Boston Medical Group & Mercedes-Benz

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É isso, para que um avião se você não vai voar?

Inteligentíssimo era o S de Copacabana, lembro que virei a noite falando sobre literatura com ele. Quanta riqueza em um homem só, fato!

Ele não parava de expor opiniões importantíssimas e relevantes sobre um Brasil escrito. Difícil encontrar pessoas assim. 

O conheci em um sábado lindíssimo de sol, ele me convidou para conhecer o clube Costa Brava, que fica localizado em Joatinga na Barra da Tijuca. Bem no alto, inclusive uma das piscinas era reabastecida com a água direta do mar. Uma vista incrível, às vezes nada falta ao rico né?

Só que não...

Fomos ao teatro naquela noite assistir um espetáculo, era um tributo a Janis Joplin, no teatro Cesgranrio, que maravilha de obra! Caracterização lindíssima e uma banda ao vivo de comover os fãs da Pearl (seu apelido). 

Aliás, tenho uma admiração pela música Mercedes-Benz, última música gravada antes da rainha do rock and roll ser encontrada morta em casa por overdose de heroína. Essa música não era para fazer parte de disco, ela não reconhecia como uma canção apropriada para o tal. A música foi concebida em um bar, escrita por um amigo em um guardanapo. Os instrumentos eram os copos de cerveja, pulseiras que voavam e sandálias, percussão perfeita quando cadenciada com um "pouco" de álcool e amigos psicodélicos! 

Essa canção foi de grande importância social para ela, leiam a tradução quando puder.

S tinha uma Mercedes Benz, como todo trabalhador merece ter. Aliás, o trabalhador brasileiro pelo menos merecia no mínimo transporte público mais digno, mas isso é outra história ...

Naquela semana S me levou para jantar em um famoso restaurante no Rio de Janeiro, foi bom, porque inegavelmente adoro comer e quem me conhece sabe muito bem disso.

S adorava sair para comer, uma vez o levei no Café do Alto em Santa Teresa, é um restaurante que serve um café da manhã nordestino, um verdadeiro Lampião no estômago. 

No outro dia parou o carro na frente da minha casa e me deu um abraço emocionado. Tudo estranho ...

No outro fim de semana fomos assistir outro espetáculo, Loloucas, divertidíssima comédia com duas artistas reconhecidas. Depois saímos para o jantar, em seguida fui para a casa, ainda não estava animada para maiores enlaces. 

Chegou mais um fim de semana. Combinei de beber com amigas e amigos em um  bar alternativo na Tijuca, um bairro aqui no Rio. Ele foi, apareceu com champanhe e taças da loja Tok Stok para todos, no bar onde bebíamos cervejas em copinhos americano. 

Pediu comida, pediu caipivodka, pediu tudo. Na hora de irmos embora pedimos a conta, ele foi ao banheiro e voltou com tudo pago. Eu e meus amigos ficamos sem graça. 

Na manhã seguinte me convidou para almoçar, mas antes tinha que passar na concessionária do carro, algo aconteceu com o retrovisor da espaçonave. Chegando no local sentei em uma poltrona confortável enquanto ele resolvia o problema. Me ofereceram café de ouro, água de ouro, só faltou o pomo de ouro do bruxinho Harry Potter ou o velo de ouro do carneiro alado Crisómalo da mitologia grega!

Um vendedor me mostrou canetas, roupas e bonés da marca. Eu olhava, somente olhava. S chegou e escolheu algumas coisas e me presenteou. Eu agradeci. 

Lembro que deixei a bolsa em casa. Minha mãe perguntou de quem era aquelas coisas, pois na bolsa tinha uma nota fiscal no valor de quase novecentos reais. Ela sabe que não gastaria esse dinheiro com um boné e uma camisa.

Minha realidade não permite uma extravagância dessa.

No outro fim de semana recebi meu amigo Gabriel do Espírito Santo e ele foi ao tal clube conosco, beber com Gaby sempre foi prazeroso demais, naquele dia rompemos a barreira do que julgamos ser o necessário, bebemos muito. Comemos peixe e pastéis de camarões frescos, chegavam a estalar nas mordidas. Ele pagou a conta!

