Enquanto escrevo, ouço a história de Chiquinha Gonzaga, filha e neta de militares, família branca e representante da elite brasileira. Fico a imaginar a vida da musicista, neta de mulher negra escravizada. Com todo tradicionalismo, machismo e patriarcado ao seu redor. Chiquinha ao escrever para o teatro musicado foi proibida de assinar a sua própria obra, por ser uma mulher. Chiquinha pediu para abrir alas que ela queria passar, nós já estamos passando...
Me desculpem os moralistas, mas a nossa liberdade não tem preço, a minha principalmente.
Essas minhas asas são preciosas, não me deixam viver angustia, lógico que tenho problemas como todos, mas sou feliz assim, sempre alçando voos, principalmente do conhecimento.
Sigamos ao match que culminou em um papo harmonioso. Para começar ele é de uma cidade que não me simpatizo, embora eu tenha família de um lugar até pior ali por perto. Na verdade, não curto lugares que crescem desordenadamente.
E daí já começamos a rir da situação, além de simpático ele era bonito. Me chamou a atenção. E assim continuamos as trocas no whatsapp.
E o papo continuou a fluir com leveza. Na verdade, era uma sexta-feira, quase quatro da tarde quando começamos a falar. Eu atolada de trabalho, mas mesmo assim tentamos nos encontrar, marcamos meia-noite, era o horário previsto para o término do último espetáculo. Eu cansada e preocupada com a violência que vivemos aqui no Rio, preferi conversar e juntos preferimos deixar para o outro dia, na parte da manhã.
Engraçado que naquela noite tive convites para beber em um veleiro, outro para degustar um vinho nórdico e outro para beber um Sangue del toro, mas confesso que nenhum deles me envolveram como C, sei lá o que aconteceu. O nome dele era horrível, é um dos nomes que menos gosto, mas mesmo assim queria estar com ele
Enfim, tinha um sorriso aberto e um par de braços, que já me via ali, tinha uma barba preta e branca de enfeitiçar. Os barbudos estão em alta.
Às dez ele chegava em uma moto enorme, e seguimos para Niterói! Atravessamos a ponte que tem em sua extensão de treze quilômetros. Nunca fiz isso, foi uma delícia, o céu estava lindo e contribuiu com a bela vista da Baia de Guanabara naquela manhã. Aquele vento que batia, o avião que passava por minha cabeça, em seguida aterrissando no Santos Drummond, que espetáculo!
Paramos em um quiosque de frente para o mar de Camboinhas, o mar estava calmo, quente e claro.
Pedi um rose português e ele uma cerveja. A tarde passou muito rápido.
O vinho acabou, pedi um gim com tônica e laranja.
O gim acabou, pedi uma vodka com frutas vermelhas.
Comemos pastéis de camarão, temperados com limão e azeite.
Anoiteceu.
Conhecemos um garçon cujo filho era doutor em letras, gente boníssima, senhor Aderaldo, ele era tão querido que no final sentou em nossa mesa e tomou uma conosco.
Teve uma hora que chamei C de Aderaldo! (risos)
O quiosque fechou. Descemos para o mar, não tinha ninguém naquela praia.
Mergulhamos e deitamos na areia, o céu não tinha estrelas, mas sim estava lindo, sem vento e uma brisa de temperatura ideal. PERFEITO!
Deitados naquela areia, lado a lado, ele me beijou, não se tratava de qualquer beijo, foi o beijo que eu já imaginava. O beijo bom, beijo cuidadoso, afetuoso, sensual e foi ali mesmo que transamos. Tiramos a roupa, ficamos totalmente nus.
Transamos, uma cadência diferente era a forma dele de fazer amor, um compasso sensual que me fazia delirar de prazer, ali na areia mesmo. Me entreguei com vontade, deixei rolar. Que delícia foi aquilo!
Rolamos na areia, foram posições diversas posições e meu corpo queria tudo, respondia com mais desejo.
Mas nos assustamos com alguém que andava por ali e resolvemos ir para um motel próximo.
Ao chegar, tomei um banho de água doce, lavei os cabelos, passei um hidratante e deitei naquela cama. Ele fez o mesmo em seguida. E ao deitar recomeçamos, recomeçamos de onde paramos, só que com toda liberdade do mundo.
Transei com vontade de beijar, transei gostando do cheiro dele, às vezes ele me dava a sensação de querer entrar de mim.
Ele era tudo que eu não queria e tudo que eu queria também.
Ele me abraçava, ele respondia aos toques, os gemidos dele eram excitantes demais.
Meu corpo não cansava.
Com fome, saímos do motel e atravessamos a rua para comer um sanduíche, a fome era monstra.
Voltamos para o motel rindo.
Descobri sermos politicamente contrários, mas não me arrependi. Ele foi doce comigo. Mas se eu soubesse, não teríamos ficado. Fato!
Ele disse seguir uma filosofia que as feministas odiavam. Procurei saber.
Mgtow, que em português quer dizer homem que segue seu próprio caminho, implica em fugir de possíveis problemas quanto aos términos de um casamento, evitam viver relacionamentos que podem a liberdade deles e a contrariedade ao homem provedor.
Até aí tudo bem. É um direito.
Mas como não sou superficial, fui a procura de mais informações.
Na verdade, a filosofia dividi-se em duas partes, devido a alguns radicais.
Independente disso a Mgtow apoia os extremas direita (Na Virgínia em agosto de 2017 os manifestantes carregaram bandeiras da Confederação (escravista), bandeiras dos Gadsden e uma bandeira do nazismo) e o nacionalismo branco (isso assusta).
Alguns pesquisadores dizem que essa filosia esta mesmo alimentando o homem que não têm capacidade real para identificar as forças globais e por isso culpam as feministas.
Sou a favor da igualdade, hoje de dez lares, quatro são chefiados por mulheres, esse movimento não se deu por serem abandonadas, mas sim pelo empoderamento que seguiu legitimando a força da mulher.
C tem uma mãe, uma filha e uma ex mulher bacana, segundo ele, eles não tiveram embates durante a separação, eu gostaria que C lesse o que li na Wikipédia para entender que não temos nada contra movimentos, mas sim contra absurdos como esse.
Tenho certeza que esse homem que me tocou como se eu fosse de louça ou algo semelhante, não gostaria que as mulheres da vida dele fossem vistas assim:
"MGTOW's ridicularizam as feministas como "guerreiras da justiça social" e veem o movimento LGBT e o apoio a espaços seguros como obstáculos à autopropriedade masculina. Leah Morrigan afirma que os vídeos de Sandman, fundador do MGTOW.com, "proclamam [seu] ódio amargo e indiscriminado pelas mulheres", que ele afirma serem todas "prostitutas e mentirosas manipuladoras". Quando as mulheres são discutidas nos fóruns da MGTOW, geralmente é "colericamente".
Não, eu não sou prostituta, fui para cama com ele porque gosto de sexo, tanto quanto ele. Eu não cobrei, então já comprovo que em parte a filosofia é vã. Não somos TODAS prostitutas e mentirosas manipuladoras.
E a mulher não é propriedade de homem, assim como Chiquinha Gonzaga, algumas de nós preferimos harmonia a casamento!
#folhetim