala. Estava assistindo Queen, Love of my life!

Ele sentou na ponta, pôs meus pés no colo dele e os massageou, estava semi desmaiada, quando ele veio com fome e me beijou. 

Transei!

E não foi pouco não, transamos até às cinco da manhã.

Acordamos às onze, fomos dar uma volta pelas praias da Região Oceânica, onde ele morava, mora.

Voltamos para casa dele e começamos de onde paramos às cinco. Deus! Eu já estava sem forças, mas não joguei a toalha não.

Paramos, ele fez uma massa com camarão. 

E depois, voltamos de onde tínhamos parado para fazer a massa. 

Seu que ele sumiu dois fins de semana. 

E eu mandei ele para o inferno, eu sabia que ia me apaixonar, a cama sempre foi prioridade. 

Ele resolveu assumir a relação. 

Pronto, eu e ele estávamos em tudo, nos bastávamos, adorávamos beber, depois sair pelas praias de madrugada para transar. Foi um dos melhores momentos da minha vida.

Compramos alianças, as usamos. 

R morava no paraíso, era uma colina onde os gambás e pica paus moravam também. Ele tinha gatos e cachorros. Era tudo muito bom. 

Ele pôs uma piscina, depois de um tempo juntos. 

Íamos para a praia bem cedinho e voltávamos para casa antes das onze, e ficávamos na água como peixes. 

Sempre rolava um churrasco. Eu e R éramos bem animados. 

Fazíamos diversas reuniões, moquecas, pizzas, rodízios de caldos, muita festa e sexo, claro!

Com R, tive novas experiências sexuais, não tenho vergonha de dizer que transei com outras mulheres, foram momentos meus que curti muito e tive prazer.

Muito vinho e viagens. Com ele, conheci Ilha Bela e retornei a Morro de São Paulo em Salvador.

Com ele, mergulhei diversas vezes em Arraial do Cabo com tartarugas e arraias gigantes. 

Muito vinho e muita cerveja. 

Com R fiz novos amigos e também brigamos muito. 

Tinha ciúmes dele. 

Na verdade, não confiava em R. 

Ele voava de parapente. 

Conheci alguns dos amigos dele, todos bem-parecidos, eram inteligentes e adoravam uma erva. 

Biólogos em maioria, adoram maconha!

Ele fez vasectomia aos trinta e nove anos e eu logo depois passei por uma histerectomia por causada de uns miomas. 

Não éramos muito ligados em crianças.

Eu e R, estávamos em manifestações políticas, shows e praias. Uma vez saímos de casa para darmos uma volta na orla de carro, acabamos de calcinha e sutiã e ele de cueca dando um mergulho.

Lembro outra vez, era maio, fizemos um churrasco de frente para o mar. A praia estava vazia. Era Piratininga. 

Jogávamos altinha, mergulhávamos, frescobol e depois veio o caiaque. 

Tínhamos vida. 

Quando conheci a mãe dele, ele disse que ter me tirado da vida, como a gata que ele tinha.

Como ele gostava de sair para escutar rock, sempre se arrumava com o som ligado. 

Era muito bom. 

Ele na cozinha fazia yakissoba, rocambole de carne, pastel, churrasco, ele era bom na cozinha.

Claro que sinto saudades dele, foram bons momentos. Conquistou meus pais bem rápido, me meteu um chifre também, mas somei tudo e voltei para ele, depois de um término pela traição, aquilo doeu. 

Me arrependi do retorno, cristais quebrados, são cristais quebrados. 

Olho para o passado com saudades, mas não com vontade de voltar.

Lembro com emoção.

O conheci no Tinder. E se viveria novamente?

Claro que sim, mas o tempo que era para viver.

Poucas mulheres tiveram tantas horas de prazer inebriantes, tantos gozos e sussurros, tantos momentos felizes, tantas crises de risos e um pau de dar orgulho!

R era inteligente também, tinha uma visão política sábia, não era um homem consumista ou oco. Ele reciclava e adorava os animais. 

Éramos parceiros, principalmente quando o carro quebrava e voltávamos de ônibus rindo de algum lugar longe. 

A gente dançava nos bares, nas festas e fazíamos festas de réveillon.

Ele adorava comprar presentinhos para mim.

Enquanto escrevo abri um álbum de fotos que ele mandou fazer de nós. Os vinhos nas praias, as viagens, as cachoeiras, os passeios nos finais da tarde de domingo, as vacinas dos cachorros e gatos, os encontros com os amigos, cinemas, os micos em casa, os passeios de barco, filmes no Netflix, a porra toda e o amor...

Existia um quiosque que se chamava Delirium que todo final de domingo rolava um rock sensacional, comprávamos nossas bebidas e ficávamos na areia bebendo e dançando!

O amor que senti por ele, o cuidado e o carinho era verdadeiro. 

Nós nos chamávamos de Pisclez, ele me amou do jeito dele. 

Não tenho nem coragem de tirar as fotos dele do meu Facebook, porque eram momentos tão divertidos...

Alguns momentos me machuquei, ele também. Ele seguiu o caminho dele, está em uma relação que parece bastante segura.

Eu segui meu caminho, me encontrei, estou feliz, o bastante para entender que amores sempre vão, mas não deixam de vir também...






















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