Naquela tarde decidi ir para o apartamento dele, mas algo não correu muito bem, isso acontece.

Conversando com ele, me disse ter diabete. Entendi.

No outro fim de semana  fui me encontrar com Carlota e Rodrigo, fomos beber no Otto. O restaurante da Tijuca que adoro. Ele ligou e foi ao nosso encontro, pediu espumantes. Carlota já estava nos gaseificados, ela é dessas. Rodrigo disse ser pobre e já estava conformado em beber seu chope. Meus amigos, meus amores, minha vida, as peculiaridades de cada um deles me enfeitiçam. 

Enfim no final a conta logicamente muito alta, ele já alteradíssimo não deixou ninguém pagar!

Naquela noite até o dono do restaurante sentou conosco!

Na hora de ir embora tirei a chave do carro das mãos dele e o mandei para casa em um uber. 

Foi uma noite divertida, como sempre ao lado deles!

No outro dia fomos para a segunda tentativa e a tia Beti atrapalhou, dois a zero para ela, mas confesso que estava me irritando.

Naquele fim de semana resolvemos comprar camarão no mercado São Pedro em Niterói, lá é tudo muito fresco. Não compramos nada, ele quis comer algo no segundo andar, a aparência me espanta um pouco, gosto mesmo de comprar as coisas e fazer em casa. No restaurante não gostou da comida e foi grosseiro com a moça que o serviu. Não suportei aquilo. Já queimado comigo, resolveu me levar a uma churrascaria maravilhosa, no Aterro do Flamengo, não lembro o nome. 

Ao chegar lá me trouxeram pequenas panelas individuais com arroz, vinagrete e farofa de ovo (lembro da outra amiga Carla que ama), o que gosto além da conta também. Ele chamou um garçon e falou que eu estava ali diante de carnes exóticas para comer a massaroca. Fiquei puta, mas resolvi aproveitar e experimentar as diversas saladas do buffet. Um dos garçons perguntou se eu queria alguma carne em especial, eu disse que sim, uma costela. O garçon perguntou se eu queria costela uruguaia ou nacional, respondi que qualquer uma. Ele criou um caso por isso, dizendo que me levava aos lugares para comer pão com ovo! Olhei para o garçon e disse: traga-me todas as costelas com identidades, incluindo nacionalidades registradas por favor! Quero costelas norte americanas, argentinas, costelas africanas a la Mandela, costelas do Tibet e costelas de Omã do jogo War!

Naquela tarde fui dormir na casa dele, era sábado. 

Não peguei no sono naquela tarde, tentei...

Me fiz de morta. 

Ele ao lado ouviu um audio de uma mulher que dizia: "Não adianta ter uma Mercendes Benz e não transar!"

Fiz a egípcia, uma verdadeira Cleópatra mumificada no sarcófago. 

Sai da cama um tempinho depois e fui para o banho, ele resolveu comer uma pizza. 

Ao chegar no restaurante no bairro Humaitá no Rio, ele com sua prepotência ligou para recepção perguntando se eles faziam delivery, a recepcionista perguntou de onde ele falava, ele respondeu que no próprio restaurante, muito rígido, porque o garçom não lambeu o saco dele ao chegar!

Esqueci de contar que fui indagar algo ao motorista do Uber quando fomos a tal pizzaria, ele me chamou a atenção dizendo que mulher não fala com outro homem na presença do parceiro. 

Conforme os dias iam passando ele se revelou grosseiro com os colaboradores da empresa dele, gritando com secretárias, com funcionários de empresas que prestam serviços em nossas casas, grosseiro com o zelador, sempre grosseiro com o proletariado...

E o amor acabou!

Entendi que ele pagava tudo, mas isso não era o suficiente para mim, porque o tudo que ele podia fazer não era o tudo que eu procurava!

#vacomdeus










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