O homem que mata

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Bonito, recatado e do lar, assim era ele, mas percebi que o perigo estava perto.

Conheci H no aplicativo. Muito bonito, alto, atlético (lutava Jiu jutsu em uma das mais famosas academia do Rio), duas formações (direito e análises de sistemas) e bom de  cama. Tinha o apartamento dele e sem filhos, tudo que uma mulher procura. Também era religioso, ia à missa todos os domingos. 

Gradualmente ele ia me conquistando. Gostava de presentear. 

H tinha qualidades, comecei a frequentar a casa dele mais vezes, era bom ficar com ele. Ele bebia muito pouco. Uma taça de vinho para ele e o resto para mim. Eu adorava! 

Ele morava próximo do mar, exatamente por isso estávamos sempre caminhando na areia e batendo uma bolinha. Ele gostava de jogar vôlei, frescobol, era tudo uma delícia. Também assistíamos filmes juntos e seguíamos dias bem gostosos juntos. Ele se dizia grato por ter aqueles momentos em casa.  Sentia falta de ter alguém em casa. 

Tanto ele quanto a mãe, encheram a casa com presentes. Pipoqueira elétrica, panela de fazer arroz elétrica, mini multiprocessador, aspirador de pó, toalhas, lençóis, faqueiro, colchas, era tanta coisa. Eu não dei conta da arapuca!

Na cama ele era surpreendente sim, não parava, uma máquina fascinante, me dá até saudade. Essa pandemia não ta mole para ninguém. Os voos solos estão cansando, já me vejo a procura de um fisioterapeuta, afinal a tendinite no braço direito é quase certo.

O sujeito tinha tudo para eu ser cega de ciúmes, mas ele me assustou com esse comportamento. 

Ele olhava para onde eu olhava, ele perguntava quem me ligava, ele ouvia as conversas que eu tinha com minhas amigas e interferia dando opiniões, ele perguntava quem estava falando comigo no meu WhatsApp, além de procurar saber quem eram, ia no google para saber o que faziam, ligava quando eu estava com minha mãe, tudo começou a ir por um caminho estranho. 

Uma vez ele disse ao telefone que não ia a uma consulta porque estava doente, tossindo ao telefone. A primeira briga! 

Se não quer ir ao médico, ligue dizendo que não vai, mentir daquela maneira era muito feio, morri de vergonha.

Notei que um dia deixei um pote de doce de leite na geladeira, ele comeu tudo de uma vez só, não briguei, mas notei aí um descontrole. 

O tempo foi passando e notei que ele passou a dormir demais, dormia muito. Procurei saber o motivo, remédio tarja preta. Me assustei. 

Fui mantendo a relação, mas confesso que o medo passou a me cercar. 

Eu fazia alguns cursos e ele passou a querer saber quais eram e os horários, falei para ele que tinha vista uma oficina na área dele. O inscrevi porque ele se mostrou interessado, perdeu a data da oficina. Mas queria fazer uma agenda para mim, segunda briga! 

Comecei a fazer crossfit no prédio que ele morava e percebi que o pessoal não o tratava bem. Parecia não chegar. Também estranhei.

Começou a me chamar de bebê, terceira guerra mundial! 

Se tem uma coisa que não combina comigo, é me tratar como uma criança. Irrita-me profundamente, sou uma mulher, não curto mesmo este tipo de tratamento. 

Uma vez estava até o talo de trabalho, quando ele me chamou a atenção dizendo que não dei um abraço nele. Chato isso!

Estava cansando com tudo aquilo, mas nada foi pior que o ciúmes desregrado. Em achar que eu não podia ter meus amigos, que eu não devia ter a relação tão gostosa que tenho com cada um deles. Não tem presentes, não tem sexo, não tem viagens, não tem nada que me afaste do que eu goste e quem gosto na minha vida, que me faça mudar minha forma de lhe dar com as pessoas que gosto, sejam esses homens ou mulheres. 

Quando terminei fiquei com medo, ele me ligava chorando. 

Fiquei assustada, mas em seguida, menos de uma semana depois a foto do perfil do WhatsApp dele, tinha uma mulher e uma criança e embaixo dizia, minha família linda! 

Muito louco, mas me livrei da oferenda!


Notei que ele também oscilava muito de humor. 




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