Que Homem!

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Devo essa a Bahia. Essa foi a forma que chegamos a entender uma de nossas afinidades. Tenho algo com esse estado muito forte. Não sei explicar o motivo, mas sempre que eu chego lá sou tomada por grande sentimentos, por emoções inexplicáveis. Choro e me arrepio, é como se eu estivesse pisando em solo sagrado. Não sei se estou ligada a orixás ou ancestralidade, sei que sinto.  Um Tinderella emotiva!

Fui criada em um lar que não entende que somos laicos, para eles não existem outros Deuses que não seja o Deus deles. -

Ser laico te possibilita conhecer diversas religiões, que é cultura também, seja esse qual for. E devemos isso ao querido Jorge Amado, que foi autor dessa emenda quando deputado pelo Partido Comunista em mil novecentos e quarenta e seis.

Viva!

Dizem que sou inteligente, perspicaz, generosa e politizada! -

Sei que as fotos me evidenciaram um homem livre, montado em uma moto, com um sorriso largo e em uma delas uma boa caneca de chope que dava água na boca. Ele sabia beber, o que para mim era a sétima maravilha, nada mais broxante que um homem que não bebe. -

E assim começamos a falar. 

Fomos para o WhatsApp, o motel dos aplicativos. 

Ele falou do amor que sente pela Bahia e daí touché, me ganhou!

Marcamos de nós encontrar, ele sugeriu de irmos à casa dele, que cozinharia algo para nós. Eu aceitei!

Ele morava em uma reserva florestal, em uma casa. -

Ele foi me apanhar, quando entrei no carro ele tinha um lenço amarelo, por conta da pandemia. Me lembrei de um cowboy naquela hora, mas me mantive calada. Ele foi gentil comigo enquanto eu indicava o caminho de volta a casa dele. Não muito longe da minha! -

Ao chegar um paraíso se abriu a minha frente, eu estava no Eldorado. Uma casa compacta, linda, parecia no meio de um vale, pois era cercada de morros, estava escuro quando chegamos, não posso afirmar ao certo. Um gramado verdinho me recepcionou, ele não notou, mas tirei a rasteira de palha que ganhei do meu amigo Rodrigo no último natal. Impossível não deixar meus pés sentirem aquela grama tão bem aparada. 

Uma planta majestosa tampava uma boa piscina. Ela tinha mais de três metros de altura e largura, folhas enormes em forma de um leque, ele disse o nome, mas não lembro.

Passamos pela piscina e dei de cara com um palacete fechado por vidros. Uma decoração leve, embora tivessem móveis rústicos, ela era alta. Uma casa linda!

Fomos para cozinha, lá liguei meu note, ia ter aula de Teatro Cabaré, o que ele adorou! Ele gostava de arte, cultura. -

Me conectei e seguimos a noite. Me ofereceu uma cachaça boa mineira, talvez quisesse me embriagar, mas tenho amigo mineiro, né Leonardo?

Missão quase impossível me derrubarem em um copo.  

Ele subiu e tirou a roupa que usava, desceu com uma regata branca e uma calça de moletom, estava a vontade com a minha presença. Além de tudo, sabia cozinhar! - 

Uma elegância sem igual. Dentro de uma roupa básica, se fazia imensamente fino. Viajado.  Mas não contava suas histórias com petulância, mas sempre com a intensão de falar sobre suas emoções nelas, nas estradas, principalmente a sua procura, em entender a alma, a vida. - 

Disse que iria preparar uma massa, enquanto eu assistia à aula ele ia me informar os ingredientes. Uma linguiça italiana maravilhosa, umas bolinhas rosa que dizia ser pimenta, massas importadas e eu azul de fome (como sempre). Alho, cebola e molho com tomates inteiros, que particularmente adoro.

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