Ele estava lá, cabelos negros e olhos verdes e na foto não mostrava a coluna curvada aos cinquenta e três anos.
Não tinha um português dinâmico, mas dava para conversar.
Combinamos de beber um vinho, ele era um empresário aqui no Rio de janeiro, tato os negócios quanto a casa dele não eram longe de onde eu morava. Combinamos na casa dele, era um penthouse bem bacana.
Naquela manhã de sábado, saí com uma amiga para caminhar, depois almoçamos uma feijoada deliciosa. Depois conversamos sobre o que faríamos naquela noite. Quando disse que eu ia sair com um hermano, ela começou a contar os casos. Disse ela que foi a Argentina e conheceu um homem lindo, na loja de Cuero, couro. A brasileña chamou a atenção dos hermanos. Na loja o argentino a olhou e pronto, trocaram contatos e se encontraram depois. Engraçado foi ela narrando a "lingerie" que ela ganhou, tudo de cuero!
Fui para o encontro, levei uns ingredientes para a salada. Ao chegar lá, ele me aguardava na portaria.
Não era feio, mas por ser branco demais, as veias das pernas ficavam em evidência. Achei feio. Mas isso não faz ninguém melhor ou pior que outro. Afinal também tenho minhas marcas, as cicatrizes da vida que carregamos.
Fui bem recebida, comecei a fazer a salada. Ele era mais devagar. Muito mais. Fomos para a penthouse, a famosa cobertura. Apreciamos um vinho argentino, um bom Malbec. Descia bem. Ele falhou na falta da música e também em alguns comportamentos mais fracos.
Porra, um cara trocar de assunto a quase todo momento que você fala determinados assuntos não tão positivos? Cara que fraqueza!
Além de falar que o abacaxi na salada ficou ótimo, mas com azeite ficou ruim!
Estávamos na segunda garrafa, quando começou a cair muita água, era tanta chuva que pensei em construir a arca de Noé, descemos para a sala e resolvi ouvir Chico Buarque. Falamos sobre arte. Ouvi alguns tangos, não eram de Gardel, mas do Piazzola. Ele me contou que o argentino adora teatro e que existem muitos no país. Em Buenos Aires são trezentos oficialmente, mas há muito mais. E a qualquer momento, em qualquer pátio ou sala, surge outro. Esta é uma cidade de teatros, de livrarias, de gente esquisita e notívaga que discute filosofia.
Ele falou sobre Evita e o marido. Ele é um peronista! Não soube me explicar bem, apenas disse que não é marxista e nem comunista, mas peronista. Ele bastava dizer ser um movimento justicialista.
Falamos de Maradona e Messi, lógico!
Depois de escutarmos músicas fomos para o quarto, foi tudo rápido. Ele disse estar perturbado, que iria rezar!
Sei lá, uma vez conversando com a mesma amiga desse capítulo, questionei a ela, o que mais a incomodava em relação aos homens? Lembro que ela respondeu que a comodidade, confesso que ela tinha razão. E ainda ponho nessa conta um pouco de frescura.
Lógico que o sexo foi uma merda...
O argentino queria rezar e não trepar!
#amoPorUnaCabeza