Capítulo 67

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Acerola 💀

Caralho nunca pensei que estaria tão feliz assim. Porra tava tudo dando certo com a Vanessa, tava sendo um bom pai pro Vinícius.

Pô tô amarradão na morena, tava pensando até em casar. Na moral, papo de louco esse bagulho.

É nunca pensei que fosse tão bom sentir esse negócio por alguém, sem neurose. Amo essa mulher e esse moleque mermo.

E o bom é que tava tudo mec, na boa, na paz.

O que é estranho pá carai, mas tava só curtindo o bagulho.

Vinícius: Pai, vem brincar comigo.

A gente tava na pracinha do morro, Vanessa tinha saído pra comprar alguma coisa pra comer com a irmã dela, Vitória.

Acerola: Bora, joga a bola ai. - ele jogou pra mim, e comecei a brincar com ele e com os outros moleques que tavam perto.

Vanessa: Toma cuidado Vinícius. - gritou.

Vinícius: Tá bom mãe. - revirei os olhos.

Acerola: Deixa o moleque, pô. - sentei ao lado dela.

Vanessa: Se você cair não venha para perto de mim chorando. - gritou de novo. A cria fez um legal com a mão e eu ri.

Acerola: Mimado demais. - neguei com a cabeça.

Vanessa: Cuidar do meu filho agora é tá mimando? Quem é que sempre faz as vontades dele mesmo? Ah lembrei, você. - sorriu falso.

Acerola: Não começa. Já fiquei muito tempo longe dele por tua causa.

Vanessa: Puta que pariu, Vitor. Tem sempre que falar nisso? Porra, já foi.

Acerola: Tem, e vou falar até eu me cansar.

Vanessa: Então quando isso acontecer, me procura. Porque eu já tô cheia desse assunto! - bufou se levantando.

Acerola: Coé morena. - puxei ela pelo braço.

Vanessa: Me solta, Vitor.

Acerola: Foi mal, caralho. Também não precisa disso tudo. - virei o rosto dela pra mim, e beijei.

Vanessa: Você é um idiota. - ri. - Pensei que já tinha desencanado dessa história. Qual é, já não estamos aqui juntos? - concordei. - Então cara.

Acerola: Mas tu tá no erro de ter escondido o pivete de mim.

Vanessa: E em algum momento eu disse que estava certa? - suspirou. - Sei que errei, já admiti isso. Mas você não precisa tá jogando isso na minha cara toda hora. Já estou cansada.

Acerola: Tá, foi mal.

Vanessa: Foi péssimo. - fez bico. - Só tinha medo de você me chutar daqui. - ri.

Acerola: Coé, ia fazer isso com tu não.

Vanessa: Sei. - me deu um tapa.

Acerola: Qual foi, maluca? Se fuder rapa. - riu.

Vanessa: Te amo.

Acerola: Te amo também, pô. - dei um beijo nela.

Olhei para o lado e percebi uma movimentação estranha e já fiquei ligado, até que vi umas pessoas correndo de um lado para outro.

Vi a irmã da Vanessa vir na nossa direção com uma cara assustada. Tinha umas mães pegando os filhos também e foi ai que começou os barulhos de tiro.

Vitória: Aí meu Deus.

Acerola: Pega a cria e leva tua irmã pra longe daqui.

Vanessa: Vem com a gente, Vitor.

Acerola: Pega o Vinícius, caralho. - gritei.

Vanessa correu em direção ao Vinícius e pegou ele, puxei os três para dentro de um barraco qualquer.

Vinícius: Mamãe. - disse com voz de choro.

Vanessa: Calma meu amor, vai ficar tudo bem. - abraçou ele.

Peguei o raidinho falando com o Touro.

Touro: Coé?

Acerola: Invasão pô, é os cara da Rocinha. E eles tão vindo com tudo, até bomba cuzão.

Touro: Puta merda. O que esses cara querem?

Acerola: Sei lá, porra.

Touro: Se arruma, nós vai pra trocação.

Desliguei o raidinho, ouvindo o barulho dos fogos, os tiros tinham aumentado e os barulhos das bombas também. Eu tava tentando achar uma saída pra ir me armar.

Vinícius: Papai, fica aqui.

Acerola: Vem cá pivete. - ele veio na minha direção. - O pai não pode ficar, tem que ir.

Vinícius: Não quero te perder. - me abraçou.

Acerola: Coé, isso nunca.

Vinícius: Promete?

Acerola: Prometo. - beijei o topo da cabeça dele. - Cuida dele. - falei pra Vanessa.

Vanessa: Vitor, por favor.

Acerola: Se cuida e cuida da tua irmã também.

Vanessa: Não vai.

Acerola: Sabe que é o meu trabalho, é minha obrigação. - negou com a cabeça. - Vou voltar, fica mec. Tranca tudo, e fica abaixada. Só abre essa porra se for eu.

Vanessa: Tá bom. - se aproximou de mim. - Se cuida. - me beijou.

Acerola: Fé! - dei um beijo no menor, outro nela e fiz um legal pra Vitória.

Sai do barraco subindo nas lages. Tinha um barraco meu onde guardava tudo. Armas, coletes, munição, e os caralho a quatro. Não queria ter isso em casa por causa do Vinícius, mas mesmo assim ainda tenho umas armas lá na minha goma.

Segui o caminho no sapatinho, entrei no barraco e me equipei. Coloquei um colete, peguei duas fuzil e muita munição.

Sai direto pra trocação, entrei em um beco e dei de cara com o Touro e o Baiano.

Baiano: Porra tava suavão na minha goma, esses caras da Rocinha são mó filho da puta. - disse bolado.

Acerola: Pá carai.

Touro: Vamo ter que se separar, vai ser melhor.

Baiano: Tu tem certeza? Os caras tão com um armamento pesado.

Touro: Tenho. - respirei fundo. Isso vai dar merda. - Viram o PH? - perguntou para os outros vapores que se aproximaram de nós.

MK: Vi não, chefe.

Touro: Bora, quero Baiano e Acerola comigo. Vocês fiquem juntos e se protejam! - disse.

Saímos em direção ao beco da rua 18, e os outros foram para o outro lado. Nós já demos de cara logo com uns caras que tavam bem armados.

A trocação foi insana véi, na moral, coisa de doido.

Senti uma ardência no meu braço, caralho como dói. Ainda bem que foi só de raspão.

Entrei em um beco onde não tinha ninguém, só um corpo estirado no chão, quando cheguei mais perto e vi quem era, arregalei meus olhos pegando o raidinho.

Acerola: Touro, corre aqui.

Touro: Onde tu tá?

Acerola: No beco 16.

Touro: Qual caô?

Acerola: O PH, caralho.

...

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Ela é a PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora