O baixinho da Tijuca

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Fui conhecê-lo, não era feio, no entanto, tinham algumas diferenças que nem por reza iriam se harmonizar. Ele tinha uma filha de quase vinte anos, uma graça. Até aí tudo bem. Morava próximo, eu não precisava atravessar a cidade para encontros, tudo isso a gente considera, combustível no Brasil é um absurdo. Ele falava bem, era diretor financeiro de uma importante instituição federal. Tinha uma excelente narrativa e bebia como Bob Esponja, sugava o líquido com uma rapidez, nada contra. Até curto! 

Bebi um vinho verde, enquanto ele bebia um barril de chopp. Comemos uns bolinhos de bacalhau. Foi uma delícia o papo, ele muito era muito culto, tinha assunto. 

Falou da filha, da separação, foi casado durante vinte e oito anos e estava recém-separado. 

Mas parecia bem, estava feliz da vida. O senti solto. Disponível para a vida. 

Conversamos por muitas horas, quase cinco, mas tudo acabou quando o papo do samba começou. 

Ele escreve samba enredos. Nada contra, mas todos sabem que respeito carnaval por fazer parte da cultura do povo, porém não suporto. Eu não entendo esse povo fudido, sem segurança, sem saúde e sem educação pulando carnaval,  festejando o quê? A porra da fome ou a burrice? A falta de emprego? Eu realmente até entenderia, se esse mesmo povo fosse para as ruas brigar por seus direitos que são constitucionais, mas parecem não sair da colonização. Acho isso tão cansativo. Tão pequeno. O carnaval tem tudo para ser uma puta festa, tem sua história, mas essa poderia estar agregada ao sucesso de um Brasil que por natureza é riquíssimo. 

Decerto que conversamos sobre grandes sambas.  Mas daí a gostar de vivenciar as escolas de samba já existe uma diferença enorme. Me disse chegar sair dos barracões quase oito (horas) da manhã e para isso não tenho disposição. Não mesmo!

Percebi que ele precisava de alguém que goste desse universo, que não é o meu. 

Sou do rock, da MPB e da bossa... 





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