Eu não queria ter filhos

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Eu sempre fui a favor de uma maternidade tal qual a da minha mãe. Quando a mulher se faz mãe e tem a responsabilidade de educar a sua prole. 

Nem de longe isso  me seduzia, era um verdadeiro terror pensar em parar a vida por alguns meses para conceber uma criança. Egoísmo? Não! Apenas um não chamado desse relógio biológico que as mulheres costumam dizer existir. 

Só de pensar em anos cumprindo a missão de acompanhar crianças as escolas, deveres de casa, médicos, febres e tantas outras coisas, me dava preguiça. 

O ruim é quando nós não nascemos com esse dom, somos simplesmente julgadas, até mesmo subjugadas e confundem  isso dizendo que não gostamos dos pequenos. Uma coisa é não gostar de crianças e outra é não aderir à ideia da maternidade como um sonho.

Isso também da uma preguiça do cão!

Nós, espécies do gênero feminino sem filhos vamos às festinhas dos filhos das amigas e detalhe, vamos com amor. Quando estão grávidas levamos sacos de fraldas descartáveis e toalhas umidificadas, Pumpers ou Turma da Mônica. Levamos roupinhas quando nascem e juro que bebemos felizes o nascimento, brindamos com um fervor inigualável, ponha fé!

No entanto, não queremos parir!

E temos sonhos, sonhos que não tem a mesma importância de ser mãe, para grande maioria da sociedade!

Irritante isso.

E no íntimo, quando converso com algumas amigas, umas dizem que se voltassem no tempo...

Respeito e acredito!

Bem, esse match foi no aplicativo Par Perfeito, não existia o tal Tinder. 

Lá estava aquele homem lindo, digo perfeito, na frente da minha tela, teclando, eu quase tive uma síncope. 

E começamos conversar, além de terapeuta, surfista e paulista, o homem se expressava muito bem. Eu corajosamente continuei o papo. Era uma tarde de domingo de sol e lá sentada à varanda de casa, tratando a distância de São Paulo ao Rio como se fosse a mesma do mercado da esquina.

Ele tinha um papo sensacional, para frente, embora mais velho que eu. Uma cabeleira branca de fuder meus pensamentos profanos.

Conversa vai e conversa vem, fui eu para São Paulo. Parei no bairro que ele morava, a linda Moema. Com cafés lindíssimos. O apartamento era de muito bom gosto, uma decoração que causava uma excelente sensação. 

Ele voltou para o consultório para atender uma cliente e eu fiquei com a Lola, era uma vira-lata linda, parecia uma raposa. Pus o biquíni e fui nadar na piscina do condomínio.

Depois das braçadas, fui caminhar com lola no bairro, percebi que São Paulo adorava Vira latas!

Quando ele chegou recebeu no apartamento duas amigas médicas que era da região norte, que estavam em um congresso na cidade, se não me engano de dermatologia.

S fez umas bruschettas para nós enquanto ouvíamos Marina. Abriu uma cava, espumante espanhol de matar a pau. Lógico que dali fomos para o finalmente!

Acordamos, saímos para comprar uns vinhos, todos caros! Fomos em uma moto linda da Mercedes Benz! Fazia uma tarde maravilhosa!

Partimos para Campos do Jordão. Ao chegarmos no início da noite, adentrei em uma casa cheia de lareiras, no primeiro, no segundo andar, um espetáculo.

Fomos para cama. De novo!

Ao amanhecer, partimos para conhecer a cidade. Comprar lenhas. 

A cidade é linda. Fazia um céu azul cerúleo inesquecível. Fomos em uns parques exuberantes. 

Escutamos João Bosco, incompatibilidade de gênios, me lembro bem...

Paramos no Baden-Baden um bar lindíssimo e muitíssimo bem frequentado. Porra nenhuma, todos bebiam com moderação e sem alegria! Meti o pé na Steinhagen, uma bebida do século quinze a base de zimbro, essa merda é produzida em alambiques alemãs. Servida com casca de limão e gelada.

Já entenderam? Saí de lá torta!

Eu não usava botas de couro, óculos modelo aviador, bolsa de marca e sobre tudo claro, o que parecia uniforme das mulheres que estavam ali. 

Eu carioca, lascada, com um jeans básico e uma camisa de manga, fiquei ruim, muito ruim como o próprio Luiz XV deve ter ficado. Dizem que o submarino faz pirar, verdade, a mistura com o chope pira qualquer santo não santificado, no caso eu!

Sei que o garçon me adorou, a cada shot uma piada!

Fomos embora, naquela noite ele fez camarões do tamanho da minha mão com leite de coco, mostarda e um molho adocicado com arroz branco. Uma delícia.

Bebemos para acompanhar um Chardonnay (vinho branco), que combina muito com frutos do mar.

O Chardonnay é uma uva de origem francesa, é o que dizem, que está entre as principais castas internacionais. É isso.

Antes de irmos para cama, sentamos em um sofá e conversamos. Ele me chamou para um papo sério, ele foi objetivo, queria filhos, ri comigo mesma!

Apenas respondi que filhos precisam de família e família não se constrói em um dia!

Naquela noite usei uma camisola de seda longa, preta. 

Foi bom, mas confesso que aquele papo nada cabeça naquele momento da minha vida e em qualquer outro, me assustou!

Tudo que eu falava, ele rebatia, a favor da gravidez. 

Lembro que ao voltarmos para a cidade, ele me levou ao encontro da família inteira em uma churrascaria sofisticada, todos eram muito simpáticos e afáveis.

Mas voltei para à terra da bossa nova. 

Não mais voltei a São Paulo para encontrar o belo S. 

Uns meses depois, vi dois bebês no meu Facebook, olhei para ver de quem eram, para minha surpresa filhos do S, gêmeos, que livramento!

Lindíssimos, conversamos sobre, ele estava feliz.

Um ano depois voltando a SP, falei com ele, ele me convidou para um café e óbvio que jogou seu charme e daí  percebi como fiz certo!

Tempo que não o vejo, torço para que eles, digo a família inteira esteja bem.


#meucorpominhasregraseminhavidameussonhos







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