Capítulo 68

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Touro 🔥

Na hora que ouvi o Acerola falar o nome do Pedro, fiquei maluco. Na hora não consegui mais pensar em nada apenas corri para onde eles tavam.

Assim que entrei no beco, encarei ele no chão com um aperto no peito, tinha sangue pra todo lado e eu não tava nem conseguindo me mexer.

Tudo passou como um filme pela minha cabeça, nós dois pivete brincando na rua, aprontando várias na escola, as brigas, quando entramos pro tráfico. Tudo.

Não sabia como reagir diante daquela situação. Porra, é meu irmão e cunhado. O cara que sempre teve ao meu lado em tudo.

Me ajoelhei no chão ao lado dele e respirei fundo assim que verifiquei o pulso tava batendo, mas muito fraco.

Touro: Viu quem fez isso?

Acerola: Não. Cheguei aqui ele já tava assim.

Baiano: Caralho mermão. - disse olhando para o PH.

Touro: Bora, me ajudem. Vamos descer com ele pro postinho.

Baiano: Tá maluco, Touro? Ainda tem cara da Rocinha por aqui.

Touro: Quero que se fodam, bora.

Baiano: Você que manda. - deu de ombros.

Eles me ajudaram a descer com o Pedro, e a todo momento só pensava na Jhenifer, nas crianças, na Fernanda, no meu afilhado e na minha mãe. Tomara que esteja tudo bem.

'Cê é louco? Por isso que não queria ter filhos, essa preocupação um dia vai me matar. Mas pense num bagulho bom.

Marcos, Miguel, e Mirele.

Os três são tudo na minha vida, a mãe deles, então. Aquela mulher é incrível, linda e gostosa pá carai. Ver eles felizes pra mim não tem preço, e trabalho todo dia pra isso. Mó foda.

Minha família se tornou a coisa mais importante da minha vida, por isso que, de vez enquanto, não tô indo mais nas missões e nas invasões mal apareço. Essa tive que vir porque os caras tavam com armamento pesados.

Ficava com o coração na mão toda vez que olhava pro meu irmão. Dói ver uma pessoa que você cresceu junto, assim. Infelizmente é a consequência dessa vida que escolhemos viver.

Touro: Corre, porra.- gritei para uma enfermeira, assim que chegamos em frente ao postinho.

Enfermeira: Doutor, preciso de ajuda. Ele tá perdendo muito sangue. - disse.

Passei a mão na cabeça ficando mais preocupado do que já tava.

Touro: Façam o possível, e o impossível mas salvem ele. - olhei pro médico. - Se precisar de alguma coisa, me diga.

Médico: Tudo bem! - saíram levando ele pra algum lugar.

Nem sou muito de rezar, mas comecei a fazer isso. Tava nervoso pra carai, e nem sabia como ia contar isso pras meninas.

...

Touro: Como ele tá? - perguntei a Fernanda, assim que entrei no quarto onde ele estava.

Já fazia uma semana desde que tudo aconteceu. Ele já tinha acordado, e pá. Mas um dos tiros pegou no joelho e acabou atingindo um lugar que não era pra ter pegado e agora ele tá sem o movimento da perna esquerda, mas é só na cintura pra baixo.

Ainda bem que foi só isso, imagina se tivesse acontecido outra coisa? Não ia me perdoar nunca por não ter protegido meu irmão.

Nanda: Bem. Está descansando. - se sentou no sofá que tinha ali.

Touro: Tu também precisa. - negou com a cabeça. - Coé, Fernanda. - me sentei ao lado dela. - Vai pô, eu fico aqui.

Nanda: Não sei, Jonathan.

Touro: Tu tá aqui desde de ontem, vai dormir, cuidar do teu filho. Daqui a pouco a Jhenifer brota aí também.

Nanda: Tudo bem. - suspirou. - Mas qualquer coisa me liga.

Touro: Tchau. - riu.

Se levantou, deu um beijo no Pedro, acenou pra mim e saiu.

Me levantei também, encarando meu irmão. Carai, o cara tava acabado. Coitado.

Touro: Que susto. - disse quando ele abriu os olhos.

PH: Coé, mano. Tô tão feio assim? - assenti.

Touro: Mais do que 'cê pensa.

PH: Tu acha que tava como quando tava no meu lugar? Lembro até hoje, tu parecendo um zumbi.

Touro: Tu não tá muito diferente. - riu. - Que bom que tu tá bem.

PH: Preferia não estar aqui.

Touro: Melhor aqui do que num caixão.

PH: Pode pá. - concordou. - Cadê minha mulher?

Touro: Acabou de sair. Ela tava aqui desde ontem.

PH: Sorte minha. - balancei a cabeça. - Solta o verbo.

Touro: Que?

PH: Coé, te conheço. Sei que tu quer falar alguma coisa.

Tinha um bagulho sim eu queria dizer a ele, mas não sabia como.

Não tenho coragem de falar pro meu sub que não quero ele mais nas invasões, muito menos nas missões. E nem é pela perna dele, que com fisioterapia resolve. É porque não quero perder ninguém que me importo.

Touro: Não é nada. Quando tu sair eu passo a visão pá tu.

PH: É coisa ruim? Se for, nem fale.

Touro: Depende. - levantou uma sombrancelha. - Só não se preocupa.

PH: Tá. - deu de ombros.

Depois de um tempo a Jhenifer chegou e ficamos ali conversando sobre coisas que não tinham nada haver com nada, era mais pra distrair o PH.

Tava aliviado por ele tá bem, e ter só ficado com uma sequela que pode ser revertida. Mas tava agoniado só de pensar que ele pode não aceitar numa boa ser removido das missões.

Pedro gosta de ir pra se distrair, e até se divertir. Ia ser difícil, mas já tava decidido. Não quero mais a vida dele em jogo.

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Ela é a PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora