Conheci o P em uma noite de quinta-feira e quase viramos a noite conversando ao telefone.
Ele era inteligentíssimo, de tudo ela sabia um pouco. Muito raro encontrar alguém com aquele perfil. Escrita e dicção perfeitas, e ainda falava um inglês como ninguém.
Falamos sobre gastronomia, bandas de rock, bebidas e músicas.
Conversamos muito naquela noite, depois ele sumiu.
Em uma tarde de sábado apareceu, conversamos um pouco mais.
Ele não estava no Rio naquele dia. Saiu para passear com o filho. Mostrou os quartos do hotel que estavam na serra, batemos um papo, mas nada tão demorado.
Sumiu novamente.
Apareceu. E antes que sumisse novamente avisei que iria bloquear se continuasse com aquele comportamento, até que ele me contou que não estava bem.
Conversei com ele um pouco mais naquela noite, ele falou sobre o seu filho, mas tudo superficialmente. Daquele dia em diante passei a procurá-lo para saber como eles estavam.
O meu lado humano para algumas situações as quais julgo sensatas acorda e me envolvo, tento me doar um pouco mais. Na verdade, demorei a entender que nem todos mereciam esse meu lado, e isso não foi só na minha vida quanto as relações não, mas de todos que me cercavam, mas se o caso me parece digno de cuidados, ajudo!
E foi o qua aconteceu com P. Ele era lindo nas fotos e trabalhava em um estatal.
Sei que em uma sexta-feira, estava voltando do teatro e perguntei se ele queria sair para um chá, ele aceitou.
Lembro que saí do metro e fui direto para o prédio dele, que era próximo à estação, inclusive também é meu vizinho.
Ele desceu, com um jeans surrado, uma malha com mangas compridas e uma bota.
Ele tinha uma altura que me conectou.
Fomos para um café. Amo aquele espaço, fica próximo à estação Uruguai e parece ter fechado durante a pandemia, não estou certa.
Allegra era o nome, tinha um lustre lindo e era todo de madeira rústica.
Os portas-guardanapos eram de ferro antigo em forma de cestinhas.
Tudo lá chamava a atenção, era aconchegante e os sanduíches eram maravilhosos.
Lá observei um homem bonito, mas era preciso um olhar mais minucioso para olhar de verdade, para conhecer aquele cara que estava na minha frente.
Um olhar triste, um olhar pesado que parecia querer falar, mas não tinha muita força. O estimulei a se abrir, foi quando ele começou a contar que o filho caçula estava atravessando vários problemas, inclusive na escola.
E logo questionei se ele sabia o motivo, ele respondeu que sim e de imediato começou a me contar.
O menino tinha visto a mãe falecer. Ela tinha câncer, faleceu em casa, teve um mal súbito.
Aquilo bateu em mim com muita força, fiquei totalmente sem palavras por um tempo, até que percebi que eu cheguei até ali com ele e não podia ficar calada. Perguntei se ele já procurara ajuda psicológica e comecei a falar da importância dele para o filho. Também apontei a inteligência dele, disse também que só ele poderia ajudar o filho naquele momento!
Pode até ter parecido uma cobrança, mas nada vinha a minha cabeça naquela hora.
Tomei três chás de morango silvestre e ele de maracujá.
Ele me levou em casa de braços dados e nos despedimos.
Às vezes o universo cobra de nós...
Nem tudo é um motel, um vinho e uma boa trepada!
O aplicativo Tinder me fascina exatamente por isso, quando você se mostra um pouco mais humana, você conclui como as pessoas estão carentes e também carregam problemas.
E isso não saí em fotos na Torre Eiffel